Agrotóxico também usado de forma indiscriminada no Ceará, alerta Anvisa

A segunda constatação é crescimento da mortalidade por câncer no Vale do Jaguaribe

Agrotóxico também usado de forma indiscriminada no Ceará, alerta Anvisa | Diário do Nordeste
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O cearense n?o sabe o risco que corre na ingest?o de alimentos tratados ? base de agrot?xicos. Que muitos alimentos naturais cont?m venenos e s?o vendidos normalmente para consumo, o relat?rio da Ag?ncia Nacional de Vigil?ncia Sanit?ria (Anvisa) revelou na semana passada, identificando excesso de agrot?xico em algumas frutas e verduras. Mas outras revela?es t?m passado despercebidas da maioria da popula??o. A primeira ? que apenas dois estados da regi?o Nordeste enviaram produtos para an?lise laboratorial (somente um tem laborat?rio pr?prio) e o Cear?, um dos maiores produtores agr?colas do Nordeste Setentrional, n?o faz parte da lista divulgada pela Anvisa.

A segunda constata??o ? que a mortalidade por c?ncer no Vale do Jaguaribe est? bem acima da m?dia mundial. Justamente na regi?o em que mais cresce o agroneg?cio exportador cearense, pequenos e grandes produtores utilizam os venenos indiscriminadamente.

A reportagem constatou que qualquer pessoa pode comprar produtos agrot?xicos em alguns estabelecimentos de Limoeiro do Norte e Quixer?. De acordo com a Anvisa, o com?rcio do produto deve ser validado por notas fiscais e o descarte das embalagens deve ser monitorado. No entanto, consumidores e vendedores fazem vista grossa para a determina??o. Pequenos com?rcios vendem o veneno como produtos comuns expostos em prateleiras.

N?o existem provas da rela??o direta do aumento dos casos de c?ncer na regi?o jaguaribana com o consumo de agrot?xicos. O fato de a quase totalidade da produ??o agr?cola da Chapada do Apodi ser destinada para exporta??o refutaria a rela??o n?o fosse o flagrante da venda, nas ruas das cidades produtoras, de frutas que seriam exportadas e, por motivos dentre os quais o excesso de veneno, sa?ram das caixas de exporta??o. Em vez de eliminar os produtos irregulares, grandes empresas agr?colas alimentam o com?rcio informal local fornecendo, a baix?ssimo custo, o produto a feirantes.

Outro problema constatado ocorre com a m?o-de-obra nos per?metros irrigados. Trabalhadores que lidam com agrot?xicos reclamam de tonturas e desmaios cada vez mais freq?entes. A maioria usa Equipamentos de Prote??o Individual (EPIs), outros confessam que n?o gostam de usar, mesmo a empresa obrigando. Trabalhadores denunciam que grandes empresas agr?colas, que oferecem at? atendimento m?dico no local, estariam, com esses profissionais, maquiando laudos para desviar a aten??o sobre as reais causas das doen?as dos trabalhadores.

Casos

O agricultor Jos? Valderi Rodrigues, de Limoeiro do Norte, briga na justi?a para conseguir aposentadoria por invalidez, ap?s perder parte da perna direita por uma infec??o que, segundo os m?dicos que amputaram o membro, teria sido causada por uma subst?ncia contida nos agrot?xicos que ele jogava na planta??o. A empresa, que nega qualquer responsabilidade no caso, n?o teria fornecido Equipamento de Prote??o Individual. O caso j? faz tr?s anos.

Outro exemplo ? o que acontece, h? oito meses, com outro agricultor, Edson Adriano de Carvalho. Ele foi demitido ?por justa causa? da empresa Delmonte, em Limoeiro, supostamente por abandono da jornada. Mas a justi?a deu-lhe ganho de causa indenizat?ria, pois comprovou a aus?ncia ao trabalho por conta de interna??o hospitalar, inclusive com atestado m?dico. O profissional de sa?de que o tratou alertou que a doen?a estaria se agravando no trabalho. A reportagem tentou falar com a Assessoria Jur?dica da empresa, por telefone, mas n?o conseguiu at? o fechamento desta edi??o.



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