Chuvas voltam a atingir Petrópolis e número de mortos sobe para 193

De acordo com os Bombeiros, nesta terça-feira, as equipes de buscas estão distribuídas por 14 áreas críticas da cidade

Tragédia em Petrópolis | Carl de Souza/AFP
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

As ruas de Petrópolis, na Região Serrana, voltaram a ficar alagadas nesta terça-feira (22) por causa de uma forte chuva que atingiu a cidade nesta tarde.

Leia Mais

Houve registros de chuva em Valparaíso, na Mosela, no Quitandinha e no Bingen. Quem estava na rua usou marquises de construções para se abrigar.

Até o início da noite desta terça, a maior tragédia que a cidade já enfrentou havia deixado 193 mortos, segundo o Corpo de Bombeiros, e 69 desaparecidos.

A Polícia Civil informou que, entre as vítimas fatais, há 113 mulheres e 73 homens — 33 são crianças ou adolescentes. Ao todo, 179 corpos foram identificados, e outros 170 liberados.

O IML recebeu ainda partes de outros nove corpos – nesse caso, não é possível identificar se são de homem ou de mulher. Por isso, será preciso fazer coleta de material genético de parentes.


Além das equipes em terra, há o apoio de drones e aeronaves. Entre os militares que realizam buscas em meio aos destroços há bombeiros especializados em resgate de soterrados e cães farejadores. Ao todo são 54 cães em campo, dos quais 44 de outros estados e 10 do Rio de Janeiro.

Segundo a Defesa Civil, desde os deslizamentos e as enchentes na última semana, 24 pessoas foram resgatadas com vida. O número de mortes supera o da maior tragédia na cidade até então. De acordo com a Polícia Civil, dos óbitos confirmados, 111 mortos são do sexo feminino. Outros 72, do masculino. Do total, 32 são menores — crianças e adolescentes. Já foram identificados 169, sendo 152 liberados para enterro. Há, ainda, 15 outros liberados, mas aguarda familiares para preenchimento de documento de óbito. 

Buscas em Petrópolis chegam ao oitavo dia; mais de 180 mortos Foto: Carl de Souza/AFP 

Professor perde filhos, esposa e sogros; campanha tenta ajudá-lo

Para o professor Alessandro Garcia, de 38 anos, aquela era uma tarde especial. Pela primeira vez ele ouvia o filho Bento, de 5 anos, o chamar de "papai". Autista, a criança havia tido seu primeiro dia na escola, junto à irmã, Sophia, de 1 ano e sete meses, naquele dia 15 de fevereiro. Mas a alegria se transformou em tragédia. Em poucos segundos. Uma enxurrada de lama e destroços invadiu a casa onde ele morava com a família na Rua Teresa, um dos pontos mais atingidos pelo temporal que devastou a cidade. Alessandro perdeu a mulher, os dois filhos e os sogros, além do imóvel.

Desde então, amigos organizam uma campanha de financiamento on-line para ajudá-lo a recomeçar. A mobilização viralizou nas redes nos últimos dias. Nesta terça-feira, o professor agradeceu por todo amor e solidariedade: "Ainda não tenho condições de falar muito, mas não tem preço toda acolhida que tem me envolvido. Não sei o que seria de mim se estivesse sozinho numa hora dessas", postou Alessandro na web. 

O impacto emocional no dia da tragédia foi tanto que Alessandro saiu de casa andando após a inundação e afirmava ainda estar com o filho no colo, mesmo o menino tendo ficado sob a lama. Chegou à casa de um parente e dormiu, tamanho o estado de choque. Foi só no dia seguinte que descobriu ter quebrado as duas pernas, segundo relatos de parentes de Alessandro. Na adrenalina, não sentiu dor. Pelo menos não a física.

Professor  Alessandro Garcia perde filhos, esposa e sogros em tragédia de Petrópolis

— O Bento estava no colo do pai quando tudo aconteceu. E ele (Alessandro) agora se culpa como se não tivesse segurado o filho forte o suficiente. Mas isso não existe, é claro — contou a prima de Carolina, Karina Carla de Souza, de 34 anos, que acompanhou os sepultamentos.

Carolina da Silva, de 37 anos, esposa de Alessandro, e Sofia foram enterradas no sábado. Foi durante a cerimônia que chegou a notícia de que o corpo de Bento tinha sido encontrado. Nas redes sociais,  o professor desabafou: "Acabei de chegar do enterro da Carol e da Sophia. Dois terços do meu coração ficaram lá... a última parte foi encontrada faz pouco. A dor é enorme. Não fosse a família e os amigos eu nem de pé conseguiria estar", postou ele, logo após os enterros da filha e da esposa. 

Alessandro é mestre e doutor em Sociologia e ministra aulas no Instituto Federal Fluminense (IFF), em Maricá, Região Metropolitana do Rio. Também já foi professor do Colégio Santo Inácio, na capital fluminense. Entre os amigos, é tido como uma pessoa generosa, inteligente, de alma doce e amigo de todos, de fácil convívio. Em paralelo às salas de aula, mantém o canal Ministério dos Quadrinhos na internet, onde faz entrevistas e explora o universo dos gibis, a qual chama de "nona arte", com pouco mais de 26 mil inscritos e quase 2 milhões de visualizações.

 



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES