Transporte mais rápido e maior, metrô é negligenciado pelo poder público em THE

Apesar de eficiente, ele tem pouco alcance na capital

Falta de conforto e segurança para usuários | Moisés Saba
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A rotina do estudante de enfermagem Roberto Rocha é mais do que puxada. Ele acorda às 5h30, sai de casa às 6h e dá início a uma maratona diária que envolve nada menos que seis ônibus diferentes, na tarefa de conseguir cumprir o trajeto casa ? faculdade ? trabalho ? casa.

Ele é morador do Bairro Três Andares, na zona Sul da capital, e estuda em uma faculdade da zona Leste da cidade.

Do bairro onde mora, o jovem pega um ônibus até a Praça da Bandeira, no centro, e lá toma outra condução para a região do Planalto Uruguai, onde fica a instituição de ensino na qual estuda. No fim da aula, hora de pegar mais um ônibus, para voltar à Praça da Bandeira. Agora, é hora de ir ao trabalho. Na Praça, ele pega uma linha que o leva à região da Santa Maria da Codipi, na zona Norte da cidade, onde trabalha em um posto de saúde.

Terminado o trabalho no posto, ele segue para casa ? mais dois ônibus o levam de volta para a zona Sul. O horário de chegada pode até passar das 19h30. Roberto conta que cada etapa dentro dos ônibus pode durar de 30 a 40 minutos, um tempo precioso para o rapaz. ?Nem eu sei como aguento essa jornada?, resume ele.

Roberto faz parte do grupo de mais de 200 mil pessoas que dependem exclusivamente dos ônibus diariamente na capital do Piauí. Esse quadro é agravado pelo alcance ínfimo do serviço de metrô na capital: apenas 13 km de linhas são usados pelos quatro trens do metrô, atendendo a um publico de apenas 10 mil passageiros por dia. O público mais beneficiado é o da região do Dirceu, que dispõe de uma ligação rápida com o centro da cidade.

O estudante lamenta não poder usufruir do transporte sobre trilhos em sua rotina. ?Eu economizaria tempo e, sobretudo, dinheiro, já que é um transporte mais barato. É uma pena que o metrô não tenha um alcance maior na nossa cidade, poderia beneficiar a todos?, disse o jovem.

Teresina possui uma concentração de 5,2 pessoas por carro. Para efeito de comparação, São Paulo tem 2,4, Brasília 2,6 e Curitiba 1,9. Ou seja, temos relativamente poucos veículos, mas a mobilidade urbana (que já apresenta muitos gargalos) só tende a piorar caso alternativas não sejam encontradas, já que o número de carros vem crescendo de forma mais rápida do que a população.

Mas quem tem o ?privilégio? de usar diariamente o metrô também tem suas reclamações. O transporte sofre com uma série de problemas, e parece ter parado no tempo. Mas quais são essas demandas?

Falta de conforto e de segurança

Na última quarta-feira o JMN fez todo o percurso de 13 km do metrô de Teresina. Embarcamos em um dos trens do serviço e, às 9h10, a composição deixou a estação Engenheiro Alberto Tavares Silva, no centro da capital.

Imediatamente começamos a sacolejante viagem na linha que sai do centro, bordeja a zona norte, ingressa no centro novamente, e dirige-se à região sudeste da cidade.

Nos vagões, mais assentos vazios que ocupados. Os poucos passageiros que utilizam o metrô contam com a vantagem de não enfrentar congestionamentos, mas eles também não têm vida fácil: os aparelhos condicionadores de ar não funcionam e as principais entradas de ar são mesmo as portas que, mesmo devendo ser de fechamento automático, permanecem abertas durante toda a viagem.

Passamos pela Matinha, Chegamos à Avenida Miguel Rosa, depois uma leve parada na Estação Frei Serafim. Logo após seguimos para o bairro Ilhotas, Boa Esperança, Renascença, e em diante. Em diversos trechos, a estrutura externa do trem é castigada pela vegetação que cresce ao redor da linha férrea. De parada em parada, o trem vai seguindo viagem. Os poucos passageiros estão tranquilos, mas sempre há o temor de que os sucessivos descarrilamentos voltem a acontecer.

Pouco depois alcançamos as hortas comunitárias do Dirceu ? uma visão que acompanha os passageiros até as proximidades da parada final. 34 minutos depois de deixar a região do centro, estamos na última estação da viagem, na região do Itararé.

Durante o percurso, conversamos com a dona de casa Maria Antônia Araújo, moradora da localidade Comprida, na região do Dirceu. ?Adoro andar de metrô, bem mais rápido e barato que os ônibus?, disse ela, na companhia da fiha Ana Júlia, de apenas um ano e dez meses de idade. Apesar de concordar com as vantagens dessa solução de transporte, ela lamenta que velhas promessas ainda não tenham saído do papel.

?Disseram há algum tempo que o metrõ chegaria até a cidade de Altos, só que até agora isso não aconteceu.

Gostaria muito que fosse verdade, pois minha mãe mora lá e seria beneficiada também. Ficaria mais fácil visitá-la?, complementou a passageira.

Nos vagões também conversamos com a funcionária pública Francisca da Silva. Ela esteve em dois dos acidentes mais recentes com o metrô de Teresina: um descarrilamento e uma colisão com um trem de manutenção da linha férrea, ocorrido em maio deste ano. Ela conta que, apesar da velocidade reduzida das composições ainda teme novos incidentes, e clama por segurança. ?Eu já vi assaltos aqui dentro (dos vagões). É preciso colocar pessoas encarregadas pela segurança tanto nos vagões quanto nas estações?, disse ela.

O serviço também sofre com o vandalismo. Em diversos pontos de seu percurso, o metrô costuma ser atingido por pedras atiradas por pessoas que ficam próximas à linha. Além disso, na parte de dentro dos vagões, os revestimentos estão bastante riscados.(D.L.)

CMTP ainda aguarda verbas

Na CMTP (Companhia Metropolitana de Transportes Públicos), órgão que administra o metrô de Teresina, o clima continua a ser de compasso de espera. De acordo com o presidente da companhia, Marcos Silva, os R$ 130 milhões conseguidos junto ao PAC Mobilidade Urbana para a ampliação do alcance do sistema ainda não foram liberados.

?Temos potencial para atender 80 mil passageiros por dia. Mas precisamos fazer com que essas verbas sejam disponibilizadas para ampliar o serviço?, disse ele, ressaltando que em setembro foram substituídas 90 dormentes no trecho da linha que passa na região do bairro Mafuá.

O diretor técnico da CMTP, Antônio Sobral, diz que cinco das nove estações já foram reformadas ? e que os trabalhos de melhoria na estação Matinha continuam sendo realizados. ?Além disso, duas novas estações constam nos planos de ampliação imediata ? São João e Piçarra?, conta ele.

Silva e Sobral apontaram que, para amenizar a questão do calor nos vagões, dois exaustores estão sendo colocados em cada ambiente. A CMTP aponta que em 2012, aproximadamente 2,1 milhões de passageiros utilizaram o serviço, com uma média de 175 mil pessoas/mês.(D.L.)



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