Ano novo de luto: é preciso trabalhar o sentimento

2022 é o ano da esperança por dias melhores com a superação da pandemia da Covid-19

Psicóloga clínica Denisdéia Sotero | Divulgação
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O luto nunca foi tão frequente. E a Covid-19 foi a grande responsável por isso, deixando uma marca devastadora na humanidade. Foram 619 mil mortes em todo o Brasil, onde mais de 7,2 mil destas foram no Piauí. No mundo 5,2 milhões de pessoas perderam a vida para o vírus respiratório. Por outro lado, 2022 vem recheado de esperanças, apesar das cicatrizes.

A verdade é que os últimos dois anos trouxeram momentos de perda inesperados. Mães perderam filhos, que perderam irmãos, esposas, primos. Com a vacinação contra a Covid-19 avançada e a redução das mortes, o desejo de todos para o réveillon é prosperidade, saúde e dias melhores.

O sentimento de "bola para frente" deve permanecer. No entanto, é preciso criar mecanismos para lidar com o luto, sentimento intimamente relacionado à extrema tristeza, angústia e saudade. O luto precisa ser algo momentâneo para não se transformar em uma crise.

Psicóloga Denisdéia Sotero 

Luto não deve ser ignorado

Para a psicóloga clínica Denisdéia Sotero, o luto é um sentimento que não deve ser ignorado. "A morte é algo natural, mas ninguém é de pedra. Chorar e desabafar fazem parte do processo. No entanto, o próprio enlutado deve lembrar que aquilo não é o fim de tudo. É o fim de um ciclo. A saudade é a maior dor. Mas é um momento de fortalecimento e de concretizar boas lembranças como arma de defesa para a tristeza", explica. 

A psicóloga reforça que as pessoas não devem se deixar tomar pela tristeza. "Muita gente acha que porque morreu o pai, a mãe, o marido, é necessário se fechar em um globo de tristeza e mostrar para todo mundo que está sentido. É preciso lidar com a dor da melhor maneira. E se sair no final de semana ou fazer uma viagem for o melhor para você, faça sem julgamentos"” acrescenta.

Denisdéia afirma que é preciso criar estratégias mentais para lidar com a saudade do parente que faleceu. "O melhor mesmo é trabalhar as lembranças e acessá-las na memória quando sentir saudade, mas de uma forma positiva. Momentos de boas risadas, por exemplo", aponta.

Comportamento do enlutado varia de acordo com cada individualidade

É preciso encarar o luto

A forma como a morte chega muda a forma de encará-la. “Às vezes o luto vem de uma perda natural, em outras ocasiões pode ser resultado de uma perda traumática como: perda precoce, resultado de acidente, doença inesperada, sensação de culpa ou até mesmo a impossibilidade de se despedir como gostaria”, explica Patrícia Farias, psicóloga clínica e especialista em trauma.

O comportamento do enlutado varia de acordo com cada individualidade. “Algumas pessoas se calam, se fecham, se afastam, enquanto outras se tornam ativas, querem falar, chorar abertamente e estar acompanhadas. Trabalhar o luto é reconhecer a realidade da morte, se permitir sentir a dor da perda, encontrar sua própria identidade nesse evento doloroso e buscar em si e nos outros o apoio necessário”, acrescenta Patrícia.

Trabalhar os sentimentos provocados pela morte é necessário para seguir adiante. “Quando a dor ultrapassa os nossos limites devemos procurar apoio e ajuda para lidarmos com ela, para podermos sentir a dor da perda e restabelecermos nosso equilíbrio emocional e mental”, recomenda a psicóloga.

O que é o luto complicado?

O luto mal resolvido é chamado de luto complicado, um sentimento que não vai embora. “Isso ocorre quando a perda ou o trauma decorrente dela foi tão intenso que nos impede de voltar ao normal, impede que nossa resiliência atue, impede que voltemos ao nosso cotidiano” alerta Patrícia Farias.

Não há um tempo definido para a vivência do luto. “Alguns estudiosos sugerem de três meses a um ano a média de duração do luto, mas pode chegar a até dois anos. Caso a pessoa não consiga se restabelecer, é aconselhável buscar tratamento”, considera a psicóloga.

Algumas pessoas precisam chorar para “botar para fora a tristeza”, mas esse é um processo individual de cada um. “Faz parte do processo ressignificar a perda, cada um a seu modo. Muitas pessoas passam pelo choro e tristeza mas não deve ser encarado como uma regra para todos, afinal cada pessoa sofre a seu modo”, considera Patrícia.

A pandemia trouxe um novo contexto para a situação. “Precisamos refazer nossa forma de se despedir mas não podemos deixar de manifestar nosso sentimento nesse momento, precisamos nos refazer. Precisamos fazer o ritual de partida de um jeito diferente mas com nosso significado. Cada um com sua dor e a seu modo”, finaliza.



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