Professora exibe filme sobre ativista gay a alunos e é demitida

Em nota, colégio disse que classificação indicativa do filme era 15 anos.

Professora exibe filme sobre ativista gay a alunos e é demitida | Arquivo pessoal
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A professora de formação cívica e ética de um colégio particular na capital do México foi demitida em novembro após exibir para uma turma de sete alunos de 13 e 14 anos trechos do filme "Milk - A voz da igualdade". Com temática sobre os direitos civis de pessoas homossexuais, o filme hollywoodiano seria usado como parte do debate sobre sexualidade nas aulas de 45 minutos que Cecilia Hernández ministrava todas as segundas, quartas e sextas no colégio Lomas Hill, na Cidade do México, desde agosto deste ano. Mas, após exibir os primeiros 30 minutos da película, no dia 28 de novembro, a professora de 27 anos acabou perdendo o emprego.

Cecilia contou que seu planejamento tinha como base o conteúdo disposto no currículo da Secretaria de Educação Pública e incluía exibir, durante três ou quatro aulas, trechos da obra lançada em 2008 que rendeu ao ator norte-americano Sean Penn um Oscar. A história é baseada na vida de Harvey Milk, o primeiro político abertamente homossexual eleito na Califórnia, na década de 1970. Quase um ano após ser empossado no Conselho dos Supervisores de São Francisco, ele foi assassinado por um colega supervisor.

O filme --eleito pelos próprios estudantes em uma votação que ainda teve como alternativas as obras "Juno", sobre gravidez na adolescência, e "Slumdog Millionaire - Quem Quer Ser um Milionário?", sobre discriminação-- entraria no plano de aulas da professora mexicana após a abordagem de temas como sexualidade, questões de gênero, prevenção de doenças e gravidez precoce, e seria seguido de um debate e uma dissertação de cada aluno.

"Não faria diferença se são contra ou a favor, importava que eles tivessem fundamento", explicou a professora.

Mesmo depois de a maioria ter escolhido ver "Milk", porém, parte da turma de alunos começou a emitir comentários e piadas ofensivos a homossexuais após o início do filme. "Parei o filme, fiz um pouco de reflexão, afinal, essa é uma classe que aborda a tolerância. E disse que poderíamos pular as cenas sobre relações, porque o enfoque não eram as relações sexuais, era a luta por direitos", explicou Cecilia, que é formada em psicologia e, antes do emprego na Lomas Hill, havia trabalhado em uma escola preparatória da rede pública.

Segundo ela, alguns alunos disseram que não queriam ver o filme, mas nenhum deles optou por deixar a sala, alternativa oferecida pela professora. Um dos alunos que havia escolhido ver "Milk", mas depois se mostrou contrariado, foi o sobrinho da diretora da escola. A filha dela também estava na sala. "Eles não pareciam incomodados. Talvez estranharam, mas incomodados estavam dois ou três. De fato, eu lhes disse que quando houvesse uma cena mais explícita eu adiantava o filme, porque elas não eram o foco."

Cecilia conta que, meia hora depois de deixar a escola no dia 28, recebeu da diretora um e-mail na qual ela teria condenado a metodologia da professora e requisitado uma reunião antes da aula seguinte, em 30 de novembro. Foi nesse dia que ela recebeu a informação de que estava demitida.

Classificação indicativa

Em um comunicado publicado na internet em 30 de novembro, o presidente-executivo dos Colégios Lomas Hils, Victor González, afirmou que a professora foi demitida por ter cometido três erros: "exibir um filme de classificação B-15 no México para alunos de 13 e 14 anos sem o consentimento dos pais"; "sair da sala de aula durante a projeção sem oferecer orientação aos alunos"; e "ignorar os pedidos expressos de seus alunos para suspender a projeção do filme, que mostra conteúdo sexual explícito e obrigando-os a permanecer na sala".

Na nota, o presidente-executivo diz que o colégio "reconhece e respeita o direito dos pais de família a decidir que filmes seus filhos podem ver, pelo que o comportamento da professora Cecilia Hernández resulta inaceitável", que "é lamentável que a professora Cecilia Hernández não tenha respeitado a opinião de seus alunos" e que, "devido a este erro, o Colégio Lomas Hill se viu na penosa necessidade de prescindir de seus serviços".

O comunicado afirma ainda que a Lomas Hill "seguirá promovendo ativamente de maneira teórica e prática, os valores da convivência harmônica na diversidade em que vivemos, sem reparar nas características, condição pessoa nem preferências dos seres humanos".



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES