Lar da Esperança pede ajuda para repor carro de coleta

Único carro que faz transporte está quebrado há seis meses

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O limite que separa os quase 200 assistidos do preconceito é a rua. Nos 80 metros de um terreno doado, com plantas nativas, quadros colorem o cenário imaginado por Graça Cordeiro, fundadora do Lar da Esperança, na Avenida Capitão Vanderley, número 5000, no bairro Piçarreira, na zona Leste de Teresina. Na casa, pessoas que sofrem com a exclusão da sociedade, por causa do fato de serem portadoras do vírus HIV, vivem em uma comunidade onde todos são iguais e se respeitam. Soropositivos, que conquistaram na Associação muito mais que dignidade, ganharam uma casa, uma família, amigos e uma profissão.

Crédito:Raissa Morais

Neste mês de janeiro, completando 31 anos de existência, o Lar que colhe piauienses e maranhenses soropositivos, em situação de vulnerabilidade, ainda passa por inúmeras dificuldades. O único carro que faz transporte da instituição está quebrado há seis meses. O caminhão Kia Kombo, que também faz a coleta de doações e material reciclável, importante para sobrevivência do local, está com problemas no câmbio de marcha, motor de partida e pneus.

"Está difícil sem o caminhão. Eu queria levar para própria concessionária colocar uma peça     original, porque a que já coloquei não resolveu. O caminhão está parado desde julho. É com ele que faço a coleta do material (papelão, papel, garrafas plásticas, latas de alumínio) em clínicas, restaurantes e outros estabelecimentos. Recolhemos doações de roupas, calçados para fazer um bazar, tudo com ele", conta Graça Cordeiro. No Lar, um pequeno galpão faz toda a triagem do material descartado que se transforma em insumos para ser vendido a sucatas, como forma de renda extra para manter a casa. "Ontem já fiz uns fretes para poder pegar o material", lembra.

A casa ainda vive de doações, do trabalho de uma equipe dedicada de voluntários coordenada por Dona Graça, como é conhecida. Desde 1989, a contadora se dedica de corpo e coração para garantir a existência do abrigo. Na década de 1990, um problema novo assustava moradores de todas as cidades brasileiras. O contágio pelo vírus HIV causava pânico e preconceito nas pessoas. Os poucos tratamentos também não colaboraram. Os portadores não sobreviviam por muito tempo, devido às doenças oportunistas. Em Teresina, Graça Cordeiro ergueu a bandeira do amor e acolhimento contra o preconceito da Aids.

 Lar é mantido pela dedicação de voluntários

Nos anos 90, o escritório de Graça Cordeiro, localizado em um prédio no Centro da Capital, já não suportava a quantidade de atendidos. Um terreno doado pela Universidade Federal do Piauí, em 2002, transformou-se no Lar da Esperança graças à solidariedade e à dedicação de voluntários que moveram autoridades e artistas que doaram materiais para a construção.

"Um rapaz piauiense foi para São Paulo trabalhar em um hotel, só que ele foi demitido após ser diagnosticado com a doença. Voltando para cá, ele viu que na porta onde eu trabalhava tinha um cartaz falado de HIV e ele me pediu ajuda. Foi emocionante, porque foi a primeira vez que vi um soropositivo na vida. Não tínhamos muita informação se podíamos pegar na mão ou abraçar, mais abracei e servi o almoço, ele chorava que tremia - uma pausa-, depois ele voltou bem", recordou a fundadora como tudo começou, emocionada.

Ainda assim, a contadora abrigou o jovem rapaz e, a partir dali, sua acolhida se tornou um porto seguro para centenas de pessoas. O sucesso da casa correu o Estado, lembra a fundadora da casa. "No início, começamos atendendo os homossexuais, depois chegaram as prostitutas, depois as esposas que contraíram o vírus dos maridos, mas tivemos que abranger os filhos de pessoas que não eram portadores", relata.

Na casa, as pessoas recebem mais que carinho e amor. Ela ensina a viver em sociedade. Assistidos renegados pelas suas famílias, encontraram no Lar uma nova oportunidade para reconstruir suas vidas, são cozinheiros, ajudantes e até aposentados que têm uma vida como a de qualquer outro. Graça conta que, apesar dos anos doloridos, o Lar é um lugar que representa felicidade. Viúva e de uma fé inabalável, seu único desejo é viver bem mais 120 anos. "O meu coração está aberto 24h. Atendo a capacidade que chegar. Sou feliz por conta disso, pelo abraço que dei. Quero construir um Lar para idosos e vou conseguir", projetou.

Como ajudar  - O Lar da Esperança precisa de colaboração para cuidar de todos os moradores. As doações podem ser realizadas através da conta corrente Banco do Brasil, Agência 5605-7 Conta 305.061-0. Caixa Operação 3, Agência 1989, Conta 343-9.  O abrigo também recebe donativos de alimentos não perecíveis, até materiais de limpeza. "O feijão, o arroz, a farinha nunca deixaram de me dar, tem pessoas com meio pacote de flocos de milho que vão deixar e eu recebo porque é de coração", explica a coordenadora. Carnes, leite e gás também são itens necessários para garantir a alimentação dos acolhidos que podem ser entregues no local. Informações (86) 98841-5409/99822-3500.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES