Colômbia elege Gustavo Petro, o 1º presidente de esquerda do país

Com 97% das urnas contabilizadas, neste domingo (19), Gustavo Petro, 62, com 50,5%, derrotou o populista Rodolfo Hernández, 77, com 47,1%.

Colômbia elege Gustavo Petro, 1º presidente de esquerda do país | Reprodução
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SYLVIA COLOMBO

BOGOTÁ, COLÔMBIA (FOLHAPRESS)

A Colômbia terá um presidente de esquerda pela primeira vez. Com 97% das urnas contabilizadas, neste domingo (19), Gustavo Petro, 62, com 50,5%, derrotou o populista Rodolfo Hernández, 77, com 47,1%.

Assim, o esquerdista chega à Casa de Nariño, a sede do Executivo, em sua terceira tentativa, depois de percorrer uma longa trajetória. Antes de entrar na vida democrática, foi guerrilheiro do grupo M-19, preso e exilado. Depois, foi eleito senador em duas ocasiões e prefeito da capital Bogotá.

Entre suas propostas estão uma mudança do modelo econômico do país, tornando-o menos extrativista e com mais ênfase na produção agrária, industrial e científica. Ele também promete uma reforma agrária baseada na taxação de terras improdutivas e no aumento dos impostos aos colombianos mais ricos.

Gustavo Petro é o primeiro presidente de esquerda do país sulamericano (Foto: Reprodução Twitter)Trata-se do capítulo final de uma campanha que teve de tudo: ataques verbais, vazamentos de vídeos de reuniões de campanha, recusa em participar de debates, supostas ameaças de morte e até a sugestão de Petro de que poderia não aceitar o resultado, apontando supostas irregularidades do órgão eleitoral.

O novo presidente da Colômbia encontrará o país com sérios problemas, especialmente nas áreas social, econômica e de segurança. Mesmo com uma projeção de crescimento do PIB de 6,1% para 2022, a inflação, em 9%, preocupa, assim como o desemprego, na casa dos dois dígitos, com índice de 11,1%.

Colômbia elege Francia Márquez, mulher e negra, à Vice-Presidência

SYLVIA COLOMBO

BOGOTÁ, COLÔMBIA (FOLHAPRESS)

A Colômbia terá pela primeira vez uma mulher e uma pessoa negra na Vice-Presidência. Francia Márquez, 40, advogada e ativista ambiental que surpreendeu nas primárias da coalizão de esquerda Pacto Histórico, foi eleita neste domingo (19) na chapa de Gustavo Petro, o próximo presidente do país.

A nova vice, que nasceu em Suárez, no Vale do Cauca, e ficou conhecida pela luta contra a mineração ilegal, tem o apoio de boa parte do eleitorado jovem. Protagonistas das manifestações de 2019 e 2021, eles reivindicavam mais postos de trabalho, maior inclusão social e mais acesso a educação e saúde de melhor qualidade, além de protestarem contra o aumento de impostos e o atual presidente, Iván Duque.

Desde as eleições de 2018 para o Congresso, a participação de indígenas e negros na política colombiana vem crescendo. Os protestos chamaram a atenção para o fato de a Colômbia ter uma população predominantemente mestiça, embora até hoje tenha sido governada apenas por uma elite branca.

Francia Marquez é a primeira negra vice-presidente da Colômbia (Foto: Reprodução/Twitter)Os afrodescendentes compõem a maior parte dos que vivem abaixo da linha da pobreza no país, em especial em departamentos menos desenvolvidos, como Guajira e Chocó. Nesses locais, a pobreza atinge 60% da população –a média colombiana é de 33%. Márquez, mãe solteira aos 16 anos, demonstra grande empatia por essa fatia mais vulnerável. A personalidade e a capacidade retórica da advogada chegaram a provocar certa fricção por protagonismo com Petro nas últimas semanas antes do primeiro turno.

A Colômbia tem uma grande população de deslocados internos, que tiveram que sair de suas casas devido aos embates entre Exército, guerrilhas e paramilitares. Dos cerca de 7 milhões de "desplazados", 25% são negros. O acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) permitiu a implementação de políticas de auxílio a essa população e uma ainda incipiente presença deles na política.

Márquez, que com frequência usa roupas com inspiração africana, tem um estilista próprio, Esteban Sinisterra Paz, que trabalha inspirado em vestimentas de diversos países do continente. Ela afirma que suas roupas refletem como os afrocolombianos se vestiriam "se não tivessem sido escravizados".



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