Governadores do NE falam de crise de abastecimento de combustíveis

Eles afirmaram que a crise foi 'provocada pela União'

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O Governador do Piauí, Wellington Dias e de mais cinco estados do Nordeste e mais Minas Gerais divulgaram, neste sábado (26), uma carta aberta a respeito da crise de abastecimento de combustíveis no país, provocada pela paralisação de caminhoneiros, que ocorre desde a última segunda-feira (21). No texto, os governadores assinalam que é “inaceitável” a tentativa do governo federal de transferir para os estados a responsabilidade pela solução de uma crise “que foi provocada pela União”. 

O posicionamento é assinado pelos seis estados do Nordeste que fazem parte da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene): Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe, além de Minas Gerais. 

No primeiro dos 11 pontos da carta, dirigida à população desses estados, os governadores afirmam que é “absolutamente incompreensível que o governo federal autorize a Petrobras a adotar uma política de preços direcionada, unicamente, à obtenção de lucro e ao acúmulo de receitas”. Em outro trecho, os governadores chamam a política de preços de “absurda, perversa e irresponsável”. 

De acordo com os governadores, a política da Petrobras tem tomado por base a premissa de precificar produtos sempre de forma superior ao mercado internacional, acompanhando a oscilação apenas quando há elevações de preços. Ou seja: sem repassar aos consumidores as eventuais reduções. 

Na avaliação dos governadores, essa política de preços foi elevando “de forma assustadora” os preços de insumos básicos, como o gás de cozinha, a gasolina e o óleo diesel. No caso do óleo diesel, especificamente, as altas taxas levam a um aumento em todos os preços da economia, como os alimentos.

Os governadores apontam, ainda, que os preços do gás de cozinha e da gasolina têm registrado aumentados com reajustes até a cada 24 horas. 

“Em decorrência dessa perversa política de preços, é cada vez mais comum que famílias – mesmo aquelas que vivem nos grandes centros urbanos – passem a recorrer a fogões de lenha para cozinhar, aumentando, de forma assustadora, o número de acidentes com queimaduras e, muitas vezes até, com perdas humanas e materiais”, denunciam. 

Os governadores continuam o texto afirmando que, quando surge um movimento radical como o dos caminhoneiros “justificado pela desenfreada escalada de reajustes”, mas que coloca em risco a mobilidade, a saúde, a segurança e a integridade física de milhões de brasileiros, o governo federal tenta fugir às suas responsabilidades, ao convocar os governos estaduais para renunciar as receitas do ICMS. Isso, segundo os governadores, seria “supostamente para atender demandas dos representantes dos transportadores participantes da paralização”. 

Para os governantes, transferir para os estados o ônus de redução da alíquota é inconsequente e “desrespeitoso”. A retirada da parcela de recursos destinada à manutenção das rodovias da CIDE também é considerada incoerente – essa manutenção é executada justamente pelos estados e municípios. 

Os governadores, na carta, reforçam que estão à disposição de colaborar com o governo federal para conceber propostas que permitam a aceleração da economia e retomada do crescimento do Brasil. “Ressaltamos, no entanto, que o Governo Federal precisa rever – com urgência – a política comercial da Petrobras, reposicionando-a com responsabilidade e espírito público, trabalhando pelo saneamento das finanças da empresa, mas mantendo – acima de tudo - a consciência de que é completamente inaceitável aumentar, ainda mais, o enorme contingente de famílias brasileiras entregues ao desemprego e mergulhadas na miséria e na desesperança”, afirmam. 

Os governadores reforçam que também estão à disposição para enfrentar “energicamente” qualquer tentativa de relativização ou destruição das conquistas democráticas das últimas décadas, “na certeza de que a única via para superar os desequilíbrios e conflitos é a consolidação da democracia, com estrito respeito de suas práticas, princípios e processos”.

