Depressão: Psiquiatra chama atenção para o diagnóstico precoce

A doença é um dos problemas mais comuns da saúde mental, pode afetar inclusive aquelas que parecem viver em circunstâncias relativamente ideais

A depressão atinge pessoas de todas as idades | reprodução internet
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O ano novo começou e com ele o momento que leva as pessoas a refletirem sobre suas vidas, o sentido, o propósito e os planos para 2022. Muitas pessoas traçam metas, objetivos e outras prometem mudanças importantes para realizar um sonho ou simplesmente se superar em algo.  Nesse sentido, janeiro é o mês da conscientização sobre a importância da saúde mental.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), apontam que 10% da população mundial sofre com problemas de depressão.  

A doença está cada dia mais comum- reprodução

Saúde mental 

A doença é um dos problemas mais comuns da saúde mental, pode afetar qualquer pessoa, inclusive aquelas que parecem viver em circunstâncias relativamente ideais, e levar a consequências graves, como à automutilação e até ao suicídio.

Para o médico psiquiatra Pablo Vinicius, os quadros depressivos são muito mais comuns do que se pode imaginar e muitas vezes as pessoas nem percebem que podem estar doentes. Segundo o especialista, a depressão afeta todas as classes sociais, todos os sexos, todas as idades, apesar de alguns nichos de pessoas mais vulneráveis como por exemplo, as mulheres que sofrem de duas a três vezes mais depressão do que o homem. 

Deve-se ficar atento as causas - reprodução

Grandes causas

Na faixa etária dos idosos a depressão também tem um contingente maior, mas apesar dela encontrar alguns nichos mais específicos pode acontecer em qualquer pessoa, e a grande causa ou as grandes causas que estão por trás do desenvolvimento da depressão são três: genética, ambiente e desenvolvimento psicológico.

“Em relação à genética depende das pessoas que têm familiares de primeiro grau, por exemplo, pais ou filhos com depressão tem um risco aumentado de duas a três vezes mais de ter a doença, só pela genética, então passa ser um fator muito importante na causa da depressão, porém ele não é determinante na maioria das vezes. O que acontece é uma associação entre a herança genética e o ambiente em que a pessoa vive. Nós estamos falando de ambientes estressantes, seja de trabalho, de casamentos, de relacionamento de pais e filhos, de crises financeiras, problemas de relacionamentos. Problemas, traumas que essa pessoa passou, perdas, divórcios, viuvez, tudo isso está relacionado ao ambiente e da mesma maneira o ambiente também passa ser um fator protetor”, diz o especialista.

Laços familiares

Ele ainda acrescenta que pessoas com estilo de vida saudável, pessoas com bons laços familiares e sociais, pessoas que gerenciem bem os seus estresses diários, pessoas que fazem terapia, que praticam yoga, atividade física que se alimentam bem, eles utilizam um ambiente como um fator protetor e muitas vezes esse fator protetor é responsável por silenciar uma herança genética. 

O terceiro fator é o desenvolvimento psicológico, como foi formada a personalidade dessa pessoa e do ponto de vista psicológico, então veja que esses três fatores estão  o tempo inteiro se somando, se contribuindo para gerar ou não a depressão.

Questões culturais influenciam também

Vários são os motivos que podem levar uma pessoa à depressão e à ansiedade como transtornos psiquiátricos, estresse crônico, disfunções hormonais, vícios (cigarro, álcool e drogas ilícitas), experiências de violência doméstica ou abuso, perda do emprego, desemprego por tempo prolongado, separação conjugal, entre outros. 

De acordo com o mestre em neurociências a  dificuldade de compartilhar sobre o adoecimento mental tem uma relação com o conceito social que as pessoas tem de doença mental.

Dr. Pablo Vinícius ressalta que  a doença mental ainda é vista como um sinal de fraqueza da pessoa, por isso que as pessoas não compartilham suas emoções  na escola, no trabalho, com os amigos, porque quando  falam que  estão tristes, a sociedade enxerga isso como um ser humano fraco e se a pessoa será julgada assim, então, não compartilho suas emoções.

“Esta dificuldade de compartilhamos as nossas emoções favorece o adoecimento mental, porque nós sabemos que quando a gente fala dos nossos problemas, das nossas angústias, isso é terapêutico, isso traz alívio, isso traz conforto e se eu sou acolhido pela pessoa que está me ouvindo, isso é mais terapêutico ainda, então veja que muitos consultórios psiquiátricos estão cheios, na verdade, porque as pessoas não estão compartilhando entre si as suas emoções, porque se fôssemos uma sociedade que culturalmente estimulássemos esse contato, com certeza, os consultórios psiquiátricos estariam com menos pessoas, porque nós seríamos  mais saudáveis ao compartilhar as nossas emoções”, acrescenta.

