Especialistas criticam Vale por cortes em investimento no País

A avaliação de parte deles é que não faz sentido a maior companhia privada do país gastar US$ 5 bilhões a menos

Vale corta investimento no País | Divulgação
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A decisão da Vale de desacelerar investimentos é alvo de questionamento por parte dos especialistas em mineração.

A avaliação de parte deles é que não faz sentido a maior companhia privada do país gastar US$ 5 bilhões a menos, se tem em seu caixa US$ 12 bilhões intocados. Na quinta-feira, a companhia anunciou que reduziria de US$ 14 bilhões para US$ 9 bilhões seu plano de investir em 2009 --um corte de 36%.

Os US$ 12 bilhões em caixa foram resultantes da oferta de ações que a empresa fez em julho de 2008 para se capitalizar. Na época, a Vale tinha planos de adquirir a mineradora anglo-suíça Xtrata, que chegou a ser avaliada em US$ 90 bilhões.

A Xtrata acabou não sendo comprada porque os controladores não aceitaram a oferta. Hoje, o valor de mercado da Xtrata é de US$ 28 bilhões.

Com todo esse dinheiro, a Vale deveria aproveitar para investir mais, uma vez que os projetos ficaram mais baratos, e assim se preparar para quando as encomendas de minério voltarem a crescer, diz um ex-executivo da empresa.

O executivo lembra que, para desenvolver a mina de Brucutu, em Minas -a maior do Sudeste-, a Vale gastou US$ 1 bilhão, ou três vezes o previsto inicialmente, porque os custos, acompanhando a demanda, estavam nas alturas. Já que a economia não faz sentido financeiro, a suspeita é que a Vale esteja "economizando" para poder fazer aquisições pelo mundo.

"Existem alguns ativos não tão grandiosos, mas que podem interessar à empresa", afirma Gilberto Cardoso, analista de mineração do Banif Securities.

Fornecedores da Vale já sofriam com o corte antes mesmo do anúncio oficial. A indústria de máquinas e equipamentos enfrenta queda de 40% nas encomendas da mineradora em relação ao período pré-crise.

"Há um amontoado de orçamentos que a Vale pediu e não mandou executar. Eles não estão comprando nada", diz José Velloso, presidente da Abimaq (reúne as indústrias de máquinas e equipamentos).

A Vale argumenta que não cortou projetos, mas os "reprogramou" em razão da demanda mais enfraquecida neste ano. Para a Vale, não é necessário correr para implantar novas minas se está vendendo menos minério de ferro.

A crise derrubou a demanda em 30%. A estratégia é aguardar a melhora do mercado e a recuperação dos preços antes de acelerar novamente os investimentos.

Sob essa lógica, a Vale adiou dois grandes projetos, os maiores em curso: as minas de níquel de Onça Puma (Pará) e de Goro, na Indonésia. É que a crise fez o preço do metal despencar e reduziu a rentabilidade dos projetos.

"A decisão da Vale já era esperada. A companhia procurou preservar seu caixa", disse Antônio Emílio Ruiz, analista do Banco do Brasil especialista no setor de mineração.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES