Amadeu Campos abre o coração sobre acidente: “Não tinha vontade de viver”

Ícone da comunicação, Amadeu Campos concede entrevista sensível e reveladora ao jornalista Ieldyson Vasconcelos no Ielcast

Amadeu Campos abre o coração sobre acidente: "Não tinha vontade de viver" | Reprodução
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Revolucionando a comunicação piauiense, o ielcast desta quinta-feira, 11 de novembro, trouxe uma entrevista sensível e reveladora com um ícone do jornalismo nacional: o apresentador Amadeu Campos, titular do 'Agora', da Rede Meio Norte. 

Com uma carreira construída pelos pilares éticos e do profissionalismo, o comunicador abriu o coração e pela primeira vez, esmiuçou o acidente que o vitimou em 2011, detalhando os momentos difíceis que vivenciou ao descobrir que ficaria paraplégico, e ao descrever o processo de adaptação e superação, tornando-o atualmente, um símbolo da inclusão. 

Amadeu Campos abre o coração em entrevista ao Ielcast (Foto: Reprodução)

Aos 56 anos, Amadeu Campos carrega consigo passagens pelas principais emissoras de tv do Piauí, balizando sua história no jornalismo por meio da confiança e credibilidade. Ao podcast ancorado por Ieldyson Vasconcelos, Campos pontua também passagens marcantes da sua história, abrindo o 'baú' de memórias, como a morte do pai, o início da carreira e a relação de amor e cumplicidade com a família. 

O apresentador da Rede Meio Norte descreveu sucintamente os momentos que antecederam o acidente. "A gente ia para um show da Desejo de Menina, a banda que eu gosto, ia ser em Teresina, no sábado, chegamos no Toinho da Banana, estávamos bebendo, ele também (Arinaldo, motorista), mas achamos que a apresentação ainda ia demorar, tivemos a ideia de ir para José de Freitas, quando chegamos a José de Freitas, a banda tinha acabado de tocar, e decidimos voltar de novo para Teresina, aí é a última lembrança que tenho: peguei um copo de Campari, sentei, estava no banco de trás, ele e outra pessoa, a partir dali só voltei a mim já é acordando da cirurgia", sinalizou.  

Campos pontuou que não era a 'primeira vez' que flertava com o risco ao aliar a bebida com a direção. "Eu estava bebendo e não era a primeira vez que isso acontecia, era um sentimento de super-homem, a gente acha que comigo não vem, e vem".  O jornalista fez um alerta para que as pessoas não dirijam após terem ingerido bebida alcoólica; Campos atribui a atitude à uma 'Síndrome de Super Homem', mas indica que algum dia vai dar errado. 

"Não vá pensar que você vai tomar uma cerveja e dirigir, vai ter um dia que vai dar m*rd*, quantas vemos por aí, pessoas que morrem, ficam inválidas, eu passei por isso, então não faça", afirmou. 

Amadeu Campos relata que teve depressão após o acidente que o deixou paraplégico (Foto: Reprodução)

Sensação pós acidente: "Mudou, foi punk, foi duro". 

O acidente aconteceu na madrugada de sábado, porém, somente na terça-feira, Amadeu retomou a consciência. No quarto do hospital e após passar por três cirurgias, sua sobrevivência foi tida como 'um milagre'. Na entrevista a Ieldyson Vasconcelos, o jornalista contou que fraturou todas as costelas do lado direito e teve os dois pulmões perfurados, o impacto foi tão forte, que ele foi 'sacado' do veículo por uma janela minúscula. Amadeu era o único sem cinto. 

"Até terça-feira de manhã quando eu acordei da cirurgia, demorou porque eu não tinha condições de ser operado. Quando eu cheguei no hospital até o momento que eu acordei, segundo os médicos, eu registrei, falava com as pessoas, pedia água, disseram que eu falava no local de acidente, mas lembro zero, só lembro quando 'tornei' na terça de manhã, realmente eu passei pertinho do outro mundo, e mamãe disse para o médico, 'faça um milagre no meu feito', e o médico disse 'o milagre está feito, ele sobreviveu', para você ver o impacto da porrada, eu fraturei todas as minhas costelas desse lado direito, tive um afundamento do ombro, tive a lesão na medula, que também tem uma prótese de titânio e tive perfuração de pulmão dos dois lados, fiz três cirurgias: primeiro na coluna, depois nos pulmões, e em seguida, no ombro, e andei perto". 

No início da recuperação, o jornalista narra que não foi informado da sua real situação, apenas após uma conversa sincera com a sua mãe teve noção dos desafios que enfrentaria, mas através da fé e do apoio da família, amigos, admiradores, conseguiu vencer os obstáculos e retomar a profissão que tanto ama. 

"É muito ruim, eu estava bem dopado, que nessa hora enchem você de medicação, mas logo eu começava a pensar assim: olhava querendo me levantar, um reflexo, até esse momento eu não estava consciente do dano, o dano permanente que é da paraplegia, aí os dias passando, aí depois fiz outras duas cirurgias, foi depois da do ombro que comecei a questionei, e começaram a dizer que eu estava com um problema circunstancial sem poder movimentar as pernas, mas ia passar, creio que seja um protocolo dos médicos, e isso sempre me alimentou que eu ia voltar, até que foi minha mãe que falou, 'olha, filho, o que você tem aí não caminha não', aí você processar isso, não é bom imaginar, mas não sei, ela dizia para nos apegarmos a Deus, que depois o tempo vai passar e vai conseguir esse milagre". 

Nos primeiros meses, Campos conta que tentava mexer as pernas, mas posteriormente, veio a fase da resignação. Porém, esse processo não foi simples, o jornalista revela que chegou a pensar no suicídio, passou por uma depressão, 'não tinha vontade de viver mais'. No entanto, apesar das dificuldades, Amadeu se mostra esperançoso e hoje, norteia sua vida na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, na amplificação da acessibilidade em todos os ambientes. 

Amadeu Campos conta que nos primeiros meses tentava movimentar as pernas (Foto: Reprodução)

"Durante os primeiros meses eu acordava, a primeira coisa que eu fazia era tentar mexer as pernas, dava o comando das pernas, e até a resignação, tive depressão forte, tive vontade de não viver mais. Depois tive o apoio da família, amigos, e as duas coisas que me moviam muito: um era que dentro da crença que eu tenho, que Deus ia iluminar um médico, um cientista, para desenvolver uma técnica que desse a possibilidade dos paraplégicos andarem, e vai acontecer, posso não estar vivo, mas vai acontecer. E a outra coisa, família, amigos, gente que nunca vi na vida e que mandavam mensagens, você saber que tem muita gente que se importa com você, isso dá uma força, dá um ânimo e eu tinha vontade de voltar a trabalhar. Hoje eu tenho certeza que estou de pé é porque eu tive essa oportunidade de voltar a trabalhar". 

A entrevista completa com o jornalista Amadeu Campos já está disponível no canal do Ielcast no YouTube, e nas principais plataformas de áudio. O conteúdo também pode ser acessado através do canal Meio Norte +. 

francyteixeira@meionorte.com



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