Crise americana atinge mercado do Japão

A crise que atinge os mercados financeiros não afeta apenas os Estados Unidos

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A crise que atinge os mercados financeiros n?o afeta apenas os Estados Unidos. O Jap?o ? pa?s com economia fortemente atrelada ? dos EUA ? tem registrado ?ndices recordes de infla??o e desemprego, combinados ao recuo de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano.

A conjuntura negativa tem atingido duramente a comunidade dos imigrantes brasileiros, os chamados "dekasseguis". Segundo relatos ouvidos pelo G1, a crise est? fazendo com que muitos deles tenham que retornar ao pa?s de origem.

De acordo com os que voltaram, v?rios brasileiros vivem no Jap?o sob a constante amea?a do Kubi. A palavra, que significa literalmente pesco?o, virou um sin?nimo de corte ou dispensa, e sempre que pronunciada ? acompanhada do gesto caracter?stico, feito com a m?o, de uma garganta sendo decepada.

De acordo com imigrantes que retornaram para o Brasil, muitos aceitam sal?rios menores em troca da manuten??o do posto de trabalho, sob press?o do Kubi.

J? outros apelam para o chamado Arubaito - o popular bico, o trabalho tempor?rio sem regulamenta??o em servi?os como a prepara??o de marmitas e a constru??o civil.

Quem parte para essa modalidade muitas vezes tem que se sujeitar morar em alojamentos coletivos ou at? mesmo nos hot?is-c?psulas ? min?sculos compartimentos horizontais, com espa?o apenas uma cama.

Casamento

O fluxo de imigrantes brasileiros para o Jap?o ganhou for?a h? cerca de 20 anos, como um casamento entre as necessidades de m?o-de-obra de uma economia que ent?o estava em franco crescimento com a crise vivida pelo Brasil no final da d?cada de 1980.

Especialistas estimam que hoje existam cerca de 320 mil brasileiros vivendo e trabalhando no pa?s, al?m de outros 180 mil que retornaram ap?s passarem por l?.

Segundo Renato Shigueru, diretor da consultoria Reduplan ? especializada em reintegrar ex-imigrantes de volta ao Brasil ?, a tend?ncia ? que o n?mero de retornos aumente. Ele afirma que o movimento em sua empresa triplicou no ?ltimo ano, ?desde que a crise apertou mais no Jap?o?.

De acordo com ele, a piora da situa??o econ?mica japonesa gera temores nos brasileiros que trabalham no pa?s. ?Ficar desempregado no Brasil ? uma coisa. No Jap?o, onde o custo de vida mensal de uma fam?lia gira em torno de US$ 4 mil, ? uma verdadeira loucura. Vai para baixo da ponte mesmo?, afirma.

Com o aumento no desemprego no Jap?o, o resultado ? um empobrecimento significativo de parte da popula??o. Um levantamento do governo japon?s feito em julho estimou que mais de 5 mil pessoas sem moradia fixa e sem condi?es de pagar aluguel estariam dormindo nos cibercaf?s onde trabalham durante o dia.

O alto custo de vida foi um dos fatores que fizeram a desenhista industrial Cristina Fukuda retornar ao Brasil ap?s quatros morando na cidade de Anjo, onde trabalhava na fabrica??o de pe?as para freios e espumas para carros.

?O sal?rio vai todo para pagar as contas do m?s. O que permite juntar um p?-de-meia s?o as horas extras. No entanto, elas foram desaparecendo de um ano para c?, ressalta.

Fila para Abastecer

J? para M?rcio Yamaguishi, o principal indicador da crise foi o constante reajuste no pre?o da gasolina. ?Como eu tinha carro, comecei a perceber que a cada dois meses tinha aumento. Fiquei assustado quando comecei a ver filas nos postos de gasolina antes do dia que os pre?os iriam subir. Era uma cena in?dita por l?."

No Jap?o, o pre?o da gasolina passou de 90 (R$ 1,55) para 160 ienes (R$ 2,77) por litro em cerca de tr?s anos.

Como conseq?encia, o pre?o da passagem de ?nibus tamb?m est? subindo, conforme diz Elisa Myiashita, que durante tr?s anos trabalhou em Chiba em servi?os como lavanderias e lojas de conveni?ncia. ?Tamb?m a comida, que j? era car?ssima, passou a subir ainda mais. At? mesmo para os japoneses isso come?ou a pesar no bolso, eles reclamavam muito."

Segundo ela, taxas como o impostos residencial (no Jap?o, paga-se pelo n?mero de pessoas na casa, e n?o pelo tamanho do im?vel, como no Brasil) tiveram eleva??o. ?Est?o come?ando a cobrar at? Previd?ncia dos estrangeiros?, reclama Elisa.

O recuo no poder aquisitivo das aposentadorias tamb?m ? um ponto sens?vel para os japoneses, de acordo com economistas. O governo local mudou a legisla??o h? alguns anos, passando a data de aposentadoria de 60 para 65 anos.

Associado ? queda do valor do benef?cio, isso est? fazendo com que toda uma gera??o de japoneses aposentados troque a terra natal por pa?ses como Tail?ndia, Filipinas, Taiwan e locais como Bali e Hava?, onde o custo de vida ? mais barato. Antes intoc?veis nas empresas, muitos japoneses acima dos 45 anos tamb?m est?o sendo ?convidados a se retirar? das companhias.



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