“Estávamos contando os dias para a formatura”, diz pai de morto nos EUA

Jovem estudava agricultura e estava há sete anos nos Estados Unidos.

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Um telefonema na noite de sexta-feira (16) interrompeu os planos e abalou a família Rugini, moradora da pequena Muliterno, município de 1,7 mil habitantes no Norte do Rio Grande do Sul. Do outro lado da linha, um amigo de Marcelo Rugini, 24 anos, avisava que o caçula da família havia morrido em acidente nos Estados Unidos, onde o jovem estudava e trabalhava havia sete anos. Os pais, um agricultor e uma merendeira, já tinham feito passaporte e tirado o visto norte-americano para acompanhar a formatura do estudante.

"Ele era uma pessoa sem explicação, era muito querido por todos, nasceu aqui na comunidade. Estamos muito abalados. Os amigos estão sentindo a perda", disse o pai de Marcelo, Antônio Rugini, 56 anos, na manhã desta terça-feira (20).

O acidente ocorreu no aeroporto regional do condado de Knox, no estado norte-americano do Maine.

Marcelo era passageiro de uma aeronave de pequeno porte e, junto com amigos, faria um passeio. Ainda na pista, o Cessna 172 se chocou em uma caminhonete e caiu logo depois da decolagem. Além de Marcelo, dois colegas americanos morreram.

Por conta das boas notas, o jovem conseguiu uma bolsa de estudos para buscar uma especialização na atividade desempenhada pelo pai. Marcelo cursava Agricultura Sustentável na Universidade do Maine. "Ele sempre se destacava no colégio pelas boas notas, conseguiu bolsa de estudos. Sempre tirava nota acima de nove ou tirava 10. Quando ia um pouquinho pior, tirava oito. Era amigo de todo mundo. Era sempre alegre, fazia qualquer trabalho na fazenda", contou o pai.

Antônio conta que a tão esperada formatura de Marcelo já estava marcada. Seria dia 11 de maio de 2013. A família havia tirado o passaporte e feito o visto norte-americano e agora juntava dinheiro para comprar as passagens. Antônio teria a companhia da mulher, Maria de Lurdes, merendeira em uma escola da cidade, e de uma sobrinha do casal, que fala inglês e ajudaria na comunicação nos Estados Unidos.

"Estávamos contando os dias para a formatura. Já tínhamos feito o passaporte. Estávamos juntando dinheiro, fazendo economias", revelou.

O pai conta que a família tem recebido a ajuda de amigos. A morte de Marcelo mexeu com a pequena cidade, onde ele era muito conhecido. Mas para Antônio ficam as boas recordações de um filho de quem ele fala com muito orgulho. "A gente está se conformando, tem que aceitar, não tem o que fazer, mas foi um choque muito grande. Temos mais uma filha, mas não mora mais conosco, já é casada. O Marcelo é o caçula", explicou.

"A situação é dura, mas tem que passar. A vizinhança está nos ajudando. Marcelo era um rapaz bonito, inteligente, trabalhador, só dá pra falar qualidades dele?, descreveu o cunhado, Fernando Vassoler, casado com Cadjaluana Rugini, irmã mais velha de Marcelo.

Ligação inesperada serviu de despedida

Um dia antes do acidente, na quinta-feira (15), por volta das 11h, o telefone tocou na casa dos Rugini. Dona Lourdes atendeu, surpresa. Era Marcelo. A mãe logo perguntou se estava acontecendo alguma coisa, pois o filho costumava ligar apenas no fim de semana ou à noite.

"Ele não tinha costume de ligar durante a semana e de dia, ligava no domingo ou à noite. Aquele dia ele ligou 11 horas, minha esposa até perguntou porque estava ligando, ele disse que queria saber como todos estavam, perguntou da irmã, dos sobrinhos, perguntou sobre todo mundo. Minha esposa insistiu perguntando porque ele queria saber de todo mundo. Ele disse que ia ter provas, ia ficar estudando e não ia poder ligar nos próximos dias?, contou Antônio.



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