Juros altos fazem montadoras esforçar a vontade de Lula baixar juros

Lula não está sozinho em sua reclamação de que a política monetária do Banco Central não está contribuindo para a recuperação da economia do país

Chevrolet | Divulgação
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  não está sozinho em sua reclamação de que a política monetária do Banco Central não está contribuindo para a recuperação da economia do país. Muitos empresários também reforçam o coro de que é necessário uma redução na taxa básica de juros. "Continuaremos a dar notícias de paralisações de fábricas ou coisas piores se os juros continuarem elevados", afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

No mês de abril, houve nove paralisações de fábricas que resultaram em uma queda na produção de veículos. As paradas continuaram em maio e já há novas paralisações agendadas para junho. A cadeia de fornecedores já começou a sentir os efeitos e está buscando maneiras de ajustar a sua produção à nova realidade do mercado. "Essa taxa é incompatível com o crescimento da indústria e com a geração de empregos. Se é compatível com combate à inflação ou outros mecanismos é outra história", reforçou Leite. 

Na primeira semana de maio, o Copom optou por manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Essa decisão está afetando negativamente o varejo automotivo, que tem registrado poucas vendas, já que a maioria dos negócios é realizada à vista. Essa situação é considerada anômala, já que a lógica que impulsiona esse mercado é a de oferecer ao consumidor linhas de crédito para aquisição de veículos zero km.

Sem essa ferramenta, as vendas no varejo não têm evolução e as montadoras estão buscando intensificar as vendas no atacado, vendendo seus veículos para empresas operadoras de mobilidade.

De janeiro a abril deste ano, foram licenciadas 632,5 mil unidades de veículos, das quais 150 mil foram vendidas para locadoras, de acordo com dados da Anfavea. No ano passado, das 553 mil unidades vendidas, 122 mil foram para esse segmento. O setor de locação de veículos registrou um crescimento de 23% nas vendas no quadrimestre, superando a média do mercado total, que foi de 14,4%. A tendência é que as vendas no atacado continuem aumentando sua participação: em abril, as vendas diretas representaram 50% dos emplacamentos de veículos leves, segundo a Anfavea.

"O mercado sofre com os juros elevados e a dificuldade de financiamentos. Por outro lado as locadoras passaram dois anos sem fazer tantas compras, por causa da limitação que havia na produção decorrente da crise de componentes e de semicondutores", contou Lima Leite. "A expectativa é a de que elas comprem mais este ano."

Além das dificuldades enfrentadas pelas empresas fabricantes de veículos no mercado interno, os principais mercados de exportação na América do Sul também estão em situação complicada. E não é só a Argentina que preocupa. O Chile, que foi o principal destino dos carros brasileiros no ano passado, está enfrentando dificuldades semelhantes. Além disso, a Colômbia também não realizou tantas compras de veículos este ano como no ano anterior. 

O mercado chileno apresentou o maior declínio, com uma queda de 48% nas vendas no quadrimestre. Na Colômbia, o mercado interno também encolheu, registrando uma retração de 20%. O México, por sua vez, teve uma queda de 18%, enquanto na Argentina a redução foi de 13%. No entanto, apesar desse cenário desfavorável, as exportações para o México cresceram, registrando um aumento de 6 mil unidades.

Dessa forma, o México se tornou o principal destino das exportações brasileiras de veículos em abril, representando 37% do total. Para efeito de comparação, há um ano, sua representatividade era de 16%.

No mês passado, foram exportados 34 mil veículos, o que representa uma queda de 23,9% em relação a março, quando foram exportadas 44,7 mil unidades, e uma queda de 24,1% em relação a abril de 2022, quando foram exportados 44,8 mil veículos. Com isso, o quadrimestre fechou com um total de 146,3 mil veículos exportados, o que representa uma queda de 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com informações:  Coluna AutoData (UOL) 



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