Senado anula lei de tabu homossexual no Exército americano

Senadores realizaram um debate sobre a lei “Don”t ask, Don“t tell” antes da votação

Senadores americanos | AFP
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O Congresso americano anulou, definitivamente, a norma que proibia tornar pública a opção pelo homossexualismo nas Forças Armadas, após uma votação no Senado neste sábado.

Após um duro debate, foi anulada por 65 votos contra 31 a lei "Don"t ask, don"t tell" (Não pergunte, não diga), de 1993, que obriga os efetivos militares americanos a não revelar sua orientação sexual.

A Câmara de Representantes já tinha aprovado a nova proposta por 250 votos a favor e 175 contra.

Antes da votação, o presidente Obama, que deverá promulgar a nova lei nos próximos dias, havia comemorado a disposição dos legisladores em abordar a anulação da norma. "Hoje, houve um avanço histórico no Senado para terminar com uma política que minava nossa segurança nacional, violando os ideais dos nossos valentes homens e mulheres militares que arriscam a vida para nos defender", disse Obama.

"Nossa nação não negará mais o serviço a milhares de americanos patrióticos, obrigados a deixar o Exército, apesar de uma atuação exemplar de muitos anos, porque são homossexuais", afirmou o presidente em um comunicado. "E centenas de milhares mais não deverão viver na mentira para poder servir ao país que amamos", acrescentou.

O tema tem provocado um intenso debate na sociedade americana nos últimos meses, envolvendo personalidades como a cantora Lady Gaga, que difundiu várias mensagens na internet a favor da supressão da lei, que qualifica de "discriminatória". O Senado havia rejeitado, na semana passada, uma primeira versão da medida, que faz parte de um amplo projeto de lei de financiamento do Pentágono.

No entanto, a Câmara de Representantes aprovou, em maio, a abolição da lei que obriga os gays e lésbicas das Forças Armadas americanas a esconder sua orientação sexual sob a ameaça da expulsão. Após o fracasso que supôs o repúdio do Senado, representantes das duas câmaras e das duas forças políticas decidiram propor um novo projeto de lei independente, isto é, que não dependesse de outro texto.

A Câmara de Representantes aprovou a nova proposta por 250 votos a favor e 175 contra. Esperava-se uma oposição maior no Senado, apesar de que o senador independente Joe Lieberman havia antecipado na sexta-feira que "dispomos dos votos, é o momento de fazê-lo", em declarações à CNN.

No partido republicano continua havendo senadores contrários ao acordo desde o começo, embora alguns, como as centristas Susan Collins e Olympia Snowe se uniram à maioria que apóia a questão. Os republicanos expuseram que vários altos comandos das Forças Armadas americanas se opõem à abolição, entre eles o general James Amos, chefe da Marinha.

Obama manifestou várias vezes o desejo de abolir a lei "Don"t ask, don"t tell" antes do fim do ano. O chefe de Estado-maior conjunto dos Estados Unidos, o almirante Michael Mullen, assegurou recentemente que os soldados americanos estavam preparados para abolir o texto controvertido.

A lei, que foi revisada pela Justiça americana em vista de seu caráter discriminatório, provocou desde sua aprovação, em 1993, a saída de 14 mil soldados por causa de sua homossexualidade, segundo várias associações. Um estudo do Pentágono revelou, no fim de novembro, que 70% de 115 mil militares e 44 mil parceiros de militares interrogados são favoráveis à anulação da lei, mas alguns representantes republicanos das duas câmaras temem que a suspensão ameace a eficácia dos soldados em combate.

Entre os opositores da medida está o senador republicano do Arizona John McCain, rival de Obama durante as eleições presidenciais de 2008, que considera a iniciativa prejudicial em tempos de guerra. Grupos de defesa dos direitos dos homossexuais como Human Rights Campaign comemoraram a decisão do Senado, ao assinalar que leis discriminatórias como "Don"t Ask, Don"t Tell" passarão a fazer parte da história.

Apesar da aprovação do Congresso, as mudanças não entrarão imediatamente em vigor. Segundo o estipulado no projeto de lei, o presidente e seus principais assessores militares devem garantir ao Congresso que a revogação da proibição não prejudicará às Forças Armadas.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES