Morte de praticante de crossfit expõe limites na busca da perfeição

Todo cuidado é pouco na hora de pegar pesado na malhação

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A ditadura do corpo perfeito tem mudado mais do que a estética de quem recebe essas mensagens. Afeta o psicológico e, em muitos casos, a saúde. Especialistas no assunto, porém, são categóricos: o auxílio de profissionais da área nunca pode ser dispensado, e a cautela é a grande aliada dos resultados. Se por um lado, o uso de anabolizantes e de outras substâncias é perigo certo; por outro, a intensidade dos exercícios também deve ser levada em conta. A morte de um praticante de crossfit no início da semana acendeu o sinal de alerta.

O advogado Paulo Maurício Ferreira Souza, 37 anos, é um exemplo de vítima do sistema. Sempre praticou atividade física, mas o sonho de alcançar a tão sonhada imagem ideal fez com que ele apelasse para todo tipo de “ajuda”. “Eu malhava pesado, e tudo que indicavam como bom para ficar forte, bem malhado, eu tomava. Cheguei a tomar todo tipo de suplementação e a experimentar, inclusive, anabolizantes.” Nesse ritmo, chegou uma hora que o corpo reclamou. Há cerca de seis meses, Maurício estava na academia, correndo na esteira, quando sentiu fortes dores no peito e tremedeira. Ao chegar a uma unidade de saúde, precisou ser submetido a uma cirurgia. “Quase não consegui chegar ao hospital. Quando o médico me examinou, ele falou: você está morrendo, tendo um infarto. Ele me levou direto para a mesa de cirurgia. Fizeram cateterismo e angioplastia. O médico disse que, se tivesse demorado mais cinco minutos, ele não poderia ter feito mais nada por mim.”

O laudo mostrou que o advogado teve as veias do coração entupidas por “substâncias químicas” — produtos ingeridos, principalmente, sem orientação especializada. A rotina precisou ser modificada de lá pra cá. Sal e gordura foram cortados da alimentação e as atividades físicas ficaram menos intensas. “Era tudo, simplesmente, em nome da vaidade. Sem me preocupar com as consequências.”

Quase na mesma época em que Maurício infartou, uma jovem saltou do 11º andar do prédio da avó, em Uberaba, a cerca de 500 quilômetros de Brasília. Segundo a família de Carolina, que tinha 23 anos, a sibutramina — remédio ingerido para emagrecer — causou depressão e alucinações na menina. Aqui no DF, uma blogueira conhecida por fazer propaganda de marcas locais reacendeu a discussão quando admitiu o uso de inibidores de apetite — ou anorexígenos — para perder peso. No ano passado, durante cinco meses, ela incorporou o uso de alguns medicamentos, além de outros cuidados, ao processo de emagrecimento.

Em um post feito na página pessoal, a blogueira citou o nome do remédio e atiçou a curiosidade dos admiradores. Com mais 119 mil seguidores, a mensagem foi interpretada por alguns como uma sugestão de uso. No caso dela, tudo foi receitado e acompanhado por uma médica. Mas nem sempre é assim.



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