Entrevista: Zagallo garante que sexo aos 80 anos é muito normal

Pioneiro ao jogar como ponta que ajudava na marcação, ele receberá justas homenagens de clubes como Botafogo e Flamengo.

Tetra-campeão mundial, o Velho Lobo completa 80 anos na próxima terça-feira | Agência O Dia
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Rio - Duas vezes campeão do mundo como jogador (1958 e 1962), uma como treinador (1970) e outra como auxiliar-técnico (1994). As quatro conquistas fazem de Zagallo o maior vencedor em Copas da história mundial. A dois dias de completar 80 anos, o Velho Lobo diz ao MARCA BRASIL que não abre mão da conquista do hexacampeonato em 2014, reafirma que Ronaldinho Gaúcho não tem chance no meio-campo com a Amarelinha e até confessa que Viagra é a solução quando o assunto é sexo. Zagallo pediu saúde como presente de aniversário, mas, na hora de assoprar as velas do bolo, a paixão pelo futebol falou mais alto: ?Ao hexa!?. Pioneiro ao jogar como ponta que ajudava na marcação, ele receberá justas homenagens de clubes como Botafogo e Flamengo ao longo da semana e, mesmo avesso a uma grande festa, tem a certeza de que sua mulher, Alcina, vai ?aprontar alguma?.

MARCA BRASIL: Como você chega aos 80 anos, física e mentalmente?

Zagallo: O tempo voou. Estou bem. Fiz uma operação em 2005 (de desobstrução do duodeno em que teve todo o seu sistema digestivo reconstruído) e correu tudo bem. Nasci de novo. Em outra época, eu não estaria batendo papo com você. Lembro de tudo o que passei na minha vida, sempre agradecendo a Deus, que me botou como um brasileiro da Seleção, o maior vencedor, até mundial, na Seleção. Ninguém tem esses quatro títulos e ainda um vice-campeonato. É uma dádiva ter tantas conquistas.

MB:Está pronto para os 90, 100 anos?

Z: Sempre digo que estou numa reta... Na verdade, já ultrapassei. Meu pai morreu com 62, meu irmão, com 64; minha mãe, com 67; e eu estou com 80. Já bati recorde. (Zagallo solta uma gargalhada).

MB: Tem feito exercícios?

Z: Jogava muito tênis, parei. Agora jogo bocha todos os dias, das 16h30 às 19h. Sou o mais velho, o veterano. Os outros têm 70, 69... O bom é que distrai, o tempo passa. A gente se diverte muito. Há dois meses eu parei de ir à academia, mas preciso retornar.

MB:Aos 80 anos, dá para falar de sexo?

Z: Hein? O sexo é normal. Tem o azulão aí...

MB: Você disse que o Ronaldinho Gaúcho não jogará mais pela Seleção. Após essas atuações, volta atrás?

Z: Não. Eu falei que ele não tem condições orgânicas para fazer a função de um homem de meio-campo. Falta pulmão. Não é problema de idade. Isso é nato. No meio não dá. Eu não sou contra ele, sou realista. Agora, eu falo e explico a razão. Eu joguei nessa função e sei o que é correr 100 metros.

MB:Mas ele vai à Seleção?

Z: Se ele vai chegar é problema do Mano Menezes. Repito: na função de homem de meio ele não tem condição. Agora, se lá na frente o Mano achar que ele deve ir, aí é um problema dele.

MB: Você reviu Neymar, Lucas e Paulo Henrique Ganso no sorteio dos grupos da Eliminatória. Como foi?

Z: Foi ótimo. É uma nova etapa da vida deles. Eu disse ao Neymar e ao Ganso que eles têm tudo para chegar em alto nível. Falei no ouvido do Lucas para ele ter calma porque 2014 está esperando por ele. Para o Neymar, não falei nada porque ele já está num patamar mais acima. O Lucas está começando e vai caminhar porque tem qualidade, é muito promissor.

MB: Como tirar a pressão dos ombros desses meninos para a disputa de 2014?

Z: A verdade é que eu gostaria de vestir a camisa e estar lá dentro. Sem medo de nada, porque eu sou de enfrentar as coisas. O cara que treme não pode jogar na Seleção. Se eu estivesse lá, estaria vibrando como nunca. Seria uma despedida com o hexa na minha frente. Quem perdeu em 1950 não foram eles. Eles vão ganhar em 2014. É outra etapa da vida, 50 já era, não tem retorno.

MB: Qual é a sua Seleção de 2014?

Z: Faltam três anos. É o início do trabalho. Jogador que não está sendo titular pode estar na Copa. Lucas, Neymar, Ganso têm tudo para estar presentes. O Julio Cesar é um goleiraço. Tem o Pato... Daniel Alves, Maicon... Depende do Mano.

MB: O Mano Menezes chega à Copa de 2014?

Z: Torço por ele. Agora, futebol é imprevisível, é sinônimo de vitória. Faço votos que ele consiga armar uma seleção o quanto antes. Quanto menos substituição melhor, que ele encontre logo esse denominador comum para repetir. Parece que está muito longe, mas para armar uma equipe não está.

MB: O que pretende para a Copa de 2014?

Z: Quero ver a Copa do Mundo. Estarei torcendo, e o Brasil tem que ser hexa. Isso eu não abro mão. Nós perdemos uma e não vamos perder outra. Todos os outros ganharam em casa, só nós não? Está na hora.

MB: O que achou desta última Copa América?

Z: Nivelou por baixo. Infelizmente. O Brasil não está com time pronto para competir agora. Teve que entrar porque era uma competição que a gente tinha para jogar, mas com uma equipe em formação, assim mesmo faltando valores. Falta um camisa 9.

MB: O Fred não é esse camisa 9?

Z: Não quero entrar nesse detalhe. Não sei qual é o método do Mano, se ele vai jogar com ponta de lança. Para mim, dentro dos 22, tem que ter dois. Fiz isso em 70: dispensei o Zé Carlos e o Dirceu Lopes e convoquei o Dario e o Roberto Miranda. Num grupo você tem que ter especialista em caso de mudança.

MB: Qual a sua maior conquista?

Z: Como jogador, a primeira Copa do Mundo, em 1958. Como técnico, o tri, em 1970. Não tem como distinguir. O Mario Jorge está satisfeito com tudo que o Zagallo fez.

MB: E a maior derrota?

Z: Fugiu uma Olimpíada (Atlanta, em 1996) em que estávamos ganhando da Nigéria por 3 a 1 e acabamos perdendo na morte súbita por 4 a 3. Isso ficou atravessado.

MB: O melhor presente?

Z: Mais saúde. Estou com saúde, mas é isso que eu quero.

MB: Tem medo da morte?

Z: Não vou dizer que tenho medo. Mas quando acontece alguma coisa você fica na expectativa. Se eu tivesse morrido na operação (2005), não sentiria nada (risos). O medo é amanhã ficar numa cadeira de rodas. Gostaria de ficar com saúde o maior tempo possível. Quando fiquei internado no Samaritano, eu ia na janela, com a vista para o Cristo Redentor, e olhava para a rua, para as pessoas passando e pensava: ?Eu era feliz e não sabia?. Só quando você vive o problema é que dá valor.



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