Missa da Misericórdia completa quatro anos e atrai multidões em Teresina; veja

Todas as quartas-feiras, a frente da igreja do Bairro Primavera fica lotada de fiéis que vêm de todos os lugares

Católicos celebram a fé na Missa da misericórdia | Kelson Fontinele
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?Perdão concedido por bondade pura?, ?Instituição de piedade e caridade?, ?Exclamação para pedir piedade, compaixão?, ?Atributo de Deus que o leva a perdoar as faltas e os pecados dos homens?. Esses são alguns dos significados que constam no dicionário Michaelis para o verbete Misericórdia. Mas em Teresina, essa palavra vem alcançando novas fronteiras através de um encontro semanal que mobiliza milhares de famílias na zona Norte da capital.

A Missa da Misericórdia, realizada na paróquia da Santíssima Trindade, no bairro Primavera, já faz parte da rotina de gente de todos os cantos da cidade ? e até de fora de Teresina. O número de fiéis aumenta a cada quarta-feira, dia da semana em que tradicionalmente a celebração é realizada. A praça que abriga a igreja fica completamente tomada por gente de todas as idades, de forma que a estrutura da igreja em si, dotada de linhas modernas, fica fechada ? dando lugar a uma grande missa campal.

Os quarteirões ao redor da paróquia ficam cheios de carros estacionados, dando uma ideia da dimensão que a missa alcançou nos últimos tempos.

O público que fica nas áreas mais afastadas do altar acompanha toda a celebração através de cinco telões. Todos já aderiram à ideia de levar sua própria cadeira ou banquinho, para acompanhar a missa com mais conforto. E não é uma celebração curta: inicia-se normalmente por volta das 19h, e costuma passar das 22h. Tempo que voa para quem está por lá toda semana, acompanhando todos os momentos do encontro de louvor que já conquistou os teresinenses.

O jornal Meio Norte acompanhou a missa na última quarta-feira (18). O clima, que já é de alegria todas as quartas, agora ganha um caráter especial ? afinal, a missa completa quatro anos de existência no próximo dia 25 de setembro. Os fiéis, é claro, já estão comemorando. Todos os tradicionais momentos da missa parecem estar ainda mais emocionantes ? desde a hora da água benta até a passagem do santíssimo no meio da multidão.

Não é muito difícil se movimentar entre os diferentes espaços da praça onde os fiéis se concentram para acompanhar a santa missa. Isso porque a massa que acompanha a celebração constitui uma multidão educada. Sempre existem caminhos livres, com o providencial apoio de um grande time de voluntários que, devidamente identificados, orientam a todos.

A missa é conduzida pelo padre Nilton Pereira e pelo também padre Raimundo Neto Rêgo (padre Neto). Muitas músicas são cantadas ao longo das três horas de missa, mas todos os que participam têm os cânticos na ponta da língua. As pessoas chegam de todos os cantos ? e não são poucas as caravanas que vêm da zona rural e até de outras cidades.

A ginecologista Maria de Jesus Melo, de 63 anos, faz questão de comparecer à missa sempre que pode. Ela é cadeirante, e mora no bairro São Cristóvão. ?É uma grande demonstração de fé popular. Aqui na missa, todos suplicamos juntos a Deus, compartilhamos nossas dores, e nos renovamos na fé. Isso dá muita paz?, diz ela.

Mãe vai à missa buscar cura

Durante a Missa da Misericórdia, é comum ver pessoas com as mãos estendidas para o alto com fotos de parentes, amigos ou conhecidos, para os quais desejam que uma graça ou bênção seja concedida. Dentre tantas histórias de pedidos e súplicas, uma vem se destacando.

Maria Zélia do Nascimento é moradora da cidade de Demerval Lobão, a 34 km de Teresina. Ela é uma frequentadora mais recente da Missa da Misericórdia, mas já é parte de um dos relatos mais impressionantes da trajetória da celebração que acontece no bairro Primavera. Zélia é mãe de Jullyanna Fonteneles do Nascimento, de 30 anos. Há cerca de um mês, Jullyanna passou a sentir fortes dores, e exames revelaram que ela tinha vários cistos de massa na região do ovário.

Uma operação de emergência teria que ser feita. Essa notícia fez Zélia perder o chão. ?Eu fiquei louca. Era a saúde da minha caçula! Me desesperei?, conta a mãe. Antes da operação de Jullyanna, Zélia passou a frequentar a Missa da Misericórdia. ?Na missa, eu pedia para as pessoas ao meu redor para que rezassem pela minha filha. Recebia o apoio de todos?, lembra ela.

Milagre

No dia da esperada cirurgia, a fé estava mais do que fortificada. Na sala de operações, os médicos tiveram uma surpresa. ?Eles disseram que os cistos haviam sumido, e que minha filha não tinha mais nada. Eles olharam em ambos os lados do corpo, e não encontraram problemas. O médico me disse que acreditava que havia ocorrido ali um milagre?, lembra Zélia.

Tão logo soube do que havia sido constatado pelos médicos, a mãe foi até a paróquia da Santíssima Trindade agradecer pelo que ela acredita piamente ter sido uma graça alcançada. ?Se eu pudesse, sairia nos quatro cantos do mundo contando a história que vivi?. Ela comemora também a melhora no quadro de diabetes da filha. ?Ela está tomando muito menos insulina do que antes?, resume a mãe, que já fez da missa um hábito. Quando passa uma música bonita na celebração, eu ligo o celular e ponho para que ela ouça?, diz a mãe, referindo-se à filha, que ainda está no hospital se recuperando.

Livro com relatos será lançado no aniversário da missa

O padre Nilton Pereira não para. Seja no altar celebrando a enorme missa, seja nos bastidores da comemoração dos quatro anos da celebração, no próximo dia 25. Em meio às andanças para divulgar o aniversário, ele conversou com o jornal Meio Norte, e falou sobre as características que fazem do encontro semanal com os fiéis um momento cada vez mais especial.

?A missa vem promovendo muitas curas. São pessoas que recuperam suas famílias, jovens que deixam as drogas, matrimônios que foram restaurados, entre outras graças que temos visto. Por isso é tão importante fortalecer a proposta da missa: para que as pessoas a vejam como um sinal de esperança em Teresina, mesmo em um tempo de tanta dor?, conta o religioso.

As graças alcançadas ao longo desses quatro anos de missa serão reunidas no livro ?Curas e Milagres da Misericórdia?, que será lançado na quarta-feira. De acordo com padre Nilton, são 230 páginas com histórias de fiéis que atribuem às orações da missa suas mudanças de vida.

?Nunca tive a intenção de que ela (a missa) se tornasse um evento desse tamanho. Meu desejo era apenas de fazer uma missa para a comunidade. Lá, as pessoas têm a oportunidade de olhar para si, para os próprios problemas, as próprias misérias. E os fiéis também tomam contato com as dificuldades do próximo. Ou seja, a reflexão maior é: ?não sou só eu que sofro??, complementa padre Nilton.

O padre Neto também falou sobre a emoção de estar diante de tanta gente na celebração. ?É a ação do Espírito Santo na vida do povo de Deus. A missa representa uma transformação enorme na minha vida e na do padre Nilton como sacerdotes, e também nas vidas de inúmeras famílias?.

Uma programação especial está sendo preparada para comemorar o aniversário da missa. Às 16h40 do dia 25, será realizado o Ofício de Nossa Senhora Cantado. Logo em seguida, às 17h, vem o Terço da Misericórdia. Às 17h15, terá lugar um momento de louvor e animação. Logo depois, às 17h45, o padre Neto comanda a pregação e oração de cura e libertação. Às 18h40 acontece o lançamento oficial do livro Milagres e Curas da Misericórdia. Às 19h, como de costume, começa a missa, que será encerrada às 22 com uma queima de fogos.

Um dos momentos mais aguardados pelos fiéis, no entanto, se dará no dia 11 de outubro, com o show do cantor Tony Allysson. A apresentação é esperada principalmente pelo fato de que Tony interpreta a música ?Jesus filho de Davi me cura?, bastante conhecida por quem frequenta a missa. ?Essa música é cantada em um dos momentos mais emocionantes da nossa celebração, que é quando o Santíssimo volta para o altar?, diz o Pe. Neto.

?Passei mal de tanta emoção?, diz idoso

Na praça, durante a missa, não é muito difícil encontrar o aposentado Francisco das Chagas Araújo. Afinal, ele é um dos fiéis mais animados de toda a celebração. Para Francisco, que é morador do Bairro Buenos Aires, a missa da misericórdia começa bem mais cedo.

?Saio de casa às 17h30. É assim todas as quartas. Venho para cá com meu terço (mostra o terço nas mãos) e o rezo inteiramente. É muito bom. Na missa eu canto, sorrio, simplesmente não sei ficar parado. Eu jogo toda a tristeza de lado?, diz ele, com as mãos para o alto em meio a mais um cântico puxado por padre Nilton.

Mas a alegria e a emoção às vezes fogem ao controle de Francisco. Tanto é que, recentemente, ele acabou passando mal em plena missa. ?Eu, que tenho problema de pressão, caí. Passei mal mesmo. A mesma coisa aconteceu com duas mulheres no mesmo dia na Missa da Misericórida. É que é muita emoção?, conta o fiel, aos risos, pouco antes de ser abençoado com a tradicional água benta.



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