EUA escolhem diplomata Todd Chapman para cargo de embaixador no Brasil

Profissional com perfil técnico mostra que o governo americano quer evitar perfil associado à polarização política

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O governo norte-americano escolheu Todd Chapman para ser seu próximo Embaixador no Brasil, cargo vago desde novembro do ano passado e ocupado interinamente pelo encarregado de negócios William Popp. 

Ainda existe um rito diplomático a ser cumprido antes que Chapman possa assumir a nova função em Brasília. Caberá ainda ao Governo do Brasil chancelar a escolha do nome indicado pelos EUA, assim como o Senado norte-americano.

A opção por Chapman é uma boa notícia. Diplomata de carreira, fluente em português e experiente em assuntos relacionados ao Brasil, onde já serviu outras vezes, ele representa a opção por um perfil técnico. Seu último cargo foi como Embaixador dos EUA no Equador.

Foto: Reprodução

É uma escolha que sinaliza a estratégia política da administração americana. E revela como os EUA pretendem dimensionar a sua relação bilateral com Brasília. Três pontos merecem destaque da perspectiva diplomática: 

1) Os EUA olham mais para o futuro da relação bilateral do que para a circunstancial conjuntura atual. Por isso, escolheram um nome técnico e não um político ou ativista conservador. 

2) O governo Trump demonstra que não quer que a indicação seja instrumentalizada no polarizado contexto político brasileiro.

3) A entrada de um diplomata de carreira pode consolidar canais de interlocução com todas as alas do espectro político nacional. 

Ao invés de espelhar pelo lado norte-americano a escolha do Presidente brasileiro, a estratégia da Casa Branca parece ser a de construir laços políticos e econômicos para além dos “muros bolsonaristas”. 

A opção foi manter a tradição, inaugurada com Thomas Shannon, de nomear um profissional do quadro do serviço exterior para o Brasil, blindando as relações bilaterais da influência de doadores de campanha e de instituições ideológicas. 

Em suma, a relação com o Brasil foi tomada como uma questão de Estado, dando continuidade, nesse aspecto, ao governo Obama.

É bem possível que a Casa Branca tenha aventado, em algum momento, a possibilidade de lançar um nome político. No entanto, o curso da manobra foi recalculado. 

A escolha de um perfil ideológico para ocupar o posto em Brasília poderia ser interpretada como um sinal de consentimento a políticas públicas adotadas pelo governo brasileiro e que não são bem vistas no Congresso, em Washington. 

Ao evitar uma indicação ideológica e optar por nome técnico, o governo Trump afasta qualquer chance de seu escolhido ser reprovado no Senado americano.

Trata-se de prudente pragmatismo diplomático. No período do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, os EUA mantiveram sobriedade e a devida equidistância. 

Durante a gestão Temer, Washington sinalizou que o mandatário da Casa Branca encontraria com o chefe de Estado brasileiro, no entanto, sempre à margem de uma visita presidencial à capital americana. 

São sinais de como se calcula e refina uma estratégia de Estado e, sobretudo, como se evita cair em armadilhas com países cujo foco é estimado para o longo prazo. O que fica nítido nesse processo é que diplomacia se faz com razão e não com sinais oblíquos ou retóricas vazias.  

Talvez o Brasil possa extrair uma ótima lição do processo decisório americano se optar, evidentemente, por tratar a diplomacia nacional de forma mais madura e profissional. Como se diz na gíria do futebol, o governo americano deu um “nó tático” no governo brasileiro. 

Boa sorte ao Embaixador Chapman e que as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos sejam sempre orientadas por interesses nacionais objetivos, zelando no melhor sentido para a prosperidade e interesses dos cidadãos brasileiros e americanos.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES