Cidade se divide sobre drama da chuva de fezes

Michel Tastet aponta vestígios das fezes sobre seu carro

Homem aponta sinais das fezes sobre seu carro | Divulgação
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A pequena comunidade de Saint-Pandelon, no sudoeste da França, está dividida quanto a como tratar sobre a misteriosa "chuva de fezes" da qual foi vítima por mais de dois meses. Se, por um lado, os moradores parecem inclinados a não abandonar a história enquanto não recebem uma explicação convincente para o curioso acontecimento, por outro os órgãos oficiais tentam levar a questão para o esquecimento.

O problema se intensificou em julho, quando os habitantes da localidade perceberam que as manchas marrons que apareciam com cada vez mais frequência nas roupas e sobre os carros não eram habituais. Neste momento, eles se deram conta de que, na realidade, vinham sofrendo "ataques" desde pelo menos dois meses antes, a partir de maio.

"Os carros estavam ficando imundos, sem que a gente sequer saísse de casa. As roupas que deixávamos secando no varal voltavam cheias de pontinhos marrons", se recorda a dona de casa Camille. "Foi horrível. Agora, quase não acontece mais. Mas o trauma de ter tido m.... caindo do céu e sobre as nossas cabeças está longe de ser esquecido."

O drama se concentrou em um bairro da minúscula cidade de Saint-Pandelon, uma comunidade rural de apenas 700 habitantes a poucos quilômetros das badaladas praias do sudoeste francês, como Biarritz. A localidade atingida, chamada de "quartier des Carrières", se situa em uma planície da região e não comporta mais do que 15 famílias, cujas casas se encontram ao longo de uma estrada com não mais de 600 metros.

De acordo com os relatos dos moradores ouvidos pelo Terra, as manchas que passaram a provocar a inquietude da população eram arrendondadas e pequenas, com entre 2mm e 6mm de diâmetro. "A tonalidade variava de amarelada a marrom-escuro. Quanto ao cheiro, em poucas ocasiões a gente percebeu que havia um odor desagradável no ar", relata o comerciante aposentado Michel Tastet. "No entanto, se cheirássemos diretamente no local de uma das manchas, não havia a menor dúvida. Era cocô e, na minha opinião, era coisa de humano, e não de pássaro."

Quando perceberam a anomalia, os moradores relataram o problema à prefeitura da cidade, que num primeiro momento se comprometeu a analisar o material. A polícia também foi acionada, no entanto não se envolveu na investigação das causas da tal chuva.

Como o problema não cessava e a pressão da população aumentou para que alguma providência fosse tomada, a prefeitura concordou em realizar análises laboratoriais do material. O resultado dos testes, feitos por um laboratório credenciado ao Ministério da Agricultura francês, apontou que se tratava de "material fecal de um vertebrado não-humano". A análise, no entanto, não permitiu precisar se o animal em questão era um pássaro.

Os resultados bastaram para concluir o caso - ao menos para a prefeitura da cidade, mas não para a população, que continuava sendo vítima do "material fecal" regularmente. Mesmo sob a insistência da reportagem no local, a prefeitura se negou a dar qualquer informação ou comentário sobre o caso, e mesmo a informar onde ficava a localidade atingida. "Ninguém vai falar com você", alertou uma funcionária que não quis se identificar.

Ao chegar na comunidade, no entanto, a recepção pelos moradores foi bem diferente. Eles deixaram clara a satisfação por os jornalistas não esquecerem o drama, embora tenham relutado em se identificar para a reportagem. "Não deixa de ser vergonhoso, e não gostaria que o meu nome ou a minha cidade ficassem associados a esta história", disse a dona de casa Janine.

A funcionária da prefeitura, por outro lado, alegou que "já se falou demais disso" e que "os jornalistas não nos deixam mais em paz". O órgão se limitou em fornecer uma cópia do resultado das análises em laboratório, sobre o qual também não fez comentários. "Se foram pássaros? Não sabemos. Tudo o que temos sobre o caso está neste relatório. Nada mais", resumiu a funcionária.

A polícia local, por sua vez, afirmou que não possuía competência para comentar o caso, uma vez que não realizou investigações.



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