Bolsonaro pede que isolamento acabe esta semana, mas Teich discorda

As regras que impuseram a quarentena para quem pode ficar em casa foram um dos motivos de divergência entre o presidente e o ex-titular da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

xxxx | Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
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Horas depois de o presidente Jair Bolsonaro voltar a pedir o fim do isolamento e dizer que espera que as restrições impostas por governadores e prefeitos acabem ainda nesta semana, os ministros da Saúde, Nelson Teich, e da Economia, Paulo Guedes, pregaram que o relaxamento das medidas de distanciamento social deverá ocorrer de forma “progressiva, estruturada e planejada” e “no devido tempo”. As informações são do Extra.

As regras que impuseram a quarentena para quem pode ficar em casa foram um dos motivos de divergência entre o presidente e o ex-titular da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deixou o cargo na quinta-feira passada (dia16) após semanas de desgaste por conta da condução do combate ao novo coronavírus.

— A gente está atuando em três braços que são fundamentais. Um: entender melhor a doença, fazer o diagnóstico, entender a evolução. A segunda coisa: preparar a infraestrutura para o tratamento para que, nesse tempo em que a gente está afastado, vai ser usado para melhorar, preparar para o cuidado. E o terceiro: com essa preparação, desenhar esse programa de saída progressiva, estruturada e planejada do distanciamento social — disse Teich em vídeo divulgado na noite desta segunda-feira (20) pela assessoria de comunicação da pasta.

Pela manhã, o presidente havia dito:

— Eu espero que essa seja a última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus, todo mundo em casa. A massa não aguenta ficar em casa, porque a geladeira está vazia — afirmou Bolsonaro, que colocou em dúvida a eficácia do isolamento: — Essas medidas em alguns estados foram excessivas. Não atingiram seu objetivo. Aproximadamente 70% da população vai ser infectada, não adianta querer correr disso, é uma verdade. Estão com medo da verdade?

Crédito: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Teich, que assumiu o cargo sexta-feira (dia 17), disse no vídeo divulgado pelo ministério que a previsão de compra de testes para o novo coronavírus subiu de 24 milhões para 46 milhões, mas não deu prazo para as entregas. A testagem em massa é uma das formas de relaxar a quarentena em lugares onde o nível de contágio já tenha atingido um patamar considerado seguro. O ministro explicou que testar em massa não quer dizer que todos os brasileiros vão fazer o exame:

— A Coreia do Sul, que é uma referência em testes, fez 10 mil testes por milhão de pessoas. Não estamos falando em testar o país inteiro. A gente vai usar o teste de uma forma em que as pessoas testadas vão refletir a população brasileira.

Teich anunciou também a compra de 3,3 mil respiradores, usados no tratamento de pacientes graves, dos quais 1.150 vão ser entregues em maio e o restante em até 90 dias. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, já foram assinados contratos para a aquisição de 14,1 mil aparelhos. Em 8 de abril, a pasta já havia prometido 14 mil respiradores em 90 dias.

Guedes: ‘sinais vitais’ preservados

Também nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que preservar o que chama de “sinais vitais” da economia não significa sair do isolamento social agora.

— A economia vem com mais força do que está se pensando porque ela já estava começando a se mover. E se nós preservamos os sinais vitais vamos sair. Preservar os sinais vitais da economia não significa sair do isolamento agora. Significa fazer a coisa programada, fazer direito, fazer no devido tempo — afirmou Guedes, em transmissão ao vivo de uma instituição financeira.

Para Guedes, é preciso cuidar da saúde e da economia:

— Esse é o ponto futuro (sair do isolamento). Está acontecendo na China, os governos lá fora estão começando a planejar a saída. Nós temos que pensar isso também. São duas dimensões. Tem que pensar as duas dimensões.

Guedes chamou de “advertência” as críticas do presidente Jair Bolsonaro às medidas de isolamento social. E sugeriu que setores podem funcionar com proteção adequada aos trabalhadores.



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