Filme Niède rouba a cena em festival internacional

Sucesso é o saldo das três exibições que fizeram parte da etapa São Paulo do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (It’s All True, em inglês),

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Simone Siman

Colaboração para o Jornal Meio Norte

Com ingressos esgotados nas três sessões realizadas na programação de São Paulo, o longa-metragem dirigido por Tiago Tambelli narra a trajetória singular da arqueóloga paulista Niéde Guidon à frente do Parque Nacional Serra da Capivara, que sob sua gestão se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade e está prestes a celebrar 40 anos de história.

Três sessões na metrópole paulistana e nenhum ingresso sobrando. Sucesso é o saldo das três exibições que fizeram parte da etapa São Paulo do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (It’s All True, em inglês), realizado com curadoria do seu fundador, o crítico de cinema Amir Labaki. As exibições aconteceram nos dias 04 (duas sessões) e 09 de abril, no Instituto Moreira Salles (unidade Paulista) e no Sesc 24 de Maio, respectivamente. Elas encheram as telonas paulistanas de cenários de tirar o fôlego, as salas de público de todas as idades, o imaginário de críticos com perspectivas sobre o lugar antes não alcançadas e os olhos de muitas pessoas de lágrimas, embora haja quem tenha sorrido com a sagacidade dos personagens.

 Crédito: Simone Siman

A obra, que contou com o financiamento do Governo do Piauí, enaltece o pioneirismo legado científico de Niéde, que chegou à Serra da Capivara na década de 1970 e logo entendeu que o que havia aprendido sobre a arte rupestre do Brasil era um desmerecimento, ou, no mínimo, um desconhecimento. Nas tocas que hoje pertencem ao Parque Nacional Serra da Capivara, Niéde reconheceu uma arte rupestre elaborada que nada tinha a ver com “rabiscos de criança”, como a reduziram professores da cientista na escola francesa.

A repercussão do filme junto aos críticos de importantes jornais diários de São Paulo, levou jornalistas especializados em cinema a revelarem, textualmente, que ficaram impressionados com o céu estrelado que paira sobre os cânions da região projetado nas telonas e “confessaram" terem ficado com vontade de reparar o ato falho de não terem ido antes conhecer de perto o Parque Nacional da Serra da Capivara, que no Dia Mundial do Meio Ambiente, próximo dia 05 de junho, completará 40 anos.

Crédito: Simone Siman

Para compor a obra, as produtoras B&T Audiovisual, de Teresina, e a Lente Viva Filmes, de São Paulo, trabalharam juntas cerca de dois anos, entre as fases de pesquisa, produção e as filmagens que aconteceram em três etapas; todas elas contando com a participação de profissionais e auxiliares do Piauí. Para Talyta Magno, produtora executiva da B&T Audiovisual, “foi muito importante termos uma produtora com DNA piauiense dando corpo a um filme que alcançou a participação em um festival internacional de documentários. Concorremos com mais de 1600 inscritos e ver o filme Niède com essa projeção além dos limites do estado do Piauí é uma vitória muito grande”.  

 O processo de apoio para as gravações foi coordenado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) por meio do secretário de cultura à época, deputado estadual Fábio Novo, e, pessoalmente, pelo governador Wellington Dias, que desde a apresentação do projeto se mostrou interessado na gravação do longa no Piauí, em especial, na região do Parque Nacional da Serra da Capivara: "é muito gratificante levar ao conhecimento do publico as histórias de Niéde Guidon, suas importantes descobertas e iniciativas. Destaco a visão e preocupação dela com a realidade, por meio da criação do Museu da Natureza, que representa bem mais que um lugar de memória; é uma oportunidade de conhecer as mudanças climáticas. que acontecem no Brasil e no mundo”.

Crédito: Simone Siman

É um trabalho de respeito. Tanto que Marcello Dantas, um dos nomes expoentes da arte, especialista em criar exposições voltadas a um público já educado na era digital e curador do Museu da Natureza (inaugurado pouco antes do final de 2018 no Parque Nacional da Serra da Capivara - PI ), prestigiou o lançamento do filme sobre a vida e obra da arqueóloga que imprimiu a inovação como marca na sua pesquisa e trouxe ele para mais perto. Somente em 2018, Dantas, que vive em São Paulo, viajou 1 milhão e 70 mil milhas, pelo Brasil e Internacionalmente, mas esteve três vezes na Serra da Capivara.

