Ibama e Marinha não descartam vazamentos em navio encalhado no MA

Comandante disse que ainda não é possível confirmar se não houve vazamento de óleo ou minério no oceano. Ibama sobrevoou a área, mas não conseguiu realizar uma inspeção.

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A Marinha o Ibama não descartam o risco de vazamentos do navio Stellar Banner, que está encalhado a cerca de 100 km da costa maranhense. A embarcação está com 300 mil toneladas de minério de ferro, além de uma grande quantidade de óleo. Se houver vazamento, todo o material pode se espalhar pelo litoral. As informações são do G1.

Equipes do Ibama realizaram nesta quinta (27) um sobrevoo sobre a área. O objetivo era realizar uma inspeção para constatar se há vazamento de minério ou óleo do navio, mas as condições climáticas ruins prejudicaram os trabalhos. Apesar disso, o Ibama informou que vai acompanhar todo o trabalho na tentativa de resgatar a embarcação.

Também nesta quinta (27), o comandante da Capitania dos Portos, Alekson Porto, concedeu entrevista e falou sobre a atual situação do navio no oceano. Veja abaixo, em tópicos, as informações dadas pelo comandante.

Qual a situação atual do navio?

"A embarcação saiu no último dia 24. Houve um relato pelo comandante de que às 21h30 ele colidiu com algo não identificado. A partir daí, no dia seguinte, a Marinha tomou conhecimento e entrou em contato com o agente que começou os trabalhos de contato com a embarcação e descobriu que o comandante tinha efetuado um movimento de varação, que é colocar a embarcação em um banco de areia, justamente para evitar que ela naufragasse. A embarcação então está em encalhada e o comandante informou que tem embarque de água por alguns tanques vazios a bordo, chamado ‘pick-tanks’, e, a partir das 2h da manhã, do dia 25, o comandante avaliou que a segurança da tripulação estava em risco pela inclinação que o navio teve para direita. Pediu auxílio para os rebocadores que estavam na área e eles migraram para os rebocadores"

"Hoje, a empresa contratada pelo armador que é a Polaris. Ela está no local. Então é muito cedo a gente falar algum tipo de avaria. A empresa está averiguando a estrutura do navio no que diz respeito ao fechamento de válvulas, para evitar qualquer tipo de vazamento e dano. É muito cedo a Marinha se posicionar o que pode acontecer. O momento é de se ter paciência e esperar o que os profissionais dessa empresa que estão lá contratada pelo armador verificar as condições e manter a Marinha informada"

É possível o navio naufragar?

"É muito cedo poder dizer alguma coisa. Ela [Polaris] vem acompanhando e empregando dois navios do 4ª Distrito Naval de São Luís, um com previsão de chegada nas próximas 24h e outro no sábado (29). Hoje nós temos uma aeronave no local, que se apresentou a cena de ação e está com o nosso chefe do gabinete de crise. A Marinha está com três gabinetes de crise em São Luís, Belém e no Rio de Janeiro. Então, para afirmar qualquer tipo de situação que possa acontecer, é muito difícil. Hoje a embarcação está encalhada, na região não tem profundidade suficiente para cobrir a embarcação. Tem muita pouca informação para a gente tomar qualquer tipo de postura"

Sobre a reunião desta quinta (27)

"Levantamos a quantidade de combustível, lubrificante e colhemos informações. Os participantes da reunião foram empresas contratadas pela Vale para combate a desastres ambientais, pelo armador para confeccionar o plano de desencalhe e salvatagem dessa embarcação. A prioridade hoje no momento é a possibilidade se tem algum dano ambiental, fechamento válvula, fissuras nas estruturas e isso está sendo avaliado e acompanhado pela Marinha. Laudos técnicos vão ser divulgados sobre o número"

Minério e óleo podem cair no oceano?

"A checagem está ocorrendo. Mas hoje, dizer que ele está preservado seria uma falácia da minha parte. A Marinha está investigando e contando com as empresas que estão no local para dar essa resposta a esse tipo de pergunta. Hoje na reunião que fizemos podemos verificar que a embarcação não aumentou a banda, permanece na mesma posição e em 24 horas e isso é positivo"

Como está a tripulação?

Quando o comandante alertou que teria algum problema, foi orientado que ele passasse a tripulação para os rebocadores que estão em volta. E eles permanecem na área, por questões de segurança e de tráfego de navegação, além de fazer o acompanhamento. Outras empresas estão apoiando tanto o armador quanto a Vale na questão de mantimentos e indo para o lugar que fica a 68 milhas da entrada do Porto do Itaqui e a 32 milhas de terra, qualquer ida e vinda demora praticamente meio dia. Quando falamos que vai acontecer alguma coisa, não temos informação logo em seguida do que aconteceu, temos que aguardar a embarcação voltar. Com o advento da aeronave, vai ficar mais fácil em relação as imagens e algum tipo de informação que possamos passar aos senhores.

