O que muda com fusão do Pão de Açúcar e Casas Bahia

A fusão dos gigantes do varejo lembra outra união de companhias que aconteceu recentemente no país

Fusão do Pão de Açucar e Casas Bahia | Divulgação
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A fusão entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, anunciada na manhã desta sexta-feira, estabelece uma consolidação do setor de varejo. A nova empresa terá mais chances de ditar o preço dos produtos para outras empresas do segmento e principalmente para a indústria. A opinião é de Vincent Baron, sócio diretor da Vallua Consultoria, especializada em gestão e reestruturação de empresas.

Para Baron, a junção de duas empresas de grande porte que vendem eletrodomésticos, como é o caso de Ponto Frio e Casas Bahia, permitirá adquirir produtos a valores bem mais baixos. A compra e a venda em grande volume fará diferença.

Concorrente direto da Casas Bahia, o Magazine Luiza deve ser um dos maiores prejudicados com a negociação. A empresa de Luiza Trajano também mira a classe C emergente, mas possui um market share de 6%, contra 20% da nova empresa (Casa Bahia + Globex), segundo dados de mercado. Com menor participação, a varejista com sede na cidade de Franca terá menos poder de fogo na negociação com fornecedores. "O Magazine Luiza está encurralado e deveria também procurar um parceiro", diz Baron. Procurado por Época NEGÓCIOS, o Magazine Luiza não quis se pronunciar.

A história se repete?

A fusão dos gigantes do varejo lembra outra união de companhias que aconteceu recentemente no país: a fusão de Sadia e Perdigão. Para o analista da Vallua, a Casas Bahia, assim como a Sadia, é uma empresa familiar que tem muito a ganhar com a profissionalização da gestão que, hoje em dia, é um dos pilares do Grupo Pão de Açúcar.

Outro ganho da Casas Bahia será o crescimento do faturamento. As incertezas geradas pela crise econômica e o medo do desemprego fizeram com que o consumidor ficasse mais arredio na hora fazer compras. O faturamento da empresa fundada por Samuel Klein para este ano deve ficar perto dos R$ 13,9 bilhões conquistados em 2008. "A lógica para essa fusão é: mais vale ser um sócio minoritário rico do que majoritário pobre", diz Baron.

E para o Pão de Açúcar? Os ganhos são muitos. Ricardo Pastore, coordenador do Núcleo de Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), acredita que o Pão de Açúcar deverá aumentar as margens de lucro. Como o valor dos alimentos é muito pequeno, a margem de lucro que o varejo alimentício tem é pequena. Ja a venda de bens duráveis como eletroeletrônicos e móveis dá mais retorno, pois os produtos são vendidos a prazo em parcelas que embutem juros elevados. ?O Grupo Pão de Açúcar irá diminuir a concentração de suas operações e reduzirá seus riscos", diz.

A estratégia de negócio das duas empresa continuará distinta. A Casas Bahia deve continuar focada na classe C e o Pão de Açúcar, com suas lojas do Ponto Frio, focará nas classe A/B. "O desafio será unir culturas organizacionais tão distintas", afirma Pastore.

Impacto para os consumidores

Para Maria Inês Dolci, coordenadora do Pró Teste, o consumidor pode ser o grande prejudicado. Para a coordenadora da entidade de defesa do consumidor, a concentração do setor varejista pode resultar na redução de opções de compra e no aumento de preços. ?Defendemos a livre concorrência no mercado, e não existe garantia de que o consumidor pode ter preços melhores daqui para frente?, diz.

Willian Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV), discorda e acha que os consumidores serão beneficiados com a fusão. ?Uma empresa com o porte do Pão de Açúcar deve encontrar formas de economia de escala e uma série de vantagens que devem ser repassadas ao consumidor?, afirma o analista.



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