Manifestações obrigam brasileira a adiar casamento com egípcio

Tatiana Cardoso receberia mil convidados em festa com toques árabes e brasileiros.

“Mesmo se houvesse festa, nem conseguiríamos chegar”, disse Tatiana | Arquivo Pessoal
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A brasileira Tatiana Cardoso estava com casamento marcado com seu noivo egípcio para o último dia 28, no Cairo, mas os violentos protestos no país obrigaram o cancelamento da cerimônia por questões de segurança.

Tatiana estava pronta para receber os cerca de mil convidados em uma festa que misturava toques árabes com brasileiros.

"O clube em que faríamos a festa nos ligou informando que os protestos no Cairo estavam ficando cada vez mais violentos e que seria muito de mau gosto fazermos uma festa", disse Tatiana à BBC Brasil por telefone.

Segundo ela, durante os primeiros dias das manifestações, familiares dela e outros amigos brasileiros começaram a chegar ao Egito para a cerimônia.

Trinta familiares e amigos de Tatiana vieram do Brasil e ficaram hospedados em hotéis perto do centro. Eles são de cidades como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e cidades do Pará.

"No dia do casamento, as coisas começaram a ficar difíceis. Maquiadores, o cabeleireiro e até o entregador do meu vestido estavam muito nervosos", contou ela.

A família do noivo de Tatiana mora nos arredores do Cairo, mas o trajeto do centro da capital egípcia até o bairro deles ou até o local da festa passam por áreas em que houve ou pode haver protestos e confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

A brasileira, que morou no Egito entre 2004 e 2008, contou que o chefe de segurança do clube estava bastante apreensivo e chamou os noivos para informá-los que a situação no país estava ficando cada vez pior.

Na sexta-feira, os familiares e amigos da noiva estavam no hotel perto do centro da capital quando a polícia e ativistas começaram a se confrontar. "Mesmo se houvesse uma festa, nem conseguiríamos chegar", disse a brasileira.

Sem perder o bom humor, Tatiana diz agora que o seu casamento foi "adiado indefinidamente". Ela explicou que os 2,5 mil doces, as várias caixas de cachaça para caipirinha e a decoração vinda do Brasil foram guardados. "O bolo, nós comemos, e distribuímos no bairro", contou.

Surpresa com protestos

Confrontos e protestos impediram pessoas de chegar ao local do casamento

Amiga de Tatiana, a brasileira Sandra Fritz, há 31 anos morando no Egito, contou à BBC Brasil que, na última sexta-feira, ficou surpresa com a escalada dos protestos, dizendo que jamais imaginava que o povo fosse tomar as ruas da forma que tomou.

Segundo ela, até o meio-dia ainda havia a ideia de ir ao casamento, mas logo o confronto obrigou os noivos e convidados a mudar de planos. "Fiquei triste pela Tatiana, mas ela levou tudo na boa", disse.

Mãe da noiva

Do quarto em que estava hospedada, a mãe da noiva, Telma Cardoso, disse por telefone que tinha viajado ao Cairo com o marido, filhos e amigos para o casamento da filha, mas que no hotel tinha outros brasileiros que fariam turismo no país.

Desde que os protestos se intensificaram, muitas das pessoas ficaram com medo. "Há meninas que chegaram a chorar", disse Telma. Ela disse que estava hospedada em um hotel em uma avenida onde ocorreram vários confrontos ocorreram. "Ouvimos muitas bombas, tiros e gritos."

Segundo a mãe da noiva, os planos de fazer turismo no país também foram cancelados por falta de segurança. O governo egípcio já havia anunciado na noite de sábado que todos os destinos turísticos no país estavam fechados.

Telma disse que o grupo pretendia deixar o Egito o mais rápido possível, mas não sabiam ainda como ficaria a situação de seus voos. "Recebemos a notícia de que haveria voos no dia 2 de fevereiro para a Itália, mas tudo é incerto agora".



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES