Importação de energia pelo Brasil é a maior em 17 anos, segundo ONS

Baixo nível de reservatórios de hidrelétricas está entre fatores que explicam alta na importação. Energia vinda da Argentina e do Uruguai reduz uso de termelétricas e beneficia consumidor.

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O montante de energia elétrica importado pelo Brasil em 2018 foi o maior dos últimos 17 anos, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

No ano passado o país importou 1.131 gigawatts-hora (GWh) da Argentina e do Uruguai. A conta não considera a energia fornecida pela Venezuela, que atende apenas ao estado de Roraima.

Uma das razões para o aumento da importação é o encarecimento da energia produzida dentro do Brasil, resultado da queda no armazenamento de água nos reservatórios de hidrelétricas.

Antes de 2018, a maior importação foi a registrada em 2001: 3.917 GWh. Naquele ano, o país passou por um racionamento devido à falta de chuvas.

O volume importado em 2018 equivale a apenas 0,24% de toda a energia consumida no Brasil no ano passado (474.242 GWh). Apesar de pequena, especialistas apontam que a presença dessa energia importada beneficia os consumidores (leia mais abaixo neste texto).

Incentivo à importação

O Brasil possui interligação elétrica com Argentina, Uruguai e Paraguai e pode tanto importar quanto exportar energia. Segundo o ONS, as trocas ocorrem quando há "folga de recursos energéticos e de geração em um país e necessidade em outro, ou para atender a emergências".

Apesar dessa interligação existir há décadas, medidas do governo e investimentos na ampliação da rede feitos nos últimos anos foram essenciais para o aumento na importação verificado no ano passado.

Em 2016, por exemplo, entrou em operação uma nova estrutura que elevou a capacidade de trocas de energia entre Brasil e Uruguai.

No ano passado, dos 1.131 GWh de energia importados pelo Brasil, 866 GWh vieram do Uruguai. Além disso, o Ministério de Minas e Energia autorizou empresas, entre elas a Eletrobras, a importar energia do Uruguai e da Argentina para ser vendida no mercado brasileiro.

Consultada, a Eletrobras citou outros fatores que explicam o aumento da importação, como a sobra de geração nos países vizinhos e o encarecimento da energia produzida dentro do Brasil devido ao baixo nível dos reservatórios de hidrelétricas, reflexo da falta de chuvas.

Quando isso ocorre, o governo aciona mais termelétricas, usinas que geram eletricidade por meio da queima de combustíveis como óleo e gás. A medida poupa água das hidrelétricas, mas deixa o custo de produção de energia mais caro, afetando o bolso dos consumidores, que precisam arcar com as taxas extras das bandeiras tarifárias.

De acordo com a gerente da consultoria Thymos Energia, Daniela Souza, apesar de pequena, a presença de energia importada no país é importante e vantajosa para o consumidor pois substitui uma energia mais cara, que seria produzida por termelétrica instalada no país.

"[A importação] evitou gerar térmicas muito caras", disse ela. Além disso, afirmou a consultora, a importação também contribui para poupar água de hidrelétricas que pode ser usada durante o período mais seco.

De acordo com a Eletrobras, "todas as importações que ocorreram [em 2018] foram vantajosas ao consumidor" brasileiro.



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