Crédito: Simone Siman

Marcello Dantas - Um dos principais nomes brasileiros da arte e curador do Museu da Natureza - PI prestigia o lançamento do filme Niède no Festival É Tudo Verdade 2019 em São Paulo _Foto Simone Siman


O entusiasta de tecnologias que propiciam experiências imersivas em projetos museológicos resumiu a razão de abrir agenda e estar ali: “a história da Niéde é fascinante“. Dantas conhece bem o cenário do filme ao vivo e em cores, bem como sua protagonista: "faz vinte anos que vou lá. Eu adoro o lugar, justamente pelo seu enigma. Não é um lugar fácil. É para se experimentar, descobrir e contemplar. O tempo todo a vida está se manifestando na Serra da Capivara. Entender que mesmo a natureza com toda a sua grandeza tem um senhor e que não existe natureza sem clima foi determinante no desafio de construir uma narrativa e ajudar o Museu da Natureza a contar história. Para isso, a única alternativa que tive para endereçar as pesquisas da Niéde foi a tecnologia. É ela a protagonista do seu legado cientifico”, explica.

  

Niède cria um elo entre passado e futuro e agrada público de todas as idades

Niéde, com seu pulso firme na gestão de uma área de aproximadamente 130 mil hectares administrada pelo ICMBio, em regime de cogestão com a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), e condução das pesquisas em um ambiente hostil, conquistou a admiração e o reconhecimento de moradores do entorno da Serra da Capivara. Alguns deles vieram até São Paulo, vestindo camisetas do parque (incluindo pais e filhos exibindo orgulhosamente a emblemática Capivara no peito) para prestigiar o filme que retrata a história de um lugar que se tornou indissociável da identidade de Niéde; que desperta a nostalgia e orgulho dos filhos desse incomparável pedaço de chão que a chamam de terra Natal, mesmo que de lá há muitos anos tenham saído. É o caso da piauiense (nascida na fronteira do estado com o Maranhão) Ieda Gomes, de 66 anos. Ela vive há 45 anos em São Paulo, capital, mas foi conhecer o Parque Nacional Serra da Capivara em 2017 junto com cinco amigas; todas estavam presentes e animadas de terem conseguido disputados ingressos (esgotados em cerca de cinco minutos) para a sessão inaugural de Niède no festival.

Outro morador de São Paulo que, literalmente, vestiu a camisa do filme “Niède”, é o conterrâneo da empresária de São Raimundo Nonato, Socorro Macedo, que produziu e presenteou amigos, jornalistas e membros da equipe do filme com a estampa da arqueóloga criada especialmente para a ocasião. 

Dico Menezes, fez questão de ir ao cinema, aos 84 anos e acompanhado da família,  assistir um ícone de sua terra Natal, que, com quase a mesma idade que ele, ganhou uma cinebiografia para sua coleção de feitos e histórias. “Eu tinha que vir para ver Niède”, disse antes de, gentilmente, adiar sua saída do auditório e posar para a foto que pedi com um sorriso estampado no rosto dele e o rosto de  Niéde no peito.

Dico Menezes, 84 anos | Crédito: Simone Siman

Também feliz, na fila para a segunda sessão, estava o documentarista de 31 anos, Frederico Hahal; “mal pude acreditar quando me dei conta de que poderia rever a Serra da Capivara na telona, aqui em São Paulo, em pleno Festival É Tudo Verdade. Eu estive lá em 2015, de passagem, por indicação de um tio e gravamos algumas cenas para um documentário sobre lutas; captamos imagens de pinturas rupestres para ilustrar o tema e enriquecer o material audiovisual. Tive sorte de ler hoje sobre a programação e chegar em tempo de garantir ingresso”.

 

Documentarista Frederico Hahal_Foto Simone Siman

As crianças também marcaram presença e com sua inequívoca sinceridade saíram da sessão contando “as maravilhas” que tinham visto no filme, que, apesar de ter mais de duas horas de duração, entreteve do começo ao fim as irmãs Alexia Eduarda de Jesus, 6 anos, que se encantou com as pinturas da Serra da Capivara, e Mirelly Vitória de Jesus, 8 anos, que disse, “eu amei ver os bichos”. A mãe, Kátia Regina de Jesus, curtiu a aprovação das pequenas que, até então, não tinham nenhum conhecimento sobre esse Patrimônio Cultural e ambiental e considera importante as meninas terem criado um laço afetivo com a descoberta.