O psiquiatra orienta ainda que quando o que você está sentindo está demais, perdura  o dia todo, quando a tristeza não passa de jeito nenhum, quando situações que eram para trazer felicidade, mas você fica triste, quando isso dura mais do que deveria durar e  continua por semanas e toma a maior parte do tempo e da sua vida, isso já é um sinal que alguma coisa está acontecendo de errado, é momento de procurar ajuda.

Psiquiatra alerta para o diagnóstico precoce da doença depressão - Foto: Divulgação

“Um outro critério para buscar ajuda é se você já está tendo comprometimento do seu dia a dia, está difícil de estudar, difícil de trabalhar, difícil de produzir, a sua energia está muito diminuída, você tem dificuldade de levantar da cama e viver o seu dia, isso também já é um sinal significativo de que alguma coisa já está errada, então são basicamente quando o que eu sinto está demais, uma tristeza excessiva, uma ansiedade excessiva, crises de pânico, tudo isso são sinais de que algo já está saindo da normalidade, um outro critério é o desempenho das atividades é sinal de que alguma coisa está errada e os profissionais de saúde mental são o psiquiatra e o psicólogo, que estudaram para diagnosticar e iniciar um tratamento. O ideal é que esses dois profissionais trabalhem juntos no paciente da saúde mental”, ressaltou.(W.B)

Campanha fala sobre saúde mental

Janeiro branco foi criado para propor reflexão às pessoas sobre o quanto elas conhecem sobre si próprias e suas emoções. É uma época de contribuir para o desenvolvimento e disseminação do conceito de psicoeducação entre as pessoas e as instituições, favorecendo o desenvolvimento de políticas públicas relativas ao universo da Saúde Mental em todo o país e no mundo.

"Não tenha dúvida que esses meses em que a gente traz algum assunto à tona para discussão da sociedade civil, como o janeiro branco nós estamos querendo dizer para as pessoas que, diante de um novo início de um ciclo nós só vamos conseguir começar bem, se a gente estiver bem mentalmente e fisicamente, então trazer o janeiro para ser o janeiro branco, para trazer o mês da saúde mental, significa dizer que para gente viver um novo ciclo da nossa vida, a gente precisa olhar pra dentro de si e  ajudar a sociedade discutir sobre doenças mentais, sobre caminhos, sobre alternativas, sobre prevenção de depressão, de suicídio, de ansiedade, de pânico, podemos falar de sono, podemos falar de insônia”, frisa o médico psiquiatra.

Para o especialista, a sociedade precisa de informação e a saúde mental padece muito da falta do conhecimento que as pessoas não tem dos seus problemas.

É preciso entender que depressão é muito sério - reprodução

 “Até hoje as pessoas acham que depressão é frescura, que depressão tem a ver com pecado, com falta de Deus, que a depressão tem a ver com falta de não fazer nada, que gente resolve depressão tirando umas férias, que a gente resolve a depressão arrumado namorado, isso é falta do conhecimento, então a depressão, ansiedade, pânico são disfunções cerebrais, como qualquer outro órgão entra de uma forma doentia e as pessoas precisam entender isso. O janeiro branco ajuda nesse sentido, a depressão não é uma escolha, a pessoa não quer ficar numa cama o dia todo  ela precisa de ajuda médica, precisa mudar o estilo de vida”, complementa.(W.B)

Onde buscar atendimento

Uma pessoa que necessita de atendimento em saúde mental deve, primeiro, buscar acolhimento na rede de atenção básica mais próxima de seu domicílio. Em caso de surto psiquiátrico, é preciso acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), para ser encaminhado para o atendimento de urgência e emergência mais próximo.

Em Teresina, há lugares que contribuem gratuitamente com o atendimento a saúde mental e fazem ainda o trabalho de prevenção e pósvenção do suicídio, como o Ambulatório Provida, que fica localizado no Centro de Saúde Lineu Araújo, o  Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188, e-mail e chat todos os dias durante 24 horas pelo site https://www.cvv.org.br. Além de  sete Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), gerenciados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) e direcionados ao atendimento exclusivo de pessoas com transtornos mentais.

E mais

O Centro Débora Mesquita (CDM), localizado na rua Pedro de Vasconcelos, número 2065, bairro Recanto das Palmeiras e funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. Telefone: (86) 9 9827-3343 / 9 8894-5742. 

Existe ainda o Serviço Escola de Psicologia (SEP), formado por faculdades particulares e a Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Em casos de surto psicótico ou tentativa de suicídio, o Hospital Areolino de Abreu, localizado na Rua Joe Soares Ferry, número 2420, no bairro Primavera é o hospital referência em atendimento de urgência psiquiátrica. Telefone: (86) 3222-2910.(W.B)



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