Coordenadora da Unicef vê Casa Meio Norte, do empresário Paulo Guimarães, como modelo de família

“Se trata de uma escola onde há uma aproximação muito grande com a família.”,d isse ela

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Pensar em uma educação que derrube os muros da escola em articulação com os vários segmentos da sociedade civil e poder público, sem perder de vista o processo de formação dos estudantes, é um desafio que está na pauta dos educadores brasileiros.

O Seminário Nacional de Educação Integrada: Experiêcias que transformam reuniu educadores e ?ongueiros? de diversas partes do país nesta sexta-feira, em São Paulo. O evento é uma organização da Fundação Itaú Social em parceria com a Unicef (Fundo das Nações Unidas pela Infância). A iniciativa faz parte do Prêmio Itaú Unicef, que visa também promover formação.

?Ampliar as oportunidades de aprendizagens a partir de metodologias criativas?, é assim que a educação integral vem trilhando caminhos no Brasil, sendo ainda um caminhar desafiador quando se trata de uma educação que tem atrasos históricos.

Para o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antônio Matias, este momento é importante para a educação brasileira. Matias lembra que em 1995 nasceu o Itaú Unicef com o objetivo de mobilizar atividades complementares na escola. ?Hoje avançamos e já falamos em educação integral, porque é importante ir além do tempo na escola, é preciso integrar espaços e saber de forma mais profunda?, diz.

Para Alice Setúbal, presidente do Cenpec(Centro de Estudos e Pesquisas em Educação Cultura e Ação Comunitária), é preciso pensar em uma escola aberta onde as organizações sociais tenham um diálogo aberto criando conhecimento da escola integrado à comunidade.

Para isto Setúbal lança o desafio de pensar a educação em cinco dimensões: Letramento, para que as crianças possam ter na leitura e na escrita também uma apreensão do mundo; cidadania; esportes; meio ambiente e a educomunicação para chamar atenção da juventude através dos meios de comunicação.

Coordenadora da Unicef vê Casa Meio Norte como modelo de família

Quando se fala de educação integrada é preciso se compreender que isto deve estar articulado à vida do estudante, ou seja, não se trata de retirar a criança de sua vivência para ir à escola, mas de compreender que a escola é mais uma dimensão da vida do estudante.

?Trata-se de uma integração em tempo, espaço e saberes?, diz a coordenadora de Educação da Unicef, Maria Salete Silva. Para Salete esta compreensão também deve partir da família, não no sentido do que comumentemente acontece, ?a escola culpa a família e a família culpa a escola?, mas é uma via de mão dupla.

Na ocasião Salete conta que a Escola Casa Meio Norte é uma escola modelo, que foi selecionada ainda quando saiu o resultado da primeira prova Brasil em 2006. Na época foram selecionadas 34 escolas de todo o Brasil.

?A Casa Meio Norte é uma escola modelo, pois se trata de uma escola onde há uma aproximação muito grande com a família. Quando pensamos em Escola Integral é preciso que esta tenha sentido na comunidade e cause pertencimento?, diz Salete. (S.F.)

Os desafios também passam pela garantia da Escola Pública

Muito se fala que o Brasil deve seguir os exemplos da Europa e dos Estados Unidos, pois se tratam de lugares onde existe educação Integral, no entanto, esta discussão também passa pela necessidade de compreender a educação brasileira e os desafios que ela traz.

Para Antônio Matias, apesar de ser um grande desafio, quando se pensa na educação brasileira, é preciso acreditar que é possível mudar. ?O país deve despertar para uma maior valorização do professor, aproximação das escolas com as universidades, aumentar a responsabilidade com o sistema educacional, melhorar a gestão. Também é importante articular as experiências de ONG?s que acontecem de forma independente para dentro da escola?, explica.

Aqui os desafios apontados são desde a formação dos professores, Salete conta que esta formação do professor deve ser articulada à perspectiva da escola integral, no entanto, a coordenadora aponta que há uma defasagem grande na formação dos educadores.

?Os nossos esforços não são para lançar uma alternativa às escolas públicas, pelo contrário, tanto é que nossa mobilização no Prêmio Itáu Unicef tem sido de articular as ONG?s às escolas. Portanto, este esforço também é pela melhoria da escola pública.

Retomar às ruas e derrubar o muro das escolas

?Quando falamos em educação integral é preciso entender que este muro que separa a escola da comunidade deve cair, mesmo que simbolicamente?, diz Maria Salete. (S.F.)

Avançar para chegar no segundo ciclo da educação

A educação integrada passa a ser pensada como uma política pública de forma mais forte com a criação do Programa Mais Educação do Ministério da Educação e Cultura (MEC). No entanto, boa parte das experiências acontece de forma independente e articulada a ongs, principalmente no primeiro ciclo da educação, de 1ª a 5ª série.

Os desafios para se chegar ao Ensino Médio são muitos e esse ainda é um caminho a ser trilhado. Para Mário Volpi, coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes, da Unicef, este é um grande problema, haja vista que 50% de pessoas entre 15 e 17 anos está no Ensino Médio, por exemplo. A outra metade desta população ou é repetente ou saiu da escola.

Isto impõe um problema que forma salas de aulas mistas, com adolescentes e adultos, o que causa uma certa crise de identidade. Hoje, boa parte dos esforços por parte do Governo tem se centrado na construção de um Ensino Médio aliado ao Ensino Profissionalizante e Técnico, para atender uma juventude que além de estudante é trabalhadora.

Hoje, cerca de 600 mil jovens são chefes de família, o que tem imposto a essa juventude duros desafios, o que muitas vezes a retira de sala de aula. Porém, para Mário Volpi, apesar de ter uma necessidade de preparar a juventude para o trabalho, é preciso ter cautela quanto a esta perspectiva no Ensino Médio.

"O Ensino Médio é espaço de aprendizagem e não espaço para resolver problemas de renda familiar. Também é preciso pensar que o mundo do trabalho é mais amplo que o do mercado. Onde fica a dimensão do trabalho da arte, da pesquisa livre e da cultura, por exemplo?" Indaga Mário Volpi fazendo refletir sobre o tecnicismo que vigora em boa parte do país.

Mário completa dizendo que o ensino médio deve ser um espaço onde se permita a realização das competências, bem como um espaço que prepare o estudante para ocupar seu espaço na sociedade. (S.F.)



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