Jovem que morreu eletrocutada em festival sofreu 4 paradas cardíacas

Peritos apontaram que ergalhão rompeu cabo de eletricidade, energizando a estrutura metálica onde ela foi encostou

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Uma perícia preliminar identificou que um vergalhão enterrado para segurar um tapume de ferro no Terreirão do Samba, no Centro do Rio, foi a causa da descarga elétrica que matou Maria Fernanda Lima, de 20 anos. 

Os peritos apontaram que o vergalhão rompeu um cabo de eletricidade, energizando toda a estrutura metálica onde a estudante de Odontologia foi eletrocutada ao encostar.

Depoimentos

A 6ª DP (Cidade Nova) instaurou inquérito policial para investigar a morte da jovem.

De acordo com a polícia, cinco pessoas já prestaram depoimento, inclusive o organizador do evento e o síndico do Terreirão do Samba. O espaço foi interditado. Ainda segundo a polícia, o evento foi autorizado pela Secretaria Municipal de Cultura, que cedeu o espaço em troca de 15% da bilheteria.

Nesta segunda-feira, fios expostos ainda podiam ser vistos tanto dentro do Terreirão quanto na calçada.

“A gente quer justiça. O que aconteceu não foi acidente. Não fiscalizaram o local. O fio desencapado ainda está lá. Não deram a mínima ajuda. Como Bombeiros não fiscalizaram aquilo lá? Era uma festa com 20 mil pessoas. Isso foi homicídio. Só peço justiça, porque é o corpo da minha irmã de 20 anos está num caixão”, desabafou Gabriela Lima, irmã mais velha de Maria Fernanda.

O Corpo de Bombeiros informou que não houve pedido de autorização à corporação por parte dos organizadores do evento.

Amigos contaram à família que, ao contrário do que a empresa organizadora divulgou em nota, a festa não foi suspensa após a jovem ter sido eletrocutada.

“Eles paralisaram o ‘rolê’ porque uma jovem estava passando mal e logo depois a ‘rolê’ continuou. Eles foram nojentos”, disse a irmã.

Gabriela contou que Fefê, como a jovem era chamada, era alegre, cheia de vida e estava cheia de sonhos, como viajar e conhecer o mundo.

“Ela era uma pessoa maravilhosa, muito intensa em tudo o que fazia. Uma das melhores pessoas que já conheci. Queria conhecer o mundo. Estávamos programando uma viagem para Capitólio. Fefê era extraordinária, queria muito poder estar no lugar dela agora. O que a gente pede é que façam justiça, que essa empresa seja punida para que não aconteça isso com outras pessoas”, enfatizou Gabriela.

Quatro paradas cardíacas

O acidente que provocou a morte de Maria Fernanda aconteceu por volta das 4h de domingo. O choque foi tão forte que ela desmaiou. A jovem foi levada ao Hospital Municipal Souza Aguiar, na mesma região, mas não resistiu após ter quatro paradas cardíacas.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que Maria Fernanda chegou à unidade já em parada cardiorrespiratória e morreu.

Nayara Varanda, amiga de Maria Fernanda que não estava na festa, contou que outra amiga, Malu, também sofreu a descarga elétrica e começou a ligar para os amigos quando ainda estava na ambulância.

“Elas encostaram as pernas numa grade na área atrás do palco. A Malu não teve ferimentos aparentes, mas ainda está muito enjoada e com dores nas pernas. Ela está em casa em observação, ela está muito mal e nem vai ter condições de vir ao enterro", disse Nayara.

Outra amiga da jovem, Laura Mendes, contou que ocorreram vários problemas de energia durante a festa.

“Desde cedo, o som era interrompido a todo instante. A mulher que cuidava da limpeza avisou que os banheiros estavam dando choque, que a gente evitasse encostar nas paredes. Se a mulher da limpeza sabia, não é possível que os organizadores não soubessem”, disse Laura.

"A Fefê [Maria Fernanda] ficou agarrada na grade. Isso foi negligência. Podia ter sido evitado. É inexplicável, não tem cabimento acontecer uma coisa assim numa festa. Se tinha problema, por que não pararam a festa?", questionou Nayara.

Despedida à jovem

O corpo de Maria Fernanda foi velado na manhã desta segunda-feira (15), no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. Familiares e amigos chegaram ao local por volta das 10h. O cemitério ficou lotado de amigos da faculdade, do colégio e da vizinhança. Todos sem conseguir assimilar direito a morte de uma estudante tão jovem e cheia de planos.

"A Fêfe tinha 20 anos, não tinha o porque. Não tem explicação, é inaceitável. Foi negligência sim, não foi uma acidente. Não tem como aceitar, porque podia ter sido evitado. Podia ter sido qualquer pessoa, podia ter sido mais pessoas dentro daquele evento. Não tem cabimento só.... Não dá", lamentava a amiga Laura Mendes.

Maria Fernanda Lima havia começado a cursar odontologia em uma universidade particular na Tijuca, na Zona Norte. A instituição lamentou a morte da estudante e decretou o cancelamento das aulas para alunos dos primeiros períodos do curso nesta segunda e terça-feira (16).

“Em solidariedade e respeito à aluna e aos colegas de turma, não haverá aulas nesta segunda e terça-feira para os discentes de primeiro e segundo períodos de odontologia", disse a universidade, em nota.

O que dizem os organizadores

A organização do evento, Puff Puff Bass, publicou uma nota nas redes sociais lamentando o fato:

"Infelizmente nessa noite, por volta das 4h, fomos informados pelos nossos brigadistas de incêndio de que havia acontecido um incidente. Logo após, nossos médicos decidiram que o melhor a se fazer era encaminhá-la ao hospital. Repassamos essa informação para o Terreirão do Samba e decidimos, a partir desta ocasião, encerrar o evento. Nós zelamos muito pela integridade de cada pessoa que escolhe ir a Puff Puff Bass e, no momento, o melhor a se fazer para preservar cada um de vocês foi encerrar o evento um pouquinho mais cedo".

Reprodição/Facebook 



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