Proprietária do navio tem histórico ruim

O navio Stellar Banner é de propriedade da empresa sul-coreana Polaris Shipping. Essa empresa é a mesma responsável pelo Stellar Daisy, embarcação que naufragou no Oceano Atlântico em 2017 após ter sido carregado no Terminal Marítimo da Ilha de Guaíba que pertence a mineradora, na Ilha de Guaíba, no Rio de Janeiro.

A embarcação foi carregada em 25 de março com 260 mil toneladas de minério de ferro e tinha como destino final a China. A bordo do Stellar Daisy estavam 24 tripulantes, entre filipinos e coreanos. De acordo com a Marinha do Uruguai, uma chamada de emergência foi realizada seis dias após o navio ter saído do Brasil, a cerca de 3.700 km do porto de Montevidéu, no Uruguai.

Na época, foi relatado às autoridades brasileiras que ventava muito no momento do acidente e que a água do mar havia invadido a embarcação. Apenas dois tripulantes de nacionalidade filipina foram encontrados em um bote salva-vidas um dia após o acidente, e foram resgatados pela Marinha do Uruguai. Os corpos das outras 22 pessoas não foram encontrados.

A empresa americana de exploração marítima Ocean Infinity foi contratada em 2019, pelo governo da Coreia do Sul, para realizar a busca pelos destroços do Stellar Daisy, quase dois anos após o naufrágio. O navio foi encontrado 72 horas após o inicio das operações, a 1,300 km no fundo sul do Oceano Atlântico, a oeste da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Um ano após o naufrágio do Stellar Daisy, a Polaris Shipping foi notificada pelo Ministério de Assuntos Marítimos da Coreia do Sul após terem encontrado 22 mudanças não autorizadas no navio Stellar Eagle, com bandeira das Ilhas Marshall, durante uma inspeção de segurança no porto de Rizhao, na China. O navio não foi autorizado a sair do porto até os itens de segurança estivessem dentro dos padrões.

Buracos na estrutura do Stellar Banner

O navio Stellar Banner tem capacidade para 300 mil toneladas de minério de ferro e possui 340 metros de comprimento, o equivalente a quase quatro campos de futebol. A embarcação foi abastecida pela Vale e saiu do Terminal Portuário da Ponta da Madeira, em São Luís, com destino a um comprador em Qingdao, na China.

Segundo a Capitania dos Portos, o navio apresentou ao menos dois locais com entrada de água nos compartimentos de carga por volta das 21h30 desta terça (25) e começou a afundar no Oceano Atlântico. Uma fissura no casco pode ter sido a causa.

O comandante do navio emitiu um alerta de emergência via satélite e levou a embarcação para um banco de areia. Até a última atualização desta reportagem, o navio continua encalhado.

Equipes da Capitania dos Portos e da Vale foram encaminhadas para o local e cerca de 20 tripulantes foram evacuados. Segundo a Marinha, todos permanecem em segurança na área a bordo de quatro rebocadores que foram enviados ao local

A empresa Polaris Shipping, proprietária do navio, informou que todos os membros da tripulação estão seguros e que está realizando inspeções para evitar maiores danos.

"Como resultado do incidente, alguns tanques de água e espaços vazios sofreram danos, embora a extensão dos danos ainda deva ser estabelecida. Acredita-se que os porões de carga estejam intactos e a situação está sob controle. Com o intuito de melhor mensurar os danos e garantir a segurança, a embarcação foi movida para uma área mais segura. Inspeções serão realizadas por especialistas e uma empresa de resgate foi acionada", diz a nota.

Já a Vale informou em nota que está atuando no caso com suporte técnico e que colabora com as autoridades marítimas."

"A Vale informa que tem empenhado todos os esforços e recursos para mitigar os possíveis impactos causados pelo incidente com o navio MV Stellar Banner, de propriedade e operado pela empresa sul-coreana Polaris. Entre as medidas de apoio técnico e logístico adotadas pela Vale nesta quinta-feira (27), em conjunto com as autoridades marítimas e ambientais responsáveis, estão: Solicitação à Petrobras da cessão de navios Oil Spill Recovery Vessel (OSRV) para contenção de eventual vazamento de óleo, pedido que foi prontamente atendido; Solicitação e obtenção junto ao Ibama, de forma célere, de devida autorização formal para o deslocamento das embarcações para a Costa do Maranhão; Contratação de especialistas em salvatagem, adicionalmente à empresa contratada pela proprietária e operadora do navio, para acelerar o plano de retirada do óleo da embarcação; Solicitação de boias oceânicas off shore, que podem servir preventivamente como barreiras de contenção adequadas para mar aberto, se necessário; Disponibilização de helicópteros para a movimentação de pessoal até o local", afirma a empresa.



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