Caso Sophia: MP demorou 10 meses para intimar mãe acusada de maus-tratos

A advogada Janice Andrade, que representa Jean Carlos, defende que o Ministério Público errou ao não insistir para que o exame de lesão corporal fosse feito na menina.

Sophia | Reprodução
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Informações contidas no inquérito do caso da menina Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, estuprada e morta em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mostram que o Ministério Público estadual só determinou audiência para apurar os maus-tratos 10 meses depois da primeira denúncia. O documento, ao qual o GLOBO teve acesso, detalha que o pai da vítima, Jean Carlos Ocampo, formalizou um Boletim de Ocorrência no dia 31 de dezembro de 2021. A audiência, no entanto, só foi realizada em 20 de outubro do ano passado.

No mesmo dia da denúncia contra a mãe da menina, identificada como Stephanie de Jesus da Silva, foi solicitado pela polícia o exame de corpo de delito para constatar as agressões. O procedimento, no entanto, não foi realizado, motivo pelo qual a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) solicitou, em 15 de março, urgência no exame. Ainda assim, ele nunca foi feito.

Stephanie de Jesus da Silva, mãe da menina e Christian Campoçano são acusados do crime - Foto: Reprodução

Tanto à polícia quanto ao Conselho Tutelar, Jean relatou que Delziene de Jesus, sua ex-sogra, disse que Sophia estava apanhando, sendo mal alimentada e vivendo em “local insalubre”. Ela ainda teria dito que havia brigado com Stephanie ao vê-la agredindo a menina. Em março, quando foi convocada a depor como testemunha, a avó negou parte da versão, relatando apenas que a filha andava “muito estressada”, mas que nunca tinha batido na neta.

Mesmo com fotos apresentadas às autoridades, de Sophia machucada nos braços e rosto e com hematomas pelo corpo, Stephanie também negou os maus-tratos à criança. Segundo ela, os machucados eram decorrentes de “brincadeiras em um carrinho de bebê enquanto aprendia a andar”, justificativa confirmada pela mãe.

Pai da menina, Jean Carlos, fez várias denúncias sobre o caso - Foto: Reprodução

A advogada Janice Andrade, que representa Jean Carlos, defende que o Ministério Público errou ao não insistir para que o exame de lesão corporal fosse feito na menina. Além disso, ela aponta que em nenhum momento o órgão trabalhou em parceria com o Conselho Tutelar, que possuía vídeos que mostravam as péssimas condições em que Sophia vivia.

No atendimento realizado em maio do ano passado a Jean e a Sophia, o Conselho Tutelar detalhou que em um vídeo era possível “observar a negligência da residência e possivelmente com a criança”. No documento, também é especificado que Stephanie havia sido denunciada por maus-tratos a animais. Em nenhum momento a DEPCA e o MP intimaram o companheiro de Stephanie, Christian Campoçano Leitheim, igualmente suspeito de agredir e estuprar a criança.

— É um absurdo não ter sido feito o exame de corpo de delito. O Jean não conseguiu pegar a Sophia porque a mãe não deixava quando soube que estava sendo investigada. Em nenhum momento o Ministério Público acionou o Conselho Tutelar para colher mais provas do crime, nem o posto de saúde. Tinham fotos, prints de WhatsApp da mãe da Stephanie falando sobre as agressões, mas a agressora negou e ficou por isso mesmo — afirma a advogada.



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