BMW perde liderança no segmento de carros de luxo no Brasil e ataca

O mercado premium cresce 16% e deve terminar ano com 56mil vendidos

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BMW perde liderança no segmento de carros de luxo no Brasil e ataca Audi

Com a sinceridade de quem está deixando o cargo, e também o país, o presidente da BMW no Brasil, Arturo Piñeiro, defendeu na última sexta-feira uma troca de governo, projetou o fim do ciclo de crescimento das marcas de automóveis de luxo no mercado local e, após perder a liderança nesse segmento, atacou a política comercial da Audi, a concorrente que mais cresceu nos últimos dois anos.

Disse ainda que a fábrica da BMW inaugurada há pouco mais de um ano no norte de Santa Catarina está produzindo menos do que se esperava - com o uso de um terço da capacidade instalada. Para aproveitar melhor a estrutura industrial, ele informou que um sexto modelo será fabricado no local, mas não especificou qual. Piñeiro disse que o grupo congelou o plano de expansão da rede de concessionárias e lamentou que montar automóveis no Brasil seja mais caro do que importá-los.

Em entrevista a um pequeno grupo de jornalistas, o executivo deu declarações duras a respeito da Audi, acusada por ele de praticar dumping - ou seja, vender carros importados por preços abaixo dos praticados no mercado de origem, o que é considerado uma prática de comércio desleal -, assim como rapel, que consiste no licenciamento de veículos em estoque nas concessionárias para melhorar resultados artificialmente.

Piñeiro evitou mencionar o nome da montadora rival. Mas deixou claro sobre a quem estava se referindo quando acenou positivamente com a cabeça ao ser questionado se a Audi adotou a estratégia com o sedã A3, seu modelo mais vendido, para ganhar participação de mercado. Na sequência, acrescentou que a BMW não entrou na guerra de preços e que, embora não esteja mais à frente em volume, segue líder entre as que mais faturam no segmento. "Nós lideramos nos segmentos onde mais se ganha dinheiro", afirmou Piñeiro, que entrega em fevereiro a chefia dos negócios da BMW no Brasil ao português Helder Boavida, hoje diretor da filial mexicana.

Em resposta, a Audi divulgou comunicado em que disse atender "estritamente" a legislação vigente. Ressaltou ainda que sua rede de concessionárias está entre as mais rentáveis. No texto, a Audi destacou também que foi a única do segmento premium entre as marcas mais desejadas numa pesquisa feita pela Fenabrave, entidade das revendas de automóveis, com concessionários de todo o país.

Depois de crescer 87% em 2014, a marca das quatro argolas continua ganhando espaço neste ano, com alta de 36% e mais de 15 mil carros emplacados entre janeiro e novembro. Isso lhe permite disputar a liderança do mercado nacional de luxo com outra montadora alemã, a Mercedes-Benz, que até o mês passado estava na dianteira, com 15,6 mil carros vendidos, num crescimento de 52%.

Assim como as duas concorrentes, a antes líder BMW tem seu melhor ano em vendas no Brasil, mas ficou atrás na corrida ao crescer menos: alta de 6,2% e 14,2 mil carros vendidos até novembro.

Para renovar recordes num país onde a demanda por automóveis cai mais de 24%, essas marcas lançaram produtos e chegaram a novos mercados com a inauguração de concessionárias, mas também contaram com incentivos fiscais previstos no regime automotivo, o Inovar-Auto, para serem agressivas em campanhas promocionais.

Como estavam construindo fábricas no Brasil, as três foram liberadas a importar carros sem a sobretaxa de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Entretanto, com a desvalorização cambial, encarecendo as importações de carros ou das peças usadas na produção nacional, os premium ficarão ainda mais inacessíveis: tanto a Audi quanto a BMW e a Mercedes subirão preços de 6% a 12% em janeiro.

Ao tentar explicar por que a BMW ficou para trás na disputa, Piñeiro disse que a alta do mercado de luxo foi, neste ano, puxada por um filão em que a marca não está presente: "carros do segmento de entrada que não têm, na verdade, preços de veículos premium".

Segundo ele, o mercado premium cresce 16% e deve terminar 2015 com 56 mil carros vendidos, cerca de 2% das vendas totais no Brasil. O executivo, contudo, jogou a toalha em relação a previsões que apontavam a um consumo de 100 mil unidades até 2018. Diante da recessão e do clima de incertezas na economia, levando consumidores, mesmo os mais abastados, a adiar compras, ele aposta que a demanda por esse tipo de carro vai variar entre a estabilidade e uma queda de 10% em 2016.

Ao abordar a crise política, tocando também no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Piñeiro afirmou que o país precisa de uma "mudança urgente", com ideias novas na política econômica. Em fevereiro, ele passará a viver em Nova York, onde será presidente da BMW of Manhattan, dona de quatro lojas da marca na metrópole americana.



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