Confira Carta na Íntegra:

Os Governadores dos Estados do Nordeste e Minas Gerais a seguir listados, que se encontram sob a jurisdição da SUDENE – Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Minas Gerais – em face da grave crise de desabastecimento de combustíveis que tanto vem afligindo os cidadãos brasileiros, dirigem-se, agora, à população de seus Estados e de todo o Brasil para firmar o seu posicionamento sobre esse grave tema:

1.Em um momento de tão grandes dificuldades, como o que vem sendo vivido por todo o povo brasileiro – constantemente sacrificado pelos efeitos adversos de crise econômica e política sem precedentes – é absolutamente incompreensível que o Governo Federal autorize a Petrobras a adotar uma política de preços direcionada, unicamente, à obtenção de lucro e ao acúmulo de receitas;

2.A política da Petrobras toma por base a premissa de que a empresa deve precificar seus produtos sempre em patamares superiores aos do mercado internacional, acompanhando as suas oscilações apenas quando há elevação de preços, sem jamais repassar aos consumidores brasileiros as suas eventuais reduções;

3.Essa política de preços foi elevando, de forma assustadora, os preços de insumos básicos para a população, como o gás de cozinha, a gasolina e o óleo diesel, cujo custo repercute, diretamente, sobre todos os preços da economia, a começar por itens de consumo básico, como os alimentos, que exercem forte impacto sobre o orçamento das famílias mais pobres;

4.Os preços do gás de cozinha e da gasolina têm registrado aumentos de tal magnitude e com tamanha frequência que, algumas vezes, têm sido anunciados reajustes a cada 24 horas, numa política que tem levado produtos de primeira necessidade a ficarem completamente fora do poder de compra dos brasileiros, chegando-se a ter 11 reajustes em, apenas, 17 dias;

5.Em decorrência dessa perversa política de preços, é cada vez mais comum que famílias – mesmo aquelas que vivem nos grandes centros urbanos – passem a recorrer a fogões de lenha para cozinhar, aumentando, de forma assustadora, o número de acidentes com queimaduras e, muitas vezes até, com perdas humanas e materiais;

6.Neste grave momento, quando irrompe um movimento radical que – justificado pela desenfreada escalada de reajustes – bloqueia os canais de distribuição de combustíveis e coloca em risco a mobilidade, a saúde, a segurança e a integridade física de milhões de brasileiros, o Governo Federal tenta fugir às suas responsabilidades convocando os governos estaduais – já tão sacrificados pela injusta concentração de recursos na União – a renunciar às suas receitas do ICMS, supostamente para atender demandas dos representantes dos transportadores participantes da paralisação;

7.Diante disso, nós – Governadores dos Estados integrantes da SUDENE – consideramos absolutamente inaceitável a tentativa do Governo Federal de transferir para os Estados a responsabilidade pela solução de uma crise que foi provocada pela União, através de uma política de preços de combustíveis absurda, perversa e irresponsável. Colocar sobre os Estados Federados o ônus de qualquer redução da alíquota sobre os combustíveis – além de ser desrespeitoso – é atitude inconsequente e, por isso mesmo, inaceitável.

8.Para agravar ainda mais o contorno da proposta do Governo Federal, ventila-se a incoerente retirada da CIDE da parcela de recursos destinada à manutenção das rodovias, que é – por Garantia Constitucional – executada por Estados e Municípios da Federação.

9.Nós – Governadores dos Estados integrantes da SUDENE – reafirmamos nossa viva disposição de colaborar com o Governo Federal na concepção de propostas que permitam a aceleração da nossa da economia e a retomada do crescimento do Brasil, mediante a geração de emprego e renda e da inclusão de todos os brasileiros no processo de desenvolvimento da Nação.

10. Ressaltamos, no entanto, que o Governo Federal precisa rever – com urgência – a política comercial da Petrobras, reposicionando-a com responsabilidade e espírito público, trabalhando pelo saneamento das finanças da empresa, mas mantendo – acima de tudo – a consciência de que é completamente inaceitável aumentar, ainda mais, o enorme contingente de famílias brasileiras entregues ao desemprego e mergulhadas na miséria e na desesperança.

11.Por fim, destacamos nosso inarredável compromisso com os valores democráticos, ao tempo em que manifestamos nossa disposição de enfrentar – energicamente – qualquer tentativa de relativização ou destruição das conquistas democráticas do povo brasileiro nas ultimas décadas, na certeza de que a única via para superar os desequilíbrios e conflitos é a consolidação da democracia, com estrito respeito de suas práticas, princípios e processos.



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