 

Alexia e Mirelly assistiram ao filme e ficaram encantadas com a beleza do Parque |  Crédito: Simone Siman

Outras irmãs assistiram ao filme, porém, já familiarizadas com a paisagem da Serra da Capivara: Valentina Gogliath Pessoa, 2 anos, e Nina Siman Pessoa, 8 anos, filhas do fotógrafo André Pessoa, que tem sua trajetória de vida e profissional intimamente ligada à história do lugar e à natureza local. São dele os registros que ajudaram a documentar a importância do Parque Nacional da Serra da Capivara em mídias nacionais e internacionais. Por ter convivido durante  25 anos com a protagonista e muitos dos personagens,  conhecer das profundezas dos cânions às entranhas das rochas locais e em que momentos dos dias os cenários oferecem seu melhor retrato, ele atuou na pesquisa  e assina conjuntamente com Bárbara Nepomuceno, Talyta Magno, Fátima Guimarães Maurício Monteiro e Fernanda Lomba, a produção executiva do filme Niède, além  de seu olhar ter colaborado com a direção de Tiago Tambelli e Jacques Cheuiche, que juntos assinam a fotografia.

 

Crédito: Simone Siman

Para Valentina, a filha caçula do fotógrafo, Niède foi a primeira sessão de cinema. Já para filha que vive em São Paulo, Nina, “foi legal rever os macaquinhos que vejo durante as férias na Serra na telona. São muito espertos e atendem mesmo aos chamados como no filme. Seguem até um mestre e devemos cuidar sempre para que não machuquem eles”. Renato Pessoa, o filho de 15 anos, criado em São Raimundo Nonato tendo o parque como quintal, não veio para a estreia; vai esperar o longa-metragem sobre o ambiente familiar chegar ao anfiteatro da Pedra Furada para ver o filme de uma perspectiva privilegiada. Uma coisa é fato comum para todos; a Serra da Capivara é o berço do homem americano.

 Uma das mensagens do filme é diretamente destinada ao futuro; as crianças. Guiadas pelas mãos de quem está acostumada a ficar na ponta dos pés, a bailarina Lina do Carmo, as crianças das comunidades vizinhas ao parque revelam numa coreografia ambientada no Sítio do Mocó, que está claro o papel delas na preservação do patrimônio cultural, socioambiental e na perpetuação do legado cientifico da “Doutora”, como costumam se referir à Niéde. Sem dúvida, um dos pontos altos do filme, ao lado do céu estrelado retratado de forma espetacular com uma luminosa lente Lumix; daquelas que fazem o efeito celestial reluzir à altura na sétima arte.

 Como parte primordial do roteiro, a bailarina também empresta seu corpo e arte à performance espetacular realizada no desfiladeiro da Capivara, dentro da Gruta do Inferno, para dar vida à personagem “Alma Inalterada”, sob uma luz de ouro criada por refletores que reproduzem o efeito de iluminação solar suportada por potentes geradores de energia. Ver a expressão ancestral da bailarina no interior da Gruta do Inferno, entre milhares de partículas suspensas em meio a uma luz dourada, remete também a uma das primeiras ferramentas tecnológicas do homem primitivo. Dá para imaginar que se Niéde tivesse nascido nessa época, sendo a mulher que é, provavelmente, teria brincado com fogo também.

 Produção cinematográfica deixa o Piauí bem na foto

 O Filme Niède deixa as Salas de São Paulo com portas abertas às próximas produções do Piauí e parte para ser recebida de braços abertos na “cidade maravilhosa”. O público carioca e visitantes de passagem pelo Rio de Janeiro puderam conferir a programação nesta sexta-feira (12) e sábado, 13 de abril (às 16h30) na Estação NET Botafogo.

