Caso raríssimo: cearense tem sangue U negativo e ajuda a salvar vidas

Gildásio Costa descobriu ter esse tipo de sangue e passou a integrar uma seleta lista de pessoas doadoras apenas para quem tem o mesmo tipo de sangue que ele

O sangue de Gildásio era classificado como O+ antes de os médicos descobriem que ele tem um tipo raríssimo de sangue | Imagem: Helene Santos/Ascom Governo do Ceará
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A rotina de doador de sangue normal, há quatro anos, fez o motorista cearense, Gildásio Costa, 41 anos, que reside em Fortaleza, mudar completamente. Ele descobriu ser portador de um tipo de sangue raríssimo classificado como U negativo.

Ele relata ao Uol que "fui convidado para participar de um evento que ia homenagear doadores, em 2017. Nesse dia, a médica me contou que eu tinha esse sangue raro. Fiquei surpreso na hora".

O sangue de Gildásio era classificado como O+ antes de os médicos descobriem que ele tem um tipo raríssimo de sangue- Imagem: Helene Santos/Ascom Governo do Ceará

A responsável por o procurar foi a médica que o procurou foi Denise Brunetta, diretora de hemoterapia do Hemoce (Hemocentro do Ceará). Ela explica que desde que Gildásio descobriu ter esse tipo de sangue passou a integrar uma seleta lista de pessoas doadoras apenas para quem tem o mesmo tipo de sangue que ele.

"Esse tipo de sangue é raríssimo. Aqui fazemos, todos os dias, cerca de 50 avaliações desde 2013. São oito anos, e só achamos 12 pessoas com o mesmo tipo. É um sangue tão raro que de vez em quando nós temos demandas de pacientes com sangue igual ao dele de outros estados", afirma.

Desde que descobriu a raridade, foram cinco doações, sempre sob demanda. Duas vezes a doação ocorreu para um mesmo paciente, de Minas Gerais, que também tem sangue U negativo e recebeu a doação como parte do tratamento de leucemia.

Gildásio costumava doar com frequência até descobrir ter sangue U - Imagem: Elígia Cavalcante/Reprodução/Governo do Ceará.

Surgimento e riscos

Denise Brunetta explica que tipos de sangue raros, em regra, vêm de herança dos pais. "Normalmente nosso sangue é determinado por um processo hereditário. Um pai ou uma mãe podem portar um gene heterozigoto, que é o gene anormal. Quando os dois têm genes heterozigotos, há possibilidade de aproximadamente 25% de um filho ter o sangue raro", afirma.

Antes de ter o sangue raro identificado, Gildásio era classificado como O positivo. "Quando a gente olha o sistema ABO e o fator Rh, o sangue dele é normal, tipo O. Mas quando avaliamos mais a fundo, vemos que ele não tem dois antígenos; e não tem um terceiro, que vem vinculado a esses dois", explica.

Nós temos mais de 350 tipos diferentes de antígenos —que são pedacinhos do glóbulo vermelho. Na falta de um ou mais deles, ao receber uma transfusão de sangue com todos os antígenos, a pessoa pode sofrer uma reação, devido à criação de anticorpos.

Nós temos mais de 350 tipos diferentes de antígenos —que são pedacinhos do glóbulo vermelho. Na falta de um ou mais deles, ao receber uma transfusão de sangue com todos os antígenos, a pessoa pode sofrer uma reação, devido à criação de anticorpos.

Casos mais problemáticos

Segundo Denise Brunetta, o tipo de sangue de Gildásio não causa alteração hematológica e ele pode ter uma vida normal. "Se a gente não analisassese seu sangue, provavelmente ele nunca saberia da alteração", afirma. Entretanto, existem alguns sangues raros que são associados a anemias mais crônicas. Há também casos raros como o sangue dourado (de Rh nulo) e o bombaim (falso O).

Nesses casos, há problema de recebersangue em uma emergência porque eles já têm anticorpo formado. No caso do Gildásio, a formação de anticorpo só ocorre em uma transfusão, ou —em caso de mulheres— em uma gestação. Formando o anticorpo, pode vir a ter uma reação grave.

Doar sangue é um ato de amor- Foto; Agência Brasil

Vida normal e trabalho no Hemoce

Gildásio garante que não tem qualquer problema de saúde e leva uma vida normal. "Sou totalmente saudável", diz. Ele lembra que a primeira vez que doou sangue tinha 19 anos. "Foi para a mãe de um amigo meu, e desde lá nunca mais parei", diz.

Fico feliz em ajudar. A gente se sente bem com a doação e, depois que descobri o meu caso, fiquei ainda mais contente porque posso ajudar de maneira ainda mais direta.

Há seis anos, de doador, ele passou a ser funcionário do Hemoce. "Hoje sou motorista. Dirijo carros, van e até o ônibus de coleta que temos, com muito orgulho", explica.

Gildásio hoje é motorista do Hemoce -  Imagem: Helene Santos/Governo do Ceará

Saber é importante

A preocupação no Brasil com o tema é recente. O Cadastro Nacional de Sangue Raro, criado pelo Ministério da Saúde com informações de doadores cadastrados nos hemocentros públicos do país, não tem sequer uma década de vida. Segundo Denise o Brasil só começou a fazer o cadastro nos hemocentros desse tipo em 2013.

Por conta do baixo número de pessoas cadastradas e raridade de casos, os portadores desse sangue não devem doar sangue sem uma demanda solicitada.

Para doar sangue são necessários os seguintes requisitos:

Ter entre 16 e 69 anos (pessoas com mais de 60, porém, só poderão doar se já tiverem feito isso antes);

Pesar mais de 50 kg;

Apresentar documento oficial com foto --menores de 18 anos só podem doar com consentimento formal dos responsáveis;

Estar alimentado (evite comidas gordurosas nas três horas que antecedem a doação de sangue);

Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas.

As informações são do Uol.



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