Justiça decreta prisão preventiva de envolvidos em incêndio em Santa Maria (RS)

Polícia havia feito pedido para ter “mais tempo e folga” para investigação.

Boate Kiss após a tragédia. | Reprodução
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A Justiça decretou nesta sexta-feira (1º) a prisão preventiva dos quatro suspeitos de envolvimento no incêndio da boate Kiss, em 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). Os sócios-proprietários do estabelecimento, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão são investigado pela participação na morte de 239 pessoas dentro da boate Kiss no fim de janeiro.

O pedido de prisão preventiva, que não tem prazo estabelecido em lei, foi feito pelo delegado responsável pelo caso, Sandro Meinerz, nesta quinta-feira (27) porque as prisões temporárias seriam vencidas neste domingo (3). E, de acordo com Meinerz, o pedido de prisão é para a Polícia Civil ter "mais tempo e folga" para avançar nas investigações.

Segundo o delegado, pelo menos 350 pessoas já foram ouvidas pela polícia e o número deve chegar a 500 até desta semana. Há possibilidade de indiciamento de pessoas relacionadas aos donos da boate ? o estabelecimento está no nome da mãe e da irmã de um dos sócios ? e a investigação está focada também nos possíveis problemas na expedição do alvará da boate.

? Estamos preocupados em correr atrás das provas. Estamos ouvindo testemunhas, bombeiros e funcionários da prefeitura sobre a questão dos alvarás. Estamos muito centrados nessa questão dos alvarás.

Segundo o TJ-RS (Tribunal de Justiça) do Rio Grande do Sul, ao analisar o pedido da polícia, o juiz Ulysses Louzada destacou que há seguros elementos de materialidade delitiva, da existência de crime. Ainda que não tenham sido disponibilizados os autos de necropsia de todas as vítimas, há que se considerar, para o momento, suficientes as provas da materialidade.

Em sua decisão, o magistrado disse que o acontecimento gerou comoção mundial e motivou uma série de mudanças de comportamento especialmente quanto à estrutura de casas noturnas e locais de concentração de pessoas, aumentando a corrida à fiscalização e aos cuidados com itens de segurança.

Paralelamente, o juiz ressalta o fato de que a estrutura física do estabelecimento – como a ausência de portas que funcionassem como saídas de emergência e de outras aberturas comprometia a circulação de pessoas e a evacuação imediata do local.

Um mês de tragédia

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, aconteceu na madrugada do dia 27 de janeiro e deixou 239 mortos e mais de cem feridos. O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador ? uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" ? que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos.

A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização dos bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.

Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.



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