Gráfica mudou segurança do Enem sem autorização do Inep, diz Haddad

Manuseio da prova foi realizado em espaço não autorizado pelo Mec, disse.

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O ministro da Educação, Fernando Haddad, revelou nesta quarta-feira (14) que uma mudança no plano de segurança criado para a impressão da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ter contribuído para o vazamento do teste no dia 1º de outubro.

Falando durante a reunião da Comissão de Educação da Câmara, Haddad explicou que a gráfica responsável pela impressão do exame teria aberto um galpão para manuseio das provas impressas sem que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) tivesse autorizado. Seria nessa estrutura, sem a segurança devidamente checada e aprovada pelos técnicos do instituto, que a prova teria sido obtida pelos suspeitos. É a partir dessa investigação que o MEC espera identificar o responsável pelo vazamento e, por consequência, pelo prejuízo de R$ 36 milhões provocado pela anulação do Enem.

O ministro da Educação disse que é essa possível falha no plano de segurança ocorrida dentro da gráfica, em São Paulo, que está sendo apurada. "O Inep investiga qual foi a falha operacional que permitiu que pessoas recém contratadas pudessem ter subtraído a prova em um ambiente de segurança.

Por alguma razão, sem que o Inep fosse informado, abriu-se na gráfica, em São Paulo, um outro espaço sem segurança para manuseio da prova. Ou seja, sem que o Inep fosse informado, o plano logístico foi modificado", afirmou Haddad. Por que se criou um ambiente inseguro? Essa é a questão que precisa ser devidamente explicada pelo consórcio. Ele tem de esclarecer essa decisão que é o principal elemento para explicar o vazamento" Haddad avalia que a principal questão em torno do vazamento da prova do Enem é o esclarecimento dos motivos que levaram a gráfica a abrir um espaço de manuseio do exame sem a devida segurança aprovada pelo Inep: "Na minha opinião, o auditor (responsável pela investigação do caso no Inep) deveria ter atenção bastante acentuada nessa questão. Um novo ambiente de manuseio foi aberto.

Por que se criou um ambiente inseguro? Essa é a questão que precisa ser devidamente explicada pelo consórcio. Ele tem de esclarecer essa decisão que é o principal elemento para explicar o vazamento." A Policia Federal está apurando a parte criminal e já indiciou cinco suspeitos. O Inep abriu auditoria para apurar a responsabilidade civil no caso. Ou seja, quem vai responder pelos prejuízos.

Suspeito

Em entrevista ao Fantástico do último domingo (11), o principal suspeito de planejar o furto das provas do Enem disse que agiu de "boa fé". Segundo Felipe Pradella, a intenção era "alertar para a fragilidade da segurança". "O que eu queria fazer era mostrar que o Enem não era tão seguro”, disse Pradella. "Um outro espaço sem segurança para manuseio da prova. Ou seja, sem que o Inep fosse informado, o plano logístico foi modificado" Pradella tem 32 anos, é corretor de imóveis e está desempregado. Em setembro deste ano ele arrumou um emprego temporário, foi trabalhar como conferente para o consórcio Conasel, contratado pelo governo federal para elaborar o Enem.

O serviço era dentro da gráfica Plural, onde as provas foram impressas. De acordo com a investigação, no dia 21 de setembro, Pradella pegou a prova e a entregou a uma segunda pessoa, Marcelo Sena, que também era conferente e funcionário temporário do consórcio. “Eu fui descobrir que o Marcelo pegou a prova só na Polícia Federal”, garantiu Pradella. Contudo, não é o que Marcelo Sena disse em depoimento obtido com exclusividade pelo "Fantástico". Sena afirmou que foi Felipe Pradella quem insistiu para que ele, Sena, retirasse a prova da gráfica. No dia anterior, 20 de setembro, já tinha acontecido outro roubo, que não foi flagrado pelas câmeras.

Nesse caso, segundo a PF, quem retirou as provas foi um terceiro funcionário do consórcio, chamado Filipe Ribeiro. Ribeiro disse que levou a prova escondida dentro da calça e só fez isso a pedido de Pradella. Já Pradella alega que, sem ele ter pedido, Filipe Ribeiro lhe entregou a prova. Pradella conta ainda que com esse exame em mãos ligou para um amigo, o DJ Gregory Camillo. “Ele me deu a idéia e falou: ‘meu, dá pra fazer um furo jornalístico e ganhar um dinheiro’”, disse Pradella. Gegory Camillo contou outra história à polícia. Ele disse que a idéia de vender foi de Pradella, que fixou o valor em R$ 500 mil. Ao "Fantástico", por telefone, o DJ confirmou o que disse à polícia.

“ [A ideia] foi toda dele (Pradella)”, disse. "Eu não queria ganhar dinheiro, eu queria divulgar. Quantas pessoas de má índole devem ter pegado essa prova”, se defende Pradella. Inquérito A Polícia Federal disse que o inquérito vai ajudar a reforçar o sistema de segurança para a realização de outras provas. “Com relação à fragilidade do sistema de segurança, isso vai ser ressaltado no inquérito policial para nos próximos concursos aprimorarem o sistema", disse Marcelo Sabagin, delegado da PF.

Depois de um encontro com Pradella e Gregory Camilo, no dia 30 de setembro, o jornal "Estado de S. Paulo" noticiou o vazamento. A prova foi cancelada e remarcada para dezembro. A Polícia Federal já concluiu o inquérito e os supeitos foram acusados por furto, violação de sigilo e extorsão da jornalista que denunciou a fraude. Ela disse que depois da publicação um homem fez ameaças por telefone e exigiu dinheiro dela.

A advogada de Pradella diz que seu cliente é inocente da acusação de furto, já que ele diz não ter tirado a prova da gráfica, e inocente da acusação de extorsão contra a jornalista. “Ele nunca teve os telefones da jornalista, então ele vai responder, sim, pelo ato que ele cometeu, que é a violação de sigilo”, diz a advogada Claudete Silva.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES