Lei no Piauí causa impasse entre médicos e doulas sobre parto humanizado

Impasse se formou em torno da Lei Estadual 7.750/2022, aprovada em março deste ano e que dispõe sobre assistência a mulheres grávidas.

Lei estadual do parto humanizado | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Um grande impasse se formou em torno da Lei Estadual 7.750/2022, aprovada em março deste ano e que dispõe sobre assistência humanizada a mulheres grávidas e seus bebês. A lei trata, entre outros aspectos, da humanização da assistência da gestação ao pós-parto e também em caso de perda gestacional e luto materno, estabelecendo medidas sobre o direito à gestante ter uma doula no parto, pré-parto e pós-parto e em situação de abortamento. Também institui mecanismos para coibir a violência obstétrica no estado do Piauí.

No início deste mês, o Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI) publicou uma nota à sociedade declarando que "a lei estadual põe em risco a assistência à saúde do binômio mãe-feto".

"A malfadada lei, aprovada à total revelia das entidades médicas e sem o necessário debate na Casa Legislativa, interfere indevidamente no Ato Médico, retirando a autonomia profissional e ignorando o conhecimento técnico-científico do médico obstetra na condução do parto, estigmatizando e criminalizando seu ofício", diz um trecho da nota.

E continua: "A referida lei deixa o médico e a parturiente à mercê de uma doula, que não é uma profissão regulamentada, mas tão somente uma ocupação, sem o necessário órgão de fiscalização e submetida a um curso de formação de apenas 180 (cento e oitenta) horas. Ademais, é flagrantemente inconstitucional, uma vez que autoriza a cobrança de valores no Sistema Único de Saúde – SUS, contrariando princípios básicos da assistência à saúde pública".

O Conselho Regional de Medicina (CRM) também tem se mobilizado junto aos deputados estaduais para a revogação da lei de autoria da deputada Teresa Brito, já proposta pelo deputado Marden Menezes.

Doulas reagem e mantém defesa ao parto sem violência

Enquanto entidades representativas dos médicos buscam revogar a lei sob a justificativa de desrespeito à autonomia médica e a segurança da paciente e do recém-nascido, as profissionais se mobilizam para reforçar a importância da lei e as perdas com a revogação total.

Em entrevista ao Meionorte.com, Helflida Rocha, representante do Movimento de Doulas do Estado do Piauí, reflete que a lei traz vários direitos essenciais para as gestantes, e envolve, além das doulas, outras categorias (enfermagem, enfermeiras obstetras, fisioterapeutas, psicólogas, etc). Trata-se da Lei do Parto Humanizado no Piauí.

Doula auxilia no parto | foto: Reprodução"A doula é um apoio emocional. Desde a gestação, ajudamos a mulher e a família a se prepararem para a chegada do bebê, vamos entender os medos, o contexto e os desejos da mulher, ela cria um vínculo de confiança e carinho com a doula por ser uma profissional treinada, experiente, sensível que escuta ela sem julgamento e a acalma. E no dia do parto estamos junto usando técnicas naturais de alívio da dor", explica.

E contiua: "É um suporte que tem benefícios comprovados cientificamente: Parto mais rápido, menos doloroso, menos chances de cesáreas desnecessárias, menos uso de medicação para indução, mais chances de sucesso na amamentação, mais satisfação da mulher e menos chances de depressão pós-parto. Tudo isso sem realizar procedimentos e sim através de um cuidado sensível, empático e baseado em evidências científicas", considera.

Garantia dos direitos da mulher

De acordo com Helflida Rocha, a lei estadual veio para ampliar para todas as famílias das outras cidades piauienses os direitos que já são garantidos às mulheres da capital desde 2016, com a Lei Municipal da Doula, que permite que a gestante esteja acompanhada da profissional sem tirar o lugar do acompanhante na maternidade.

"A questão é que, na verdade, o problema dos médicos não são as doulas e sim com o termo violência obstétrica, eles estão morrendo de medo de processos, pois sabem que com a lei as mulheres têm mais canais de denúncias e muitos não querem se atualizar e melhorar suas condutas".

Para ela, nessa disputa, quem sai prejudicada é a gestante e seu bebê.

"Não queremos fomentar essa rivalidade doula x médico. Isso é péssimo para as mulheres, pois deixa elas mais inseguras achando que terão que escolher entre um ou outro. A doula é apoio a mais que ela tem direito sem perder nada na assistência, é um ganho para o emocional e técnicas de alívio da dor e terem uma experiência positiva e não traumática. Com tantas informações distorcidas, são as gestantes que estão sendo prejudicada", lamenta.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES