Alunas aproveitam férias para voltar às aulas com silicone

Procura por plástica aumenta em julho, diz Sociedade Brasileira de Cirurgia.

A modelo e apresentadora Gil Jung, de 25 anos, colocou 450ml em cada seio em julho de 2009 | G1
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Nesta volta às aulas, algumas adolescentes aparecerão diferentes em sala e deverão chamar a atenção dos garotos. Em nome da beleza, muitas meninas têm trocado viagens durante as férias escolares por consultas com cirurgiões para colocar silicone nos seios.

Parte das garotas, de 12 a 18 anos, não vê a hora de estrear o implante e dividir a novidade com os colegas de classe.

?Foi presente antecipado de aniversário melhor que qualquer viagem. Chego à maioridade em agosto, mas não aguentei esperar. Ganhei os implantes do meu pai, mas ajudei a pagar com o dinheiro que guardei da mesada, viu?! Sempre admirei e achei lindo seios grandes e considerava os meus muito pequenos. Quis peitos bonitos como os da minha mãe, que já têm silicone. Mas meu sutiã não passava do tamanho 36 e eu usava com bojo para parecer que eles eram maiores?, diz a estudante Raysa Martins de Jesus, que aos 17 anos colocou 300 ml de silicone no último dia 12.

Apesar de a operação ter sido recente, Raysa diz estar recuperada e ansiosa para retornar à escola, nesta semana, em Americana, no interior de São Paulo. ?Agora eu tenho ?peito??, brinca a garota, em entrevista ao G1.

?Desde os 14 anos minha filha falava que os seios dela eram pequenos e me pedia para pôr silicone, mas eu dizia que não, que ela ainda era muito nova. Depois que eu coloquei as próteses em mim neste ano, minha filha insistiu mais. A levei ao médico e como ele disse que o peito dela não cresceria mais, decidimos fazer a plástica nela?, diz a mãe de Raysa, a empresária Lucimara Martins Camilo, de 36 anos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), julho concentra, tradicionalmente, o maior número de intervenções cirúrgicas durante o ano, com um aumento de 50% nas operações plásticas em relação aos outros meses. Dois são os motivos: férias escolares e inverno.

?Julho é um período de férias escolares, as pessoas conseguem programar a cirurgia e se recuperar com mais calma. E também tem o inverno que aumenta procura por cirurgia plástica. A opção de operar no frio se deve ao maior conforto pós-operatório. Há menor exposição aos raios solares, o que contribui para uma melhor cicatrização e menor inchaço. Outra vantagem é que o resultado final aparece dentro de seis meses, o que significa aproveitar o verão tranquilamente?, explica o presidente da SBCP, Sebastião Guerra, que trabalha como cirurgião plástico em Belo Horizonte.

Apesar de os dados sobre cirurgias deste semestre ainda não terem sido computados pela entidade, a estimativa da sociedade é que as adolescentes irão responder por 10% do total de plásticas neste ano. Além das estudantes, as mães delas também aproveitam as folgas das filhas e a baixa temperatura para fazer a plástica.

?Nessa época de frio não tem sol e praia. Há um aumento considerável mesmo na procura?, confirma a cirurgiã plástica Ana Helena Patrus, sócioprorietária da Clínica Santé, em São Paulo.

?Me chamavam de reta?

Para resgatar a autoestima, as pacientes suportam os pontos, a cicatriz, o inchaço, o incômodo de não poder erguer os braços por determinado tempo e a dor da operação. ?Doeu um pouquinho sim, mas valeu a pena. O resultado foi ótimo. Só quando eu coloquei as próteses passei a me sentir mulherão?, argumenta a modelo gaúcha Bruna Molz, de 21 anos, uma das princesas da Oktoberfest de Santa Cruz do Sul (RS) deste ano.

Bruna colocou 300 ml, no inverno de 2007, quando tinha 17 anos. O presente de aniversário dos pais fez com que o sutiã dela saltasse do número 36 para o 42. A loira de 1,75m afirma que só fez a cirurgia porque era traumatizada pela ausência de seios volumosos. ?Fui vítima de bullying na escola. Sempre tive bunda grande, mas não tinha peito. Me chamavam de ?bundita? e de ?reta?. Sofri mais nos concursos, quando vi as outras meninas com peito. Eu era um gurizinho. Teve uma vez que cheguei a chorar. Agora tudo ficou proporcional e estou mais feliz.?

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, enquanto o número de adolescentes que recorrem à plástica tem aumentado nos últimos anos, a idade delas também vem diminuído. Quinze anos de idade é a média para a colocação de silicone, por exemplo.

Levantamento inédito encomendado pela entidade em 2009 mostrou que dos 629 mil procedimentos cirúrgicos estéticos feitos entre setembro de 2007 e agosto de 2008, 37.740 foram feitos em adolescentes. Para chegar a esse número, que corresponde a 8% do total de intervenções no país naquele período, foram ouvidos 3.533 cirurgiões associados.

?Eu mesmo já coloquei silicone numa menina norueguesa de 13 anos, mas com cara de 18. Mas ela estava com quase 1,70 m, já havia menstruado. Esse caso é raro, mas nos últimos três anos, pus próteses em oito garotas com menos de 15 anos?, diz o presidente da SBCP, Sebastião Guerra.

O médico Hermes Masayuki, de Santo André, no ABC, responsável pelos implantes em Lucimara e Raysa, afirma que a colocação da prótese depende de cada paciente.

?Vejo se existe um trauma psicológico muito grande, se a cirurgia é para fins estéticos ou correção de assimetria mamária, se o interesse de aumentar os seios é algo pessoal ou se está influenciada por amigas. Devemos saber também quando veio a primeira menstruação, idade atual, se faz uso de contraceptivo hormonal, se nos últimos 12 meses sentiu aumento das mamas, e se o peso, altura e o manequim estão estacionados?, elenca Masayuki.

Somente após essas avaliações e o exame físico é que o médico sugere o volume da prótese a ser colocado.



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