Guaidó volta à Venezuela e discursa em Caracas

Presidente interino autoproclamado conseguiu entrar sem problemas no país, apesar de ter desobedecido ordem de não deixar o território. Em discurso, convocou novas manifestações para o sábado e disse que buscará mais adesão entre funcionários públicos.

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O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, voltou à Venezuela nesta segunda-feira (4), para participar das manifestações contra o governo de Nicolás Maduro.

Ele foi recebido por uma multidão no Aeroporto de Maiquetía, que atende a capital, e depois foi até uma praça onde era esperado por seus apoiadores.

"Vamos com tudo até conseguir a liberdade do nosso país", discursou, convocando uma nova mobilização para o próximo sábado (9).

O retorno do opositor de Maduro contraria ordem judicial que o proibia de deixar o seu país. Durante a última semana, ele se reuniu com os presidentes de Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador. Em sua fala em Caracas, Guaidó afirmou que seu passaporte ficou "intacto" ao voltar, apesar do descumprimento da ordem do tribunal controlado por Maduro.

Manaure Quintero/Reuters


Resumo

Guaidó voltou a Caracas nesta segunda em voo de Bogotá e foi recebido por uma multidão de apoiadores.

Ele descumpriu uma proibição de sair da Venezuela, o que pode levar à sua prisão. No entanto, entrou sem problemas no país.

Em discurso, convocou novos protestos para o próximo sábado: "Vamos com tudo até conseguir a liberdade do nosso país".

Guaidó disse que tem amplo apoio entre militares (seriam 80%), apesar de só cerca de 700 terem desertado.

Ele anunciou que conversará nesta terça com sindicatos de funcionários públicos para conseguir mais apoio.

"Entramos na Venezuela como cidadãos livres, que ninguém nos diga o contrário. Já sentindo o sol de La Guaira, o brio da cidade que nos esperava aqui", escreveu também no Twitter. O autoproclamado presidente interino agradeceu a ajuda dos países vizinhos e pediu que os apoiadores não cedam à desesperança. "Hoje a Venezuela insiste em avançar", disse.

Deserções

Guaidó destacou que 700 militares desertaram das forças armadas e que "cínicos" dizem que é pouco, mas afirma que muitos mais devem desertar. Ele diz que 80% dos militares apoiariam a saída de Maduro e uma transição à democracia, segundo conversas que teve.

O presidente autodeclarado também lembrou das centenas de milhares de pessoas que deixaram o país. “Não haverá normalidade até que recuperemos o abraço em família, até que retorne o povo que se foi, sentimos falta dos migrantes, os abraçamos na Colômbia, no Brasil, na Argentina e no Equador”.

No domingo (3), Guaidó disse ter dado instruções para aliados internacionais caso seja preso.

“Se o usurpador (Maduro) e seus cúmplices ousarem tentar me deter, será um dos últimos erros que estarão cometendo. Deixamos um caminho claro, com instruções claras a serem seguidas por nossos aliados internacionais e irmãos parlamentares. Estamos muito mais fortes do que nunca e não é hora de fraquejar”, afirmou.

Maduro desafiado

O retorno de Guaidó, que na semana passada também visitou Colômbia, Brasil, Paraguai e Argentina, representa um desafio para Nicolás Maduro, que terá de decidir se vai mandar prendê-lo e provocar uma forte reação internacional, ou deixá-lo ficar no país com tranquilidade, minando a autoridade do Poder Judiciário.

"O desafio chegou longe demais. Se entrar e o prenderem, vão gerar fortes reações internas e internacionais. Maduro está em risco permanente", assegurou à AFP o analista político Luis Salamanca.

O autoproclamado presidente interino da Venezuela é reconhecido por mais de 50 países como presidente da Venezuela, e saiu do país no dia 23 de fevereiro, para capitanear uma tentativa – frustrada – de envio de ajuda humanitária ao país a partir da fronteira com a Colômbia. Em seguida, partiu para um giro pelo exterior em busca de apoio à oposição ao governo de Maduro.

"Sou um humilde funcionário público, nós nos deslocamos para a fronteira com milhares de voluntários, juntamente com os deputados da Assembleia, para conseguir ajuda humanitária. O regime não pode parar as pessoas na rua", disse nesta segunda, em Caracas.

O vice-presidente americano Mike Pence postou no Twitter nesta segunda que o retorno seguro do opositor de Maduro à Venezuela é da "mais alta importância" para os EUA e ameaçou com "rápida resposta" se houver qualquer tipo de ameaça ou intimidação contra ele.



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