Mototaxista de Teresina viraliza após campanha para lançamento de HQ

Celso afirma que chega a desenhar três páginas por dia e até tem uma história longa em desenvolvimento mais de 270 páginas já foram produzidas

Mototaxista de Teresina recebe financiamento para suas HQ's | Divulgação
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Quem visita a praça do bairro Esplanada, em Teresina, no Piauí, se depara muitas vezes com um mototaxista sentado com uma pasta apoiada em suas pernas. Enquanto aguarda a chamada dos seus passageiros, o profissional segura, em sua mão, uma caneta para desenho que logo se movimenta no papel da prancheta e, assim, cria universos e histórias em quadrinhos.

Mototaxista de Teresina terá seus quadrinhos financiados por campanha (Foto: Reprodução)Nessa rotina, Luís Celso produz narrativas com centenas de páginas, mas nunca antes publicadas profissionalmente. Agora, porém, o mototaxista terá a oportunidade de ver impressos em revista os seus enredos: está aberta a campanha de financiamento coletivo para a HQ “Cenouras Malditas”. Na campanha, é possível receber diferentes itens de acordo com o valor dado pelo leitor. A partir de R$ 42, por exemplo, o financiador receberá, além de "Cenouras Malditas", a HQ "All Hipster Marvel".

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Com 48 páginas, o trabalho reúne histórias curtas desenvolvidas por Luís Celso. Uma delas é a narrativa “Cenouras Malditas”, que intitula a revista. Nela, o agricultor Seu Onofre, que plantava cenouras em frente à sua casa, tem sua safra roubada por dois bandidos e sua fiel companheira - a cachorrinha Joli - assassinada. Em resposta aos crimes, ele decide fazer um “pacto com o diabo” para se vingar e começa uma onda de matanças. Essa é apenas uma das tramas disponíveis na revista.

Celso chega a desenhar 3 páginas por dia (Foto: Reprodução)A escolha por uma narrativa de terror não é por acaso: esse é um dos temas mais recorrentes em suas histórias, assim como ficção científica. O envolvimento de Luís Celso com quadrinhos vem de longa data, desde quando tinha apenas 12 anos. O contato veio principalmente a partir de um primo, que o introduziu no mundo dos quadrinhos. Assim, foi questão de tempo até Luís enveredar em suas próprias artes.

Hoje, ele afirma que chega a desenhar três páginas por dia e até tem uma história longa em desenvolvimento - mais de 270 páginas já foram produzidas. Como é possível notar, Luís tem em sua bagagem não só histórias de “corridas” com seus passageiros, mas universos de imaginação e artes em papéis.

 Entre o desenho e a corrida

A paixão pela arte de desenhar é tanta que até a razão para ele trabalhar como mototaxista está relacionada a essa atividade. O motivo? Ele mesmo comenta: “Foi a única profissão que eu encontrei que dava para eu ficar desenhando. Já arranjei emprego de tudo quanto era jeito, trabalhei em banco, na prefeitura, mas pedi as contas porque eu não teria tempo para desenhar”.

Assim, enquanto espera a chamada de seus passageiros, ele exerce seu talento e sua criatividade nos quadrinhos e dá, a partir de seus traços, a visão de histórias que imagina. Antes com pincel, agora usa uma “caneta técnica” para seus desenhos - e as pessoas que passam pela praça não escondem a admiração pelo trabalho do artista. “Eu tenho uma cadeira na praça, aí coloco a prancheta e o papel na perna e fico desenhando quando não tem cliente. O pessoal fica olhando e admirando”, garante.

A publicação

Mesmo com tantos trabalhos feitos, Luís Celso não havia tido, até então, a oportunidade de tê-los impressos profissionalmente. A partir do auxílio do gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos, Bernardo Aurélio, será possível realizar essa ação. Os dois já se conheciam há bastante tempo, pois Celso aparecia constantemente em encontros de desenhistas, carregando consigo seus quadrinhos e pedindo opiniões a respeito de seu trabalho. Depois, Bernardo abriu sua livraria e o mototaxista acabou virando cliente.

“Decidi publicar porque os quadrinhos que ele trazia para mim eram realmente muito divertidos e muito bons. Acredito que a publicação é um reconhecimento pelo esforço e pelo trabalho dele”, afirma. Na visão de Bernardo, Luís tem um “traço popular, de grande alcance e simples”, mas com “uma técnica forte de hachura”. Ainda para o gerente da livraria, o artista é “autodidata” e “faz quadrinhos apenas para se divertir, meio como hobby, meio como terapia”.

Com a campanha de financiamento coletivo, Luís receberá 20% de toda a tiragem e de todo o valor arrecadado. As outras porcentagens do projeto serão usadas para produção e impressão da revista, para envio por Correios e para a taxa padrão do site de financiamento. É possível apoiar a campanha até 20 de fevereiro.



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