Doleiro revela empréstimo de US$ 13 mi a ex-presidente do Paraguai

O doleiro teve a delação premiada homologada e renunciou a R$ 1 bilhão de seu patrimônio, o que transformou seu acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) o maior da Justiça brasileira.

Doleiro Dario Messer | Divulgação
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Em depoimentos prestados no âmbito de sua delação premiada, o doleiro Dario Messer contou detalhes sobre sua relação com o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, a quem conheceu na década de 1980. Messer afirmou que sua família emprestou US$ 13 milhões a Cartes durante uma crise financeira para que ele salvasse o banco do qual era dono. O "doleiro dos doleiros" contou ainda que, enquanto ainda era presidente do país vizinho, o político pediu para que ele não se entregasse às autoridades.

O doleiro teve a delação premiada homologada e renunciou a R$ 1 bilhão de seu patrimônio, o que transformou seu acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) o maior da Justiça brasileira. Os bens dos quais ele abriu mão incluem sete fazendas no Paraguai, um apartamento de luxo em Nova York e quadros de Di Cavalcanti. O doleiro, acusado de liderar um esquema que movimentou US$ 1,6 bilhão em 52 países, ficou foragido da Lava-Jato do Rio durante 15 meses até ser preso em julho do ano passado. Hoje senador vitalício no Paraguai e suspeito de ter ajudado na fuga de Messer, Cartes virou réu por organização criminosa. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu a ordem de prisão que havia contra ele.

O doleiro Dario Messer passou mais de um ano foragido, mas foi preso no fim de julho  - Foto: Reprodução 

Messer contou em depoimento que seu pai, o também doleiro Mordko, ajudou Cartes no mercado de câmbio, oferecendo crédito. Com sucesso nos negócios, o ex-presidente do Paraguai montou um banco. Mas, em 1994, ele passou por uma forte crise financeira. Foi nesse momento que a família emprestou os US$ 13 milhões a Cartes, que prometeu a Messer sociedade no banco. A oferta, no entanto, nunca se concretizou. De acordo com o doleiro, parte do empréstimo foi pago com três fazendas de clientes do banco que não quitaram suas dívidas. O resto — entre de US$ 8 milhões ou US$ 9 milhões — foi pago a Messer em parcelas mensais até ser liquidada antes de 2002.

O doleiro contou aos procuradores que, depois que foi alvo da Operação Câmbio Desligo, em maio de 2018, foi acolhido inicialmente por um empresário chamado Roque Silveira. Foi ele quem, segundo o doleiro, esteve em Assunção para um encontro com Cartes para saber se seria possível disponibilizar dinheiro para os gastos jurídicos de Messer. O ex-presidente paraguaio teria concordado. O doleiro estimava que, inicialmente, precisaria de US$ 500 mil.

Messer afirmou que chegou a falar com Cartes enquanto ele ainda era presidente do país vizinho. No depoimento, no entanto, ele não cita datas. Segundo o doleiro, o político pediu que ele não se entregasse às autoridades. Cartes presidiu o Paraguai entre agosto de 2013 a agosto de 2018. O ex-presidente já chegou a se referir a Messer como "irmão de alma". A proximidade era tanta que o doleiro conta que , enquanto o amigo era presidente do Paraguai, esteve na residência oficial, inclusive com o filho.

Dinheiro entregue à namorada

No depoimento, Messer disse que tentou retomar contato com Cartes em junho de 2018 para receber o valor e escreveu uma carta de próprio solicitando dinheiro. O doleiro afirmou que soube que a única pessoa com quem o político manteria contato seria com seu irmão, Júlio Messer, a quem Cartes teria afirmado que só entregaria dinheiro para uma pessoa de confiança. A indicada foi Myra Athayde, namorada do doleiro. Ela foi presa e depois também virou delatora na Lava-Jato.

Messer conta que, em janeiro de 2019, Myra foi ao Paraguai e se encontrou com a pessoa de confiança de Cartes e recebeu duas entregas de dólares em espécie, uma no valor de U$ 100 mil e, posteriormente, outra de U$ 500 mil. 

Aos procuradores, Messer contou ainda que seriam necessários U$ 600 mil para corromper autoridades paraguaias, para que ele obtivesse prisão domiciliar após se apresentar e para ter a extradição para o Brasil negada. O doleiro relata que a estimativa foi dada pela advogada Leticia Bobeda, filha de um ex-senador paraguaio. Posteriormente, Leticia teria dito que, por conta da repercussão do caso, os juízes paraguaios recuaram no recebimento da propina.



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