Estudantes levam atendimento gratuito à população em ações de saúde

Projeto Parasitoses é ação prática de alunos do curso de Biologia da Uespi.

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Estudantes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) participam do Projeto Parasitoses que tem como objetivo levar atendimento gratuito de prevenção e cuidado de doenças parasitológicas à população de Teresina. A ação faz parte da disciplina de Parasitologia, do curso de Biologia e tem o intuito de melhorar as condições de saúde de moradores de comunidades em situação de vulnerabilidades sociais. Mais de 300 crianças já foram beneficiadas com a iniciativa.

Iniciado em 2016, o projeto é voltado para fomentar a pesquisa e atender a comunidade por meio de ações de saúde com a coleta de exames de fezes, hemogramas, colesterol e glicose, beneficiando famílias de diferentes comunidades da capital piauiense. Diretamente, o projeto atendeu 500 pessoas com a realização de exames e cerca de 800 teresinenses indiretamente com a participação na ação social.

O projeto surgiu pela observação da professora do curso de Biologia da Uespi e coordenadora da ação, Simone Mousinho, quanto ao baixo desempenho dos alunos na disciplina, daí veio a ideia de sair do método tradicional e fazer uma forma diferente de aprendizado, além dos muros da universidade. “Eu quis criar novas estratégias para chamar a atenção dos alunos, agregando o aprendizado ao benefício social, no qual eles mesmos vão realizando os exames na população, tanto na parte da coleta quanto na análise e interpretação dos resultados e diagnóstico. De 2016 para cá, essa estratégia vem dando muito certo”, avalia a docente.

Segundo a professora, o projeto surgiu como uma forma de retribuir para sociedade o que os alunos aprendem em sala de aula. “Ao longo desses anos, atendemos mais de 300 crianças. Temos por objetivo identificar as principais parasitoses intestinais em crianças e adolescentes de 3 a 15 anos de idade, atendendo também seus responsáveis”, explicou Simone. Para ela, o projeto tem relevância por ser parte de uma disciplina em sala de aula e uma ação social gratuita para toda a comunidade.

A cada semestre a atividade é realizada com uma turma diferente e, nesse tempo que o projeto foi realizado, atendeu a população dos bairros Wall Ferraz, Vila Maria, Cerâmica Cil e agora, por último, do bairro Pedra Mole.

De acordo com os resultados, as famílias receberão um kit de higiene pessoal para crianças, chinelos como forma de prevenção contra ancilostomose, um filtro e remédios para vermes. “Inicialmente, os alunos vão até os bairros, fazem o contato com o pessoal responsável pela comunidade, seja associação de moradores, seja uma igreja; fazem o cadastro das pessoas e fazemos a primeira ação, que é a coleta dos materiais. Depois temos o dia da culminância, que é a entrega dos resultados e dos kits de higiene pessoal e medicamentos gratuitos, que conseguimos com parceiros médicos e farmacêuticos”, explica a coordenadora.

Também há palestras educativas e atividades lúdicas envolvendo jogos e brincadeiras sobre saúde ambiental, higiene, formas de tratamento da água e higienização de alimentos para toda comunidade. Em 2019, o projeto atendeu 230 pessoas. Os estudantes são responsáveis ainda pelo levantamento do perfil epidemiológico-socioeconômico de enteroparasitoses em crianças de 3 a 10 anos.

Para o aluno do 7º período do curso de Biologia, Adriano José, além do aprendizado sobre o conteúdo da disciplina na prática, a experiência permite a satisfação de proporcionar mais saúde às pessoas. “O maior aprendizado que temos enquanto alunos, é poder proporcionar à população a realização dos exames de forma gratuita, levando a eles esse serviço com mais celeridade. Fazemos com dedicação e preocupação. Além dos exames, orientamos sobre os cuidados básicos com a higiene deles próprios e dos alimentos a serem consumidos. São essas pequenas atitudes que causam impacto na prevenção de doenças”, explica Adriano.

Parceria

A ação conta com parceiros como farmacêuticos, médicos, biomédicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionista, pedagogos, dentre outros profissionais ligados à saúde e ações voluntárias, além da parceria do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI), Associações de Moradores da Região e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Última Dias.

Juraci da Silva, professor do curso de Análises Clínicas do IFPI, ressalta o benefício para os alunos na participação do projeto Parasitoses. “Esse projeto dá oportunidade aos alunos colocarem em prática o que aprenderam e também ter esse contato com a população, principalmente a população mais carente, ao qual trabalhamos a fim de despertar neles um atendimento mais humanitário. Consequentemente, observamos o avanço dentro da disciplina, no qual eles passam a ter um rendimento bem melhor com essa experiência”, destaca o docente.

Alcance social

Segundo Maria do Rosário, moradora da região do bairro Pedra Mole e membro da associação de moradores, o projeto veio em um bom momento e ajudou muito na prevenção de doenças. “É muito bom para nós, principalmente quem trabalha e não tem tempo de ir ao posto de saúde. Então, qualquer projeto que venha ao nosso bairro, que venha até nós é muito bom. As famílias precisam mesmo dessas orientações sobre a higiene”, comenta Rosário.

A professora Simone ressalta que os principais parasitas intestinais encontrados são relacionados ao consumo de água ou má higiene sanitária e pessoal. “O foco principal são os exames de fezes, que apontam, geralmente, a presença de giárdia, ameba, vermes no geral relacionados à ingestão de água ou má higiene sanitária”, explica Mousinho.

A costureira Maria Francisca reitera o que aprendeu com a passagem do projeto pelo bairro. “Aprendemos a ter mais cuidado com as crianças e reforçar esse cuidado com a higiene. Minha família toda fez os exames, eu, meu esposo e meu filho. Então, a iniciativa é muito boa porque temos o posto, mas o projeto vindo assim facilita pra nós”, conta a moradora.

O projeto encerrou a última etapa este ano com a ação no bairro Pedra Mole, cumprindo a missão social. “O aprendizado não tem que ficar só dentro da academia, se tudo que fizermos na universidade não tiver o retorno para a sociedade, o aprendizado não vai valer a pena. Então, fica o aprendizado tanto para a população, que vai tentar minimizar as condições que já são precárias, mas pequenas mudanças nos hábitos de higiene podem melhorar suas vidas e, no caso dos alunos, é exatamente a ideia de que possam se tornar profissionais bem mais humanizados, esse, pra mim, é o maior objetivo desse trabalho”, conclui Simone.



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