Com chuvas e falta de saneamento, ruas viram lagoas na Zona Leste

O descaso tem tomado conta da Vila Parque Universitário, onde as ruas estão praticamente interditadas pela vegetação.

Homem tenta desviar de lama. | Jonathan Dourado/Jornal Meio Norte
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Os moradores da Vila Parque Universitário, conjunto habitacional derivado de uma invasão ocorrida no início dos anos 2000 na zona Leste de Teresina, estão revoltados com o descaso sofrido em seu bairro. As ruas foram tomadas pela vegetação e as poucas vias que restam estão cobertas de água, graças ao período chuvoso. Eles cobram atitudes do poder público que, segundo eles, não se importa com os habitantes de lá.

As ruas da vila estão tomadas pela sujeira. Em alguns locais que a vegetação tomou conta da rua, nem veículo consegue trafegar. Algumas ruas de chão batido foram tomadas pela água e a população encontra dificuldade para passar por lá. Para piorar a situação, alguns vizinhos depositam lixo nestes terrenos, contribuindo para o aumento de doenças causadas pelo período chuvoso, como a dengue.

?Vivemos uma situação difícil, mal podemos andar na rua. Tivemos que improvisar uns caminhos e só dá pra passar se for rodeando os muros. A gente vive com os pés cheios de lama porque a rua está o puro barreiro. O pior de tudo é quando os carros passam e jogam água na gente?, desabafa a dona de casa Maria do Socorro Andrade, que vive em frente a uma poça de água que dominou as extremidades de uma das ruas do bairro.

Ela lembra que as obras de calçamento da rua foram iniciadas ano passado, mas foram interrompidas abruptamente. Em consequência, a obra ficou abandonada e a rua, construída pela metade. ?Ficou pior. O barro que sobrou da obra deixou a rua ainda mais lamacenta. Depois da primeira chuva, isso aqui virou uma lagoa?, comenta Maria do Socorro.

A população já perdeu as esperanças de ter seus direitos atendidos. A coleta, que já foi feita pelo caminhão de lixo e por carroceiros, foi interrompida em 2012 e até agora não se restabeleceu. Os moradores se sentiram obrigados a fazer a própria capina da fachada de suas casas, ou então contratar carpinteiros para fazer o serviço. ?Mas nem todos têm condições de pagar e algumas ruas foram engolidas pelo mato?, completa a dona de casa Antônia Macedo.

A problemática do lixo é algo preocupante. Como não há mais serviço de coleta, os moradores jogam seu lixo ao lado de casa ou então nas ruas ociosas, que se transformaram em terrenos baldios. Alguns contratam carroceiros para despejar o lixo em outro lugar: a Avenida Presidente Kennedy.

Desencantados, eles apelam para a providência divina. ?O jeito é entregar para Deus e esperar as coisas melhorarem?, pontua Antônia Macedo.

População vende suas casas por falta de apoio

Carentes de infraestrutura básica como saneamento e educação, os residentes na Vila Parque Universitário pedem melhores condições de saúde. Segundo os moradores, o posto de saúde do conjunto não atende a população a contento. ?Está muito difícil marcar consulta. Nós chegamos de madrugada na fila e ainda assim não há vagas. Sei que a marcação depende do SUS, mas acredito que o número de vagas é muito pouco?, fala a dona de casa Maria do Socorro Andrade.

Segundo alguns moradores, é difícil receber a visita dos agentes de saúde do Programa Saúde da Família. A barista Rosilene Tavares afirma ter se esquecido da última vez que recebeu uma visita dos profissionais. ?Ver esses médicos é a coisa mais difícil do mundo. Há mais de um mês eles não vêm aqui em casa e isso é um absurdo. Ninguém pode ter problema sério de saúde, porque se depender do atendimento do posto daqui, até morre?, fala.

Os moradores da Rua dos Tucanos possuem muitas reclamações. A rua, que se transformou em terreno baldio, tem espantado os moradores do local. ?Com essa sujeira e fedor, fica difícil manter um negócio. Meu bar está quase fechando porque as pessoas não querem mais vir para cá. E eles estão certos. Toda vez que chove a rua inunda e não dá pra passar a pé. Além disso, ela traz lixo e resto de alimentos. Parece que moramos em um lixão?, reclama.

Indignada com a situação, ela colocou um aviso de venda e pretende se desfazer da casa o mais rápido possível. ?A contar pelas placas de ?vende-se?, ela não é a única que quer ir embora daqui. Muita gente está indo embora porque não aguenta mais essa situação?, completa a dona de casa Antônia Macedo.

Avenida Cajuína deve ser liberada antes do Carnaval

As obras da galeria que corta a Avenida Cajuína estão chegando a um fim. A obra visa melhorar o escoamento de água da região, que a partir de agora deverá ser seis vezes maior e promete resolver os problemas de alagamento em alguns pontos da zona Leste. Entretanto, a construção interditou um trecho da avenida e desde então vem causando transtornos para quem trafega pela área.

O vice-prefeito e atual gestor da Superintendência de Desenvolvimento Urbano - Leste (SDU/Leste), Ronney Lustosa, afirma que a avenida será liberada até o Carnaval. ?A concretagem da galeria já foi concluída e ainda esta semana iniciaremos a colocação de concreto nas tampas que lacrarão a galeria. A entrega deverá ser feita ainda na primeira semana de fevereiro. Com a finalização desta etapa, grandes problemas da zona Leste serão resolvidos?, destaca Lustosa.

O superintendente acalma a população e aponta que os problemas de alagamento já podem ser contidos, mesmo com a galeria em obras. ?A galeria já faz o escoamento da água e as galerias menores já foram interligadas a essa maior. Com a ação, as inundações nas Avenidas Presidente Kennedy e Homero Castelo Branco serão resolvidas?, frisa.

SDU Leste prioriza mutirões de limpeza

A Superintendência de Desenvolvimento Urbano Leste (SDU Leste) comandada pelo vice-prefeito de Teresina, Ronney Lustosa, está priorizando a realização de mutirões de limpeza nos bairros periféricos da zona Leste, onde o acúmulo de lixo tem causado diversos transtornos aos moradores da região. Ronney destaca que a região necessita de vários serviços básicos que precisam de reparos e enfatiza que no primeiro momento, os mutirões de limpeza são as medidas mais urgentes que devem ser executadas no início de sua gestão.

?Temos a consciência de que existem outras demandas sérias para a população, mas a coleta de lixo em diversos bairros não estava sendo realizada de forma contínua há mais de três meses. Sabemos que o acúmulo desses resíduos no período chuvoso é uma porta aberta para a proliferação de doenças, além de causar transtornos como a inviabilização de vias públicas?, destacou.

Nas primeiras semanas de 2013 a administração da SDU Leste realizou mutirões de limpeza em bairros da periferia, como Planalto Uruguai, Dom Avelar, Residencial HBB, Vila Meio Norte e Residencial Pedra Mole.

?As equipes de limpeza recolheram entulhos, limparam vias e desobstruíram galerias a fim de manter os locais limpos e evitar transtornos aos moradores durante o inverno. Essas ações são necessárias para evitar alagamentos, doenças e outros transtornos contínuos?, explanou o superintendente.



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