Com boina vermelha, Chávez está com semblante sereno e magro, dizem seguidores no adeus

Milhares querem ver corpo do líder, mas filas intermináveis avançam lentas

Seguidor escreveu eum seu carro que Chávez é eterno | Reprodução
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Para a despedida nacional, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi vestido com as roupas militares e a boina vermelha pelas quais ficou conhecido, em 1992, quando liderou um golpe de estado contra o então mandatário, Carlos Andrés Pérez.

Milhares de pessoas se dirigiram nesta quarta-feira (6) à Academia Militar de Caracas para se despedir de Chávez. Filas intermináveis partiam em várias direções e avançavam com lentidão, enquanto dezenas de ônibus chegavam do interior do país trazendo mais seguidores da doutrina bolivariana.

Passada a meia-noite, algumas pessoas começaram a desistir. Luisa López, de 45 anos, lamentava que depois de cinco horas na fila não conseguiu ver o ?Comandante?.

?Fiquei três horas em uma fila, mas depois falaram que era uma fila errada. Depois esperei em outra fila por mais duas horas, mas não consegui vê-lo?. Seu filho, Gerson Zambrano, achou melhor não ter visto o rosto do Chávez. ?Melhor assim porque depois não conseguiria dormir. Prefiro lembrar dele como o cara do cartaz?.

Magro e sereno

Os seguidores que conseguiram dar seu o último adeus ao presidente afirmavam que seu semblante não havia mudado muito, estando apenas mais magro e sereno.

Já aqueles que não conseguiram despedir-se reclamavam das falhas na organização e se aventuravam a responsabilizar os herdeiros políticos de Chávez, Nicolás Maduro, o atual presidente, e Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, pela tumulto.

?Chávez morreu e olha só como é que é, uma bagunça só. Se ele estivesse aqui, não nos deixaria ficar tantas horas em uma fila sem água, sem comida e sem atenção?, disse Juan Rodríguez, que

estava acompanhando o cortejo fúnebre desde a saída do caixão do Hospital Militar.

Até o início da madrugada desta quinta-feira (7), o corpo esteve acompanhado por dirigentes, familiares e líderes políticos. Após as homenagens militares, Diosdado Cabello insistiu na importância de preservar o que chamou de ?unidade revolucionária?.

Cantos divididos

Na porta da Academia Militar, os manifestantes se queixavam da falta de atenção e as lealdades se dividiam. Alguns cantavam ?Chávez é um só, não votem no Maduro?, enquanto outros gritavam ?Chávez, eu te juro, eu voto no Maduro?.

O fazendeiro Orlando Patiño, de Mérida, a 500 km da capital, chegou quarta a Caracas, onde veio ver o rosto do presidente pela última vez. ?Ele me deu uma oportunidade, me deu uma fazenda e é por isso que estou aqui. Trabalho muito e agradeço a chance que ele me deu. Vou ficar até conseguir vê-lo, porque se não o vejo hoje, não o verei nunca mais?, afirmou.

Ximena Gutiérrez, cubana e radicada em Caracas, esperou durante seis horas e desistiu. Para ela, Chávez continua vivo. ?O céu ficou vermelho porque o Comandante olha por nós?.

O parque ?Los Próceres?, que celebra os heróis venezuelanos e fica situado perto da Academia Militar, foi arrumado para o evento. Bandeiras da Venezuela enfeitavam todos os espaços. Caminhões com alto-falantes reproduziam músicas de ?Alí Primera?, um conhecido artista folclórico, falecido anos atrás, que ficou famoso pelas canções de protesto.

Na quarta, em Caracas, foi possível observar bandeiras nacionais a meio mastro em sinal de luto. Os restaurantes permaneceram abertos, mas as casas noturnas não trabalharam. As ruas da capital ficaram vazias após às 22 h (23h30 de Brasília) e a presença policial era visível em todas as regiões da cidade.

A Praça Altamira, reduto da oposição no leste da capital, estava vazia e com as bandeiras a meio mastro, indicando luto.

Nesta quinta, se espera número ainda maior de seguidores do presidente nas imediações da Academia Militar, onde Chávez cursou estudos militares nos anos 70. O velório se estenderá até sexta (8), quando as homenagens serão concluídas com uma cerimônia prevista para as 10 h (11h30 de Brasília). Ainda não se sabe onde o corpo será enterrado.

Nacional

Na quarta, Diosdado Cabello propôs que os restos mortais do presidente fossem levados ao Panteão Nacional, onde está o herói independentista Simón Bolívar.

Na sua conta no Twitter, o político e amigo íntimo de Chàvez escreveu: ?O povo diz: Chávez ao Panteão, junto com Simón (Bolívar)?.

Segundo a Constituição da Venezuela, neste lugar podem ser enterrados os restos mortais de ?venezuelanos ilustres? após 25 anos da sua morte. Para que Chávez seja enterrado no Panteão, uma emenda constitucional seria necessária. Cabello acrescentou: ?na Assembleia Nacional faremos tudo o que for necessário?.

Até sábado (9), os meios de transporte públicos serão gratuitos, para facilitar a participação dos cidadãos.

Presidentes de 15 países decretaram luto nacional, entre eles, Brasil, Equador, Cuba, Uruguai, Haiti, Bielorrúsia e Irã. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, deve chegar na manhã desta quinta ao país.



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