Filme sobre o Rio viraliza e atores são confundidos com traficantes

Produção era gravada no Complexo da Maré, quando morador filmou

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A cena assusta: traficantes sobem escadarias de uma favela, fortemente armados. De uma janela, um morador faz imagens pelo celular, e o vídeo viraliza. Nas redes sociais, uma das publicações chama a atenção para os criminosos que treinam para "ocupação e resistência nos morros cariocas".

"Acha que esses se entregam?", diz a legenda. O problema é que não são bandidos, mas atores do longa metragem independente "Rio em Fúria", em fase de produção. 

"Colocar a gente como traficante é um perigo. Essas imagens já estão no exterior. Um amigo recebeu como 'exemplo do tráfico pesado do Rio de Janeiro'. Meu medo é que traficantes de facções rivais reconheçam a gente e resolvam se vingar, ou que algum policial nos reconheça das imagens e tenha alguma reação", afirma o ator Rafael Loureiro Motta, de 32 anos. Ele aparece no vídeo como um traficante de cabelos longos e camisa social.

A sequência foi filmada no Complexo da Maré, em outubro  de 2016. A produção do filme enviou ofício à polícia, informando sobre a gravação. Também avisou aos traficantes do local. Mas um morador filmou as cenas e mandou o vídeo para alguns amigos. 

Motta, que já participou de produções da TV Record, contou que chegou a ser abordado por um policial militar. O PM o reconheceu no vídeo.

"Ele não acreditou quando eu disse que era ator. Outros moradores da Maré confirmaram que eu estava falando a verdade". Depois disso, ele decidiu registrar boletim de ocorrência. Também foi reconhecido pelo inspetor que registrou a ocorrência.

Nos últimos dias, as imagens voltaram a ser compartilhadas. "Tem gente dizendo que o Bope tem que invadir a favela, que a gente está treinando para invadir a Cidade Alta. Tudo isso coloca nossas vidas em risco. Eu e mais dois atores moramos na comunidade. As pessoas deviam ter mais cuidado com o que compartilham", afirmou o ator.

O produtor e diretor André Misse afirmou que o filme ainda está em fase de captação de recursos. As imagens gravadas em outubro eram para um teaser, pequeno trailer, usado para apresentar a obra para possíveis patrocinadores. "Outros jornalistas voltaram a compartilhar as imagens. Ainda estamos estudando que medidas tomar", afirmou.

Para o diretor, o episódio serve de alerta para aqueles que compartilham histórias sem checar. "Estamos vivendo a era da pós-verdade. Vale o que está postado nas redes. Só que isso tem consequências graves sobre a vida das pessoas". 

No ano passado, assim que o vídeo viralizou, moradores de Vitória-ES chegaram a compartilhá-lo, atribuindo a traficantes locais.



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