Encontrada até em Marte, a opala é uma das riquezas do Piauí

A pedra também é encontrada em outras variações na Austrália, Etiópia, Filipinas e México

Pedra da opala bruta chama a atenção pela beleza | Lucrécio Arrais
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A  notícia de que foi encontrada opala em Marte chamou a atenção dos piauienses, que bem conhecem a pedra encontrada no Piauí. A pedra preciosa e super exclusiva também é encontrada em outras variações na Austrália, México e Etiópia. No entanto, a melhor deste mundo, pelo menos, é a piauiense, mais precisamente de Pedro II.

Quem explica isso é Áurea Brandão, designer de joias e empresária do segmento há 36 anos. Pioneira na lapidação da pedra, ela conta que a opala piauiense é a mais dura do mundo, o que permite que ela seja melhor trabalhada. "Normalmente a opala é de dureza baixa e não tem uma boa resistência ao calor. E na hora de fazer uma joia tem que usar fogo. Em uma escala de 10, ela tem dureza de 6, como uma esmeralda. É mais resistente ao fogo e a água que a encontrada em outras regiões", explica.

As opalas são diferenciadas principalmente pelas cores - Lucrécio Arrais

Diferenciadas

As pedras são diferenciadas pelas cores e têm em comum a grande presença de água na composição. Daí a importância da descoberta da pedra lá em Marte, o que indicaria a presença de água no planeta.

 "No Piauí e na Etiópia tem a opala branca com furta-cores. A de Buriti dos Montes, também no Piauí, é igual a do México, que é a opala de fogo, de cor alaranjada. A opala negra só tem na Austrália e é considerada a mais rara de todas", explica Áurea.

Grande valor econômico

Ao saber das opalas marcianas, a empresária conta que riu muito da história. "Pensei que era brincadeira, mas é verdade. Encontraram opalas em Marte. No entanto, não dá para saber a cor. Só que a rocha encontrada foi classificada como opala. Na hora que saiu, vários clientes mandaram para mim a notícia", aponta.

As pedras têm grande valor econômico na cidade de Pedro II - Lucrécio Arrais

Valor econômico

As opalas têm grande valor econômico em Pedro II, sendo a principal commodity do município. "A gente participa de feiras internacionais de pedras. Além das nacionais. O país que mais consome nossas joias é os Estados Unidos, em seguida o Japão. Europa consome muito também. É uma pedra mais conhecida fora do Brasil que aqui e está entre uma das mais caras do mundo pela raridade", revela Áurea Brandão.

Somente em Teresina, pelo menos cinco lojas comercializam joias de opalas. Dona Áurea é proprietária de um estabelecimento em Pedro II e outro na capital, localizado na Central de Artesanato Mestre Dezinho. Os broches e pingentes de mosaicos de opala, como aquele famoso que é o mapa do Piauí, são os mais procurados, além de serem as peças mais acessíveis.

As lindas e preciosas pedras

As opalas do Piauí se originam a partir de um processo geológico hidrotermal que ocorreu ainda no processo de separação dos continentes. Durante a fragmentação da Pangeia, o último supercontinente que existiu há cerca de 300 milhões de anos. No processo de separação dos continentes, onde a América do Sul e a África eram unidos, processos de vulcões e falhas geológicas deram origem ao magma, uma matéria super quente, que ocorreu em todas as bacias sedimentares brasileiras.

As pedras são procuradas para compor as mais diversas joias - Lucrécio Arrais

Processo

A bacia sedimentar do Parnaíba, localizada entre o Maranhão e o Piauí, também passou por esse processo. Mas ao contrário do Maranhão, onde essa matéria quente submergiu, no Piauí ela chegou apenas próximo da superfície, dando então origem a essas pedras que hoje são procuradas para compor em joias, braceletes, colares, brincos e demais acessórios.

A opala do Piauí é feita sob altas pressões e fluidos quentes. "O magma para debaixo do arenito, que é cheio de água. Ele vem com milhares de graus. E a água, basta 100 graus, que ela ferve. Ao subir, ela faz um movimento de convecção. Ela quente e sobe, aí esfria e desce, dissolvendo a sílica. Então a água vai ficando rica em sílica. Quando o processo esfria, o magma vira rocha e se torna saturada em sílica, se precipitando em opala e outras pedras", explica Érico Gomes, geólogo, estudioso das opalas e professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI).

É possível produzir as mais diferentes pedras - Lucrécio Arrais

Visualmente, as opalas piauienses e australiana se parecem.

 "Empresas australianas passaram um tempo explorando e comercializando a nossa opala como se fosse lá. As características são parecidas e isso causa confusão no mercado. A cor da opala é um efeito óptico. Ela é formada de pequenas esferas, e a luz quando atravessa faz uma difração da luz, quebrando a luz branca em vários aspectos de cores", avalia Érico Gomes.

Mais de 90% das opalas do mundo são da Austrália, além da Etiópia, que hoje produz mais do que o Brasil. "Também há produção no México, Filipinas e Nova Zelândia", finaliza o geólogo.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES