Marcas de destruição permanecem no Parque Rodoviário após tragédia

Vítimas lembram o caos da enxurrada do dia 4 de abril

Famílias permanecem em situação de vulnerabilidade | Raíssa Morais
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Lama, lágrimas e pobreza. É o que resta após três dias do caos que acometeu a região do Parque Rodoviário, zona Sul de Teresina. Após o rompimento de uma lagoa formada dentro de um clube abandonado, onde a enxurrada levou casas, carros, pessoas e animais. Contabilizam-se duas vítimas fatais, uma criança de 4 anos e uma idosa de 69 anos, e cerca de 400 famílias afetadas.

Moradores guardam doações no teto para evitar lama. Crédito: Raíssa Morais.

Os moradores não sabiam da situação da lagoa. “Ninguém sabia da situação não. Ninguém sabia nem que essa lagoa existia para lá. Nossa preocupação era o rio. Eu já estava indo dormir nessa hora, era umas 21h da noite. Na hora pensei que era tiro, briga de família. Quando eu estava indo para o quarto dormir, olha, se eu tivesse dormido eu tinha morrido, o vizinho disse: pega o documento e corre que é água. Então corri”, lembra dona Oscarina Oliveira Lima, uma das afetadas pela tragédia.

Oscarina mostra a marca da água na parede do quarto. Crédito: Raíssa Morais.

Todos precisaram agir rápido para salvar as próprias vidas. “Encontrei a mulher dele em cima do muro com a neném. Perdi tudo. Não dá para aproveitar nada, está tudo contaminado e com mau cheiro. Graças a Deus foi cedo da noite. Se as pessoas estivessem dormindo, se fosse de madrugada, certeza que ia ter muita morte”, conta a dona de casa.

“Parecia um tsunami”

Vicente de Paula, pedreiro, conta sobre os momentos de terror. “A gente pensou que tinha batido um carro em um posto. Quando a gente foi ver, era só água e lama. Olha o tanto de lama que tirei de dentro de casa. Perdi moto, perdi tudo. Minha mulher perdeu R$ 300. Meu menino conseguiu abrir o portão, parecia um tsunami. Ele correu para salvar uma senhora de 90 anos, cega”, conta.

Crédito: Raíssa Morais.

Saqueadores

As casas do entorno da residência de Vicente caíram com a força das águas. Como se o sofrimento das famílias não bastasse, saqueadores roubam até doações. “A minha casa só resistiu porque fiz um reboco forte, sou pedreiro, sei como constrói casa. Se não tinha sido derrubada também. Foi muito forte a velocidade e força da água. Não sabíamos o que fazer. Perdemos praticamente tudo. E sabe o que é pior? O pessoal ainda está roubando a gente, muitas pessoas estão roubando o pouco do que nos restou”, lamenta. 

Os comerciantes Mazé Bastos e Antônio Soares não conseguem contabilizar o prejuízo sofrido pelo comércio. “Perdemos mais da metade dos produtos. Pouca coisa deu para salvar”, conta Antônio. O comércio abriu já abriu as portas para tentar recuperar o prejuízo. “Tem que trabalhar, não tem jeito”, comenta Mazé.

Prefeitura trabalha na limpeza de área afetada

Equipes da Prefeitura Municipal de Teresina, coordenadas pela Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sul (SDU/Sul), estão trabalhando para remover a lama, detritos e entulhos ocasionados pela enxurrada causada pela lagoa, que concentrava águas no terreno sem uso próximo à região do Parque Rodoviário.

Produtos afetados pela lama. Crédito: Raíssa Morais.

Marcelo Mourão, gerente de serviços urbanos da SDU, estava acompanhando os trabalhos das equipes da Prefeitura na manhã deste domingo (7). “Estamos com a máquina e caminhões trucados para retirar o que chamamos de transbordo. Essa parte de barro, lixo e material de construção que ainda tem na rua, além de materiais das casas afetadas que os donos das casas colocam para retirarmos. Estamos fazendo um pente fino”, afirma.

Os trabalhos devem perdurar ao longo da semana. “Amanhã vamos estar com todos o efetivo para ver se deixamos bem mais limpo. Não temos como dizer quando terminaremos esse trabalho, mas acredito que durante essa semana já finalizamos tudo”, finaliza o gerente de serviços urbanos.



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