Jovem de 19 anos morto com facada em assalto queria ser mergulhador

Familiares expressam dor durante enterro do jovem de 19 anos.

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Numa rua de Realengo, casas simples, cadeiras na calçada, flores na varanda e meninos empinando pipas. Foi nesse ambiente tipicamente carioca, encravado na Zona Oeste do Rio, que o vendedor Conrado Chaves da Paz, de 19 anos, assassinado no Centro do Rio na madrugada do último domingo, nasceu e foi criado por uma família humilde: o pai é motorista, e a mãe, dona de casa.

Torcedor do Flamengo, Conrado estudou quase toda a vida no colégio Pedro II. Primeiro na unidade de São Cristóvão (ensino fundamental), concluindo o ensino médio na de Realengo. Amigos e vizinhos o descrevem como um menino inteligente, bonito ? de corpo sarado por frequentar academias de ginástica ? e admirado, sobretudo, pelas meninas.

Há três meses, decidiu arranjar emprego. Queria cursar uma faculdade (Nutrição ou Educação Física) e realizar um sonho antigo: ser mergulhador. Como o curso de mergulho era pago, precisava de dinheiro. Passou a trabalhar numa das lojas da Taco, no Cachambi, até receber um convite para a filial da Redley em Madureira.

No sábado passado, saiu de casa dizendo que iria festejar o aniversário de um amigo do emprego no Teatro Odisseia, uma casa de espetáculo na Lapa. Levou seu celular, um iPhone.

? Ele me chamou. Disse que seria uma festa de aniversário, mas, ao mesmo tempo, o bota-fora dele. Acabei ficando em casa ? contou seu irmão gêmeo, Caio.

Segundo Caio, Conrado deixou a festa por volta das 4h de domingo. Não se sabe se saiu sozinho, pois há relatos de que ele teria saído da casa de espetáculos na companhia de um amigo. Tentaram convencê-lo a dividir um táxi. Uma amiga disse que havia combinado de ir à festa e que Conrado, depois, iria dormir na casa dela. Mas ela acabou não indo à Lapa.

Laudo: Ruptura da aorta

O vendedor foi encontrado por volta das 5h de domingo sangrando na Avenida Chile. Foi esfaqueado. O médico Paulo César Alves Filho, que atestou a morte do rapaz, escreveu que o golpe provocou a ruptura da aorta. Tinha R$ 50 na carteira, mas seu iPhone havia desaparecido.

? A pessoa que fez isso arrancou um pedaço de todo mundo aqui. Como alguém pode tirar a vida de uma pessoa para alimentar um vício? Por dois ou três reais? Seja lá quanto uma pedra de crack custe? ? perguntou o irmão.

O estudante e amigo de infância Gabriel Matheus, de 21 anos, lembrou que ele e Conrado planejavam passar o carnaval em Búzios ou Cabo Frio, em uma casa alugada.

A Divisão de Homicídios (DH) ouviu os depoimentos de seis pessoas sobre o assassinato e aguarda, agora, a análise das imagens de câmeras de segurança localizadas na Avenida Chile para tentar identificar o assassino. Testemunhas afirmaram que a região é um reduto de usuários de crack, que ameaçam as pessoas com objetos cortantes.

A mãe do menino precisou ser sedada. O pai, o motorista Jorge Bonfim, de 64 anos, também transtornado, lamentou:

? Mataram um menino cheio de sonhos, um garoto alegre e de muitos amigos ? disse Jorge.

De acordo com a última estatística divulgada pelo Instituto de Segurança Pública, aumentou o número de assaltos a pedestres e de roubos de celular nos arredores da Lapa. Os números, que correspondem aos registros feitos na 5ª DP (Gomes Freire) em agosto, mostram que, naquele mês, houve 139 assaltos na região. Isso representa uma alta de 59,7% em relação aos 87 registrados no mesmo mês do ano anterior. Já o número de roubos de celular saltou 87,5%. Foram 15 roubos em agosto deste ano, contra 8 no mesmo mês de 2012.



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