Lixo prejudica horticultores das proximidades do Parque Linear Lagoas do Norte

Não é de hoje que os horticultores de Teresina reclamam da sujeira que costuma rodear seus terrenos.

A HORTA E O LIXO | Sujeira nas proximidades das hortas está afastando os clientes. | Reprodução/Jornal Meio Norte
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Na edição de quinta-feira, o JMN mostrou um pouco dos desafios enfrentados pelos horticultores da Avenida Boa Esperança, nas proximidades do Parque Linear Lagoas do Norte.

Por lá, a chuva que encharca os canteiros e favorece o crescimento do mato em meio às plantações de hortaliças está longe de ser o principal problema dos trabalhadores que, da atividade, tiram seu sustento.

O roubo de hortaliças é a principal queixa, já que os prejuízos são inevitáveis, penalizando ainda mais quem tem um lucro tão pequeno.

Acontece que nas hortas da região do Grande Dirceu os problemas são ainda maiores. Além da chuva - que deixa os canteiros com um verde reluzente, mas que também implica em cuidados especiais com a produção de hortaliças -, dos roubos e do mato, há um problema adicional que, segundo os horticultores, tem afastado os clientes de alguns trechos da quilométrica horta: o acúmulo de lixo.

Um ponto que exemplifica bem essa situação é a Rua Santa Edwirge, ponto em que a horta fica compreendida entre os bairros Renascença I e II. Por lá, o lixo tomou toda a extensão da rua no trecho que vai do cruzamento da Avenida Noé Mendes (popularmente conhecida como Avenida das Hortas) até as proximidades da linha férrea do metrô de Teresina.

Os materiais depositados são os mais diversos. Vão de pedaços de móveis de madeira até restos de periféricos de informática, passando por caixas de papelão.

Uma rápida caminhada pela área afetada mostra que é jogado por lá todo tipo de entulho: restos de material de construção, galhos oriundos de podas de árvores de residências dos bairros vizinhos, pneus, entre outros.

?Mas o pior mesmo é quando jogam gato e cachorro morto aí. O mau cheiro é tão grande que eu, que tenho canteiros bem ao lado dessa imundície, não consigo nem ficar por muito tempo para trabalhar no plantio?, resume o horticultor Raimundo Alves, de 65 anos.

?Vejo que, daqui a alguns dias, não teremos mais compradores interessados nas nossas hortaliças por conta desse mau cheiro. As pessoas sabem que isso pode afetar a qualidade do produto?, complementou Manoel Nascimento, que também trabalha com uma horta próxima ao local do lixo.

No momento da visita da reportagem do JMN à rua afetada, um pedestre que passava pelo lugar isentou a prefeitura de culpa. ?A prefeitura até coleta esse material, mas a culpa é da população mesmo.

São os próprios moradores que causam essa sujeirada toda?, disse o cidadão ? que não se deteve em sua caminhada em momento algum enquanto disse estas palavras. Compreensível, já que o mau cheiro e a grande quantidade de insetos expulsam qualquer um que enfrente a tarefa de passar por lá.

O amontoado de lixo é tão grande que chega a bloquear a entrada do cercado onde se localizam os canteiros ? passagem que é usada inclusive pelos caminhões que levam estrume para os horticultores. Seu Francisco Vieira é outro trabalhador que reclama do problema.

Aos 80 anos, ele vê a clientela diminuir por conta desta situação que, aliada às chuvas, torna este o período mais complicado para quem cultiva hortaliças em Teresina.

Ele explica que, por conta da dificuldade, o preço do metro do coentro varia bastante. ?Seis fileiras de um canteiro equivalem a um metro de coentro, por exemplo. Dependendo do tempo, eu vendo o metro a R$ 3,00. Mas já cheguei a vender por até R$ 10?, diz ele.

Roubos chegam ao Dirceu e Mafrense

Uma horticultora que preferiu não se identificar afirma que o lixo deixado na Rua Santa Edwirge é oriundo, em sua maior parte, do trabalho de carroceiros - que elegeram o local como ponto de depósito de entulho. Ela afirma que um dos colegas, trabalhador da horta, ao questionar um dos carroceiros sobre a deposição do material, foi ameaçado de morte.

"Ele disse que iria furá-lo com uma faca", detalhou ela. A mesma trabalhadora também citou outro problema recorrente, e que remete à já citada horta comunitária das margens da Avenida Boa Esperança. "Aqui, há muito roubo de hortaliças.

Os marginais entram a qualquer hora do dia e, na ausência do dono dos canteiros, roubam coentro, cebola, enfim, tudo o que puderem levar, para depois vender em todo o bairro Renascença. Isso é muito frequente".

Os roubos causam um impacto muito grande nos rendimentos dos horticultores, principalmente daqueles que têm nas hortas sua única fonte de renda. "Uma "carrada" de estrume dura muito tempo, mas o custo também é muito alto pra quem vive só das hortas: R$ 400".

No bairro Mafrense, região Norte da capital, os roubos de hortaliças também existem, mas parecem ocorrer com menos frequência. Mas assim como no Dirceu, há queixas por parte de quem trabalha de sol a sol para depois aturar o descontentamento de ver a hora "canibalizada" por algum larápio. "Aqui, quando nos roubam, os produtos são vendidos no bairro São Joaquim", disse a horticultora Luzia Moreira Lima.



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