 Para João Rodrigues, coordenador de Comunicação Social do Governo do Piauí, que tem a descentralização da cultura em foco, o filme Niède, é um retorno gratificante ao apoio do Governo do Estado, que já apoiou anteriormente outras produções através da Agência Nacional do Cinema (Ancine) via Lei de Incentivo ao Audiovisual, como o filme Torquato, que levou nove premiações para casa. Por falar em lar, aos 86 anos de idade, já aposentada, Nilde não participou presencialmente da exibição inaugural prestigiada por  autoridades do governo piauiense, como o governador Wellington Dias, o deputado estadual Fábio Novo, a atual deputada federal Margarete Coelho, acompanhada das irmãs; Sadia Castro e a prefeita de São Raimundo Nonato - PI, Carmelita Castro.

Crédito: Simone Siman

Amigos de longa estrada, Niéde, ciência, política e as marcas do tempo

Paes Landim, político recordista no número de mandatos como deputado federal pelo Piauí, declarou: “sou nascido em São João do Piauí e como professor sempre valorizei a pesquisa. Para mim, o filme Niède é um marco de reconhecimento em vida a a uma vida de trabalho dessa mulher que tornou o Parque nacional da Serra da Capivara Patrimônio Cultural da Humanidade e fez a ciência brasileira dar um salto sem precedentes. Muito merecida essa homenagem, ela é um patrimônio vivo. Nesses meus 31 anos como deputado, um dos feitos que mais me orgulha é ter conseguido viabilizar esforços para o Museu do Homem Americano sair do papel.

 

Paes Landim e governador Wellington Dias - Crédito: Simone Siman

Eu convivi com Niéde, é uma mulher excepcional, uma revolucionária que levou dignidade ao sertão. Muitas vezes, ela foi incompreendida e se reservou em sua casa, sob a atmosfera da música clássica, em meio aos pássaros, em pleno sertão. Exatamente como aparece no filme. Arrisco dizer que Niéde, talvez seja mais admirada fora do estado do que no Piauí. Acredito que esse filme pode dar uma dimensão sobre a obra dessa mulher que levantava às 3 da manhã para trabalhar e que dedicou sua vida a isso. Fez muito pela educação das crianças por meio de convênio com a Itália e não poupou esforços para fomentar a cultura das crianças aqui da região, que, em certa ocasião, receberam o Embaixador da França cantando o hino nacional do visitante, com o francês na ponta da língua. Niéde é incansável; uma resistente. Para mim, sua obra está a altura de um Nobel.”

O Dr. Regis de Oliveira, ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, assim como Landim e dezenas de admiradores do trabalho de Niéde e do Parque Nacional da Serra da Capivara que foram até o IMS, não conseguiram entrar na primeira sessão do filme Niède pois os ingressos se esgotaram em poucos minutos, à mesma proporção que o orgulho de ter a obra prestigiada cresceu: “fico feliz por saber que a obra de Niéde está sendo vista”, diz Landim, que relembra: "durante meu mandato consegui retocar o trecho entre São Raimundo Nonato, cidade base do Parque Nacional Serra da Capivara no sudeste do Piauí, até o trecho baiano da rodovia  BR 020, depois de uma visita que Enrique Iglesias, enquanto presidente do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, fez à Niéde e lamentou o acesso a um patrimônio inestimável ser tão precário”, relembra Landim. “Espero que esse filme pavimente o acesso a esse legado deixado por Nilde no Piauí, mas que é para a humanidade”, finaliza um dos confessos entusiastas da obra da arqueóloga.  

O histórico político Piauiense terá que aguardar a próxima sessão na Pedra Furada para assistir as cenas de Niéde a bordo da Rural Willys da Dra. Sílvia Marranca e outras pesquisadoras convidadas para fazer uma expedição pela região da Serra da Capivara, que ainda hoje, quase 40 anos depois, segue sendo um dos 37 últimos lugares selvagens da Terra; nada mais emblemático para ilustrar sua atitude intrépida para desbravar caminhos até seu objeto de estudo e seu apetite pelo novo. “Foi um intenso trabalho de pesquisa”, tivemos que ir à fundo, inspirados por Niède, numa verdadeira escavação de acervos do passado espalhados pelo mundo para encontrar essas imagens”, explica Tambelli.

Perpetuando o legado de Niéde Guidon 

A Dra. Sílvia Marranca teve a palavra na sessão de abertura e fez de uma metáfora o seu discurso sobre a homenagem à amiga: “a Niéde é como um trem, sempre andou feito uma máquina, e nós, pesquisadores éramos como os vagões; nunca nos soltou. Sempre seguimos seu ritmo. Ela sempre seguiu suas convicções, mas sempre nos ouviu. Niéde é de uma capacidade realizadora e generosidade científica ímpar”, admite a pesquisadora, também personagem do filme.

Nesse caminho trilhado por mulheres fortes e sábias desbravando essa longa estrada, surge a nova geração de arqueólogas, como a personagem Gisele Daltrini Felice, arqueóloga pesquisadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), com ênfase na Arqueologia Pré-histórica, Geoarqueologia, Estratigrafia, Geomorfologia e Arqueologia Experimental. É ela quem percorre no filme, ao lado de Niéde, os caminhos bem estruturados do Parque Nacional da Serra da Capivara, pontuando a existência de áreas com reservatórios de água que atendem a sede dos animais silvestres, bem como bancos que servem para contemplação dos paredões com pinturas rupestres protegidas das intempéries do tempo em meio à natureza local; um parque de primeiro mundo.

Gisele _Silvia Marranca e dona Albertina | Crédito: Simone Siman

Sua voz, doce, introduz no filme a necessidade de a arqueóloga Niéde ter se posicionado de forma contundente no centro do questionamento da tese mais tradicional de Povoamento das Américas: “ela não propõe uma nova teoria, ela traz mais dados para o debate”.   Gisele evidencia por meio de seu trabalho em cena que há muito mais por se descobrir nesse “poço sem fundo” que é a região em termos de possibilidades de avanço e descobertas científicas: “ há um potencial enorme nas pesquisas  que iniciamos aqui”, esclarece a arqueóloga que devido à paixão pelo Oriente de sua mãe, Albertina Daltrini Felice, teve a oportunidade de crescer com a referencia das viagens que fez na Infância por lugares como Egito, Jordânia, dentre outros lugares representativos para a arqueologia mundial, muito antes de fincar seus pincéis no instigante e promissor solo da Serra da Capivara.

 

Doutora Silvia Marranca personagem do filme no palco_Foto Simone Siman

Niède vai esperar filme chegar em São Raimundo Nonato

A arqueóloga que protagoniza o filme permaneceu na Serra da Capivara e vai aguardar Niède chegar mais perto de casa, ao anfiteatro da Pedra Furada para assistir a produção a qual dá nome. Até lá, já saberemos se o filme Niède levará para a prateleira do estado do Piauí o prêmio de vencedor da competição internacional de longas, a ser anunciado no dia 14 de abril no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo. “Estou ansioso pelo resultado da competição mas já muito feliz por ter realizado o filme que se dedica a contar como nenhum outro antes fez a história dessa personagem icônica que é a Niède. "Esse prêmio já recebemos”, diz o diretor Tiago Tambelli.

 Já para Niéde, talvez o maior prêmio seja ter a continuidade do seu legado executada de forma eficiente; papel atribuído ao atual chefe da Missão Francesa de Pesquisa na Serra da Capivara, francês especialista em líticos, Eric Boeda, que, como retratado no filme, já vem se ambientando ao clima da antecessora que não esperava pelas previsões ou calmarias e se movia por sua natureza exploradora e inovadora;  fizesse chuva ou sol, passasse o tempo que passasse debruçada nessa ponte entre nosso passado ancestral e significados futuros que representa a Serra da Capivara, entre seus verões e invernos, sem meias estações.

 A marca da passagem memorável de Niéde pelo sertão piauiense e o seu poder de articulação em prol da pesquisa em números é de mais de 1.000 sítios arqueológicos catalogados e 25 mil pinturas rupestres já identificadas. Niède traz a essência da ciência que olha para trás para aprender com o passado, mas que anda nos trilhos da evolução, puxando quem quer ir para frente. Se a Serra da Capivara real tivesse um som, além dos produzidos pelos animais que a povoam,  pelas 208 espécies de aves que por lá gorjeiam, do vento que balança as copas das árvores de mais de 30 metros, das águas da chuva caindo sobre a mata branca até torná-la verde em poucos dias ou gotejando pelos paredões, ele poderia ser atemporal, enigmático e retumbante,  como o que acompanha as aparições dos cânions na telona, desenhado por Edson Secco para contar a história inacreditável de pujança onde tudo era abandono com um nome feminino de acolhimento forte; Niède.



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