Desafios e superações de uma mãe com filho com deficiência

O amor natural e um intenso carinho e dedicação justificam a capacidade que muitas mães têm de fazer o possível e até o impossível para bem-estar de seus filhos. Em uma sociedade carente de inclusão, acessibilidade e repleta de barreiras que ampliam as dificuldades na vida de um deficiente, mães dessa parcela da população tornam-se, braços, pernas e voz de seus filhos para defender e buscar seus direitos. 

Um forte exemplo dessa força tem o nome de Gilmara Costa, presidente da Associação Piauiense Pelos Direitos Iguais (APIDI), que carrega o intuito de promover a inclusão e, consequentemente, a luta pelos direitos dos filhos com deficiência.

Após perder um filho, Gilmara teve Francisco Edson Nascimento Neto, de 19 anos que tem paralisia cerebral. Da descoberta da gravidez aos primeiros anos da infância de Neto, o levava para a Universidade, onde cursava Pedagogia. Quando a saúde do filho estava se agravando, interrompeu a carreira de professora para se dedicar, de forma integral, à vida do filho.

“Depois do aniversário de 5 anos, ele vivia mais internado do que em casa. Foi quando tive que abandonar tudo e ir embora para Recife, para salvar a vida dele”, disse. Naquela época, a capital ainda não proporcionava os tratamentos adequados para a situação de Neto. Após três anos, retornou para Teresina e ele passou por vários procedimentos. 

Casada há 24 anos, Gilmara é mãe de mais duas crianças e deixa claro que o filho ensinou para ela uma infinidade de coisas, passando todo o tempo ao seu lado.

"Ele nunca caminhou, passa a maior parte do tempo em uma cadeira de rodas e se alimenta por sonda há 10 anos. Nunca desisti de amar, nunca desisti dele. Sempre ficava, sempre batalhei por ele” , reforça a mãe.

Recentemente, a família teve mais uma vitória com a aquisição do Home Care. Após entrar na justiça, Neto conseguiu o direito de dar continuidade ao tratamento hospitalar em sua residência.

Com a pandemia do novo coronavírus, a mãe de Neto teve que recorrer às dolorosas medidas para que não haja riscos para o filho mais velho. “Tive que separar os outros filhos por conta da situação de risco que tanto eu quanto ele passamos. Além de asmático, ele tem problema de arritmia cardíaca, esclerose múltipla e é cirurgiado da coluna com 32 parafusos”, explica.

Além de tudo, Gilmara também se preocupa quanto à dedicação aos demais em casa.

“Não é fácil ser uma mãe de uma pessoa com deficiência, porque requer trabalhos dobrados, atenção dobrada. Ás vezes eu chego a ficar com a consciência pesada por achar que minha dedicação é maior para o Neto. Mas, na realidade, os outros sabem se virar bem e já me ajudam”, disse.

Como o filho é totalmente depende, a mãe faz o possivel para dar a ele uma vida normal. Neto estuda e antes da quarentena frequentava festas e realizava passeios.

“Ele faz toda a atividade dentro de um limite de uma pessoa normal. Eu proporciono isso abaixo de Deus e graças a ele e posso dizer que sou muito feliz com os filhos que me deu. Desejo a todas as mães que queiram muito bem seus filhos, que valorizem, nem que eles sejam totalmente dependentes delas. São pessoas na qual a gente tem um carinho, são pessoas que também têm sentimentos e que a gente sempre zela por eles. Quero desejar a todas, um feliz dia das mães, pois o amor de mãe é incondicional e o amor que eu sinto pelos meus tres filhos não é diferente”, declara.

Pelo direito dos filhos

Gilmara está no último ano do curso de Direito. Hoje carrega o objetivo de propagar a inclusão social, reivindicar e alertar sobre os direitos da pessoa com deficiência, oportunizando aos pais e filhos deficientes a acessibilidade, seja no âmbito da educação, esporte, lazer e saúde.

Para ajudar as famílias de pessoas com deficiência, a APIDI pede contribuição da população para doações de alimentos e produtos de higiene. Para mais informações o número (86) 98818-8728 foi disponibilizado.