Luiz Gonzaga Beluzzo prega urgência no uso de energias renováveis

O professor falou sobre a dissolução da relação salarial e denunciou a perda de direitos de trabalhadores a partir da precarização patrocinada por plataformas tecnológicas espalhadas pelo Mundo

Beluzzo | Reprodução
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O economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), constatou durante o Fórum Social Mundial Virtual 2021, realizado pela Carta Maior e Fórum 21, assim como o filósofo americano Noam Chomsky, o desequilíbrio provocado pelos combustíveis fósseis no sistema econômico, social e logicamente no meio ambiente em todo o Mundo. Na opinião de Beluzzo, essa condição valoriza os programas tecnológicos voltados para energias renováveis. Nesse contexto, o Piauí é destaque na operação de parques eólicos e solares no Brasil.

Economista Beluzzo

“Vejam só o programa chinês de energia renovável, é uma coisa impressionante. O encaminhamento que eles estão dando a isso com energia solar e eólica, eles são os maiores produtores de painéis solares. O Banco Europeu de Investimentos tem um programa enorme de energias renováveis reconhecendo a urgência de se fazer isso”, destacou Beluzzo.

O filósofo, linguista, sociólogo, cientista cognitivo e ativista político americano Noam Chomsky, destacou em fala no mesmo Fórum Social Mundial Virtual 2021 que o impacto ambiental provocado pelo homem faz crer que “até agora tivemos sorte”. Ele ressaltou uma recente pandemia que era altamente letal, mas não muito contagiosa como o ebola. “Talvez não tenhamos tanta sorte da próxima vez. Essas criaturas espertas têm muitos truques de baixo da manga”, alertou Chomsky.

O filósofo alertou que estamos recebendo os avisos, conselhos, sobre o que deve ser feito para prevenir o desastre, mas conhecimento não é suficiente é preciso colocar o conhecimento na prática. “Outra crise muito mais séria é o aquecimento global. A urgência da crise em desenvolvimento foi sublinhado mais uma vez poucas semanas atrás quando a Organização Mundial para a Meteorologia soltou seu relatório anual sob o estado do meio ambiente global. Esse relatório avisa que se a gente seguir o atual curso vamos chegar a pontos de alerta irreversíveis. Em breve podemos ter o que eles chamam de terra estufa. Estabilizando a temperatura bem acima do nível considerado cataclísmico. É preciso seguir com a mitigação do efeito estufa. Nos livrarmos dos combustíveis fósseis na geração de energia, industrial e transporte”, completou Chomsky.

“Relação salarial está se dissolvendo”, alerta Beluzzo

O professor Luiz Gonzaga Belluzzo também discorreu no Fórum Social Mundial Virtual 2021 sobre a dissolução da relação salarial e denunciou a perda de direitos de trabalhadores a partir da precarização patrocinada por plataformas tecnológicas espalhadas pelo Mundo.

“O capitalismo está reduzindo em uma proporção assustadora o tempo de trabalho socialmente necessário. Mas as pessoas dizem que no pós-guerra tivemos avanços tecnológicos, emprego, aumento de salário. Eu digo que a relação salarial está se dissolvendo. O capitalismo está dissolvendo a relação salarial. Vejam os empregos que estão surgindo nas plataformas. Não é só nas plataformas de entrega ou no Uber. São várias plataformas, inclusive financeiras, que o trabalhador não tem vínculo”, alertou Beluzzo.

“Se não houve uma reação séria no sentido de regular isso as pessoas vão trabalhar e não ter nenhuma garantia, de aposentadoria, seguro saúde ou desemprego. A ação tem que ser muito intensa. E essa ação deve envolver sem dúvida uma revisão da forma como funciona o sistema monetário financeiro. O capitalismo precisa ser apropriado publicamente. O pessoal da moderna teoria monetária descobriu que o estado tem essa potência que em geral é obstruída pelo sistema privado, porque o dinheiro é criado pelo estado mediante o papel dos bancos privados, mas isso se desenvolveu na forma de instituições financeiras que emitem títulos, então a valorização fictícia do capital cresceu muito. É preciso disciplinar isso”, completou o professor da Unicamp.

“Brasil está na era da pedra lascada em liberalismo”

Luiz Gonzaga Belluzzo faz um alerta para a ideologia econômica do Brasil que, na sua visão, precisa acompanhar as mudanças do capitalismo e cita o exemplo da atuação dos Estados Unidos para conter os efeitos da pandemia da Covid-19.

“Os mercados não conseguem precificar os ativos, estão mergulhados em um caudal de dinheiro que foram despejados pelos bancos centrais e não dá para voltar atrás. É isso que na verdade muitos dos liberais brasileiros querem fazer, voltar para o status quo de antes. Não vai voltar, não pode voltar porque seria uma tragédia. O Brasil está na era da pedra lascada em matéria de liberalismo. É uma coisa impressionante esse atraso ideológico. Eles tem ideologia inadequada para as transformações do capitalismo”, falou Beluzzo.

“Os Estados Unidos vão fazer um programa de mais de 1 trilhão e 900 bilhões de dólares para segurar empregos e pequenas e médias empresas. Eles escreveram que precisam dirigir o dinheiro para as atividades produtivas. Não é dar dinheiro, é dirigir para os setores capazes de sustentar o maior número de americanos e estimular a economia”, ressaltou Beluzzo.

Beluzzo defende derrubada do teto de gastos

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo defendeu durante o Fórum Social Mundial Virtual 2021 a derrubada do teto de gastos pelo Governo Federal diante da grave crise criada pela pandemia da Covid-19

“O controle coletivo dos mercados financeiros é fundamental. A financeirização quer dizer também o controle, o poder diluído nessas estruturas. A ideia peregrina que o Rodrigo Maia aceitou de que precisa manter o teto de gastos. Isso é um absurdo total que não combina com as necessidades do capitalismo brasileiro. [...] Nós temos que enfrentar essa desorganização que está sendo produzida na economia brasileira. Por um projeto que não tem nenhuma viabilidade”, disse Beluzzo.

O estudioso defendeu ainda a renda básica universal como forma de garantir as condições para que o ciclo econômico que garante a produção e o consumo de bens e serviços no País.

“A renda básica universal é incontornável. Não tem como encaminhar nada na sociedade sem criar a renda básica. E há uma visão que se você criar a renda básica o cara vai para o baile funk, não vai. A maioria vai esperar uma oportunidade para ter um emprego. Você vai permitir que as pessoas tenham acesso a isso. A agenda começa com um controle rigoroso, como foi feita no pós-guerra, sobre o setor financeiro, é ele que é o comando das decisões reais. Em segundo lugar tratar das disrupções no mundo do trabalho que vão exigir uma renda básica e uma proteção ao pequeno negócio”, completou Beluzzo.



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