Cearense nota 10 na OAB teve aula na rede pública e desconto em mensalidade

Marcos Vinícius Melo da Cunha foi incentivado pela família desde cedo a lutar pelos próprios sonhos

nota | reprodução
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Conquistar nota 10 em um dos exames mais concorridos do país é um feito para poucos. Mas o cearense Marcos Vinícius Melo da Cunha, de 22 anos, foi aprovado com nota máxima no 35º Exame de Ordem Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), avaliação que permite o exercício profissional na área. O resultado saiu na última segunda-feira (3).

Marcos Vinicíus, de 22 anos, conquistou nota máxima no exame da OAB  - Foto: Arquivo Pessoal

Ex-aluno da rede pública estadual e estudante de Direito em uma faculdade privada de Fortaleza (pela qual atualmente escreve o trabalho de conclusão de curso), Marcos prestou o Exame pela primeira vez nesta edição. O êxito foi ainda maior porque ele passou junto com a irmã do meio, Anna Beatriz. A mais velha, Samara, também atua na área.

Neste 8 de outubro, Dia do Nordestino, Marcos é exemplo dos bons resultados de uma região referência em práticas de alfabetização, inovações educacionais e projetos de impacto que transbordam da sala de aula.

Caçula da dona de casa Sílvia e do taxista Raimundo, o futuro advogado teve uma infância humilde no bairro Panamericano. Aos 9 anos, começou a ajudar o pai num comércio em casa depois que o táxi foi vendido. “Sem talento” para esportes e incentivado por Raimundo, decidiu focar nos estudos.

“Ele estudou pouco e teve que sair muito cedo de Itapipoca. Como muitos nordestinos, teve que ir para São Paulo para conseguir uma vida melhor. Desde novo, sempre foi muito rígido o estudo em casa. Ele dizia: ‘meu filho, não posso te dar lazer, mas o estudo sim’”. 

O comerciante conseguiu pagar escolas particulares para o filho “com muito esforço”, ainda que o menino tivesse bolsas por bom desempenho nas atividades escolares. Até recebia medalhas como aluno-destaque - mas sempre mantendo o apoio do trabalho em casa.

Até completar 17 anos, Marcos atendia clientes e carregava mercadorias. “Abdiquei de brincadeiras na infância e adolescência porque precisava ajudar. Nosso comércio era nossa única fonte de renda. Isso me fez entender o valor do dinheiro e do trabalho”, comenta.

Marcos participa de simulação de audiência 

Com a crise econômica até 2017, seu Raimundo fechou o mercadinho e voltou a rodar Fortaleza no táxi. No mesmo período, Marcos cursou o 3º ano do Ensino Médio na Escola Adauto Bezerra, no bairro de Fátima. Um ano depois, em 2018, entrou numa faculdade particular de Direito por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

"A decisão pelo curso seguiu um desejo do pai e também do próprio instinto. “Sempre brilhei os olhos, principalmente depois que minha irmã entrou”, conta.

Já no início do curso, o rapaz começou a procurar estágios na área. Até de madrugada entrou na fila de uma agência agregadora de vagas. Deu certo: ainda no segundo semestre, conseguiu sua primeira oportunidade num escritório de Direito do Trabalho, área na qual trabalha atualmente e pretende seguir carreira.

Com formatura prevista para dezembro, Marcos ainda não definiu completamente quais são os planos para o futuro por considerar o Direito “muito amplo”.

Por ora, como existe possibilidade de continuar no escritório atual, quer seguir advogando. A longo prazo, pretendo montar um escritório próprio. Contudo, também não descarta a ideia de seguir a carreira de juiz.

Independente da decisão, ele diz que sempre se sentirá amparado porque nunca perdeu o norte: “minha família é minha base”.



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