Movimento Amor à Mãe: apoio e acolhimento em momento difícil

Associação brasileira tem ajudado mães a superarem o luto e seguirem suas vidas após a perda de seus filhos.

Associação tem ajudado muitas mães que perderam filhos | PeopleImages / iStock
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Mamãe, mamãe não chore. A vida é assim mesmo. Eu fui embora. Os versos de "Mamãe Coragem", canção de Caetano Veloso e Torquato Neto, falam que ser mãe é desdobrar fibra por fibra os corações dos filhos. Na falta deles, um vazio invade o coração repleto do mais profundo amor.

O amor de mãe é puro, verdadeiro e incondicional. É tão forte que é incapaz de ser descrito com exatidão. Sob este contexto, uma mãe que perde um filho também sente uma dor impronunciável e incapaz de ser medida. Sob este contexto, a Associação Brasileira ao Movimento Amor a Mãe busca construir o apoio mútuo entre aquelas mulheres que passam pela experiência deste tipo de luto.

Associação tem ajudado mães que perderam seus filhos e buscam apoio - PeopleImages / iStock

Ajudando outras mães

A ideia partiu da psicóloga Celina Tourinho, que perdeu o filho, Vittorio, vítima de um acidente elétrico em uma propriedade rural.

"A associação surgiu quando fui a uma consulta com o Dr. Carlos Portela, clínico geral que também é médico do coração e do esporte. Eu estava sem vida, sem disposição e emocionalmente debilitada. Quando soube do motivo, me pediu que procurasse algo que eu teria como missão para o mundo. Foram palavras de Deus para mim", revela.Celina conta que tomou o projeto como missão de vida. 

Celina Tourinho, mãe de Vittorio, tem a associação como missão - Arquivo pessoal

"Vi que minha missão era cuidar de mães como eu, que não sabiam por onde começar. Um dia vi um jovem muito parecido com meu filho e senti a mensagem, que ele estava sim comigo e que eu deveria iniciar o trabalho, não sabia como começar, mas minha mãe me ajudou, como sempre muito assertiva", acrescenta.

A Associação Brasileira do Movimento Amor à Mãe foi criada, oficialmente, no dia 17 de agosto de 2022. "Começou no segundo dia das mães que eu passei sem meu filho Vittorio. O primeiro foi desesperador, e o segundo tive a coragem de ir convidando mães que como eu poderia estar querendo um lugar para poder desabafar, falar dos nossos filhos, ouvir, ver. Dizer que estamos sofrendo de saudades e sermos compreendidas. É um lugar para acolher a situação. São mães que são muito parecidas e chamamos o grupo de WhatsApp de 'Mães de Anjos'", conta Celina.

Uma dor que não tem nome

Para as mães, é complicado descrever a dor de perder um filho. 

"Essa dor não tem nome, nem nós temos, não existe nome para uma mãe que perde seu filho. Nossa missão enquanto associação é acolher, cuidar e desenvolver mães e mulheres que passam por traumas e o luto de perder um filho. O trabalho será aprofundar, oferecer atendimento psicológico, médico, atividades como defesa pessoal, atividades empreendedoras, até serviços jurídicos se necessário for. Teremos o que for preciso para essa mãe criar novas perspectivas de vida", acrescenta. 

A psicóloga afirma que a perda de um filho representa um trauma profundo e individual. "Cada um no seu tempo e estrutura, com a ABMAM vamos proporcionar um grupo que gere confiança e empatia, e essa dinâmica colabora com  a qualidade de vida da pessoa. Por esse motivo, nossos encontros serão sempre dirigidos por profissionais psicólogos", acrescenta.

Andrea perdeu filho em acidente aéreo no auge da pandemia - Arquivo pessoal

Auge da pandemia

Andrea Karla é mãe de Carlo Victor, um jovem médico que faleceu em um acidente aéreo, no auge da pandemia da Covid-19, no dia 15 de maio de 2020, no momento em que realizava a transferência de um paciente de Sobral para Teresina. Ela afirma que o processo de luto não é linear, existem altos e baixos. 

"Tendo apoio e experiências de outras mães nos fortalece. A rede de apoio da associação serve para nos amparar, nos ouvir, nos ajudar a seguir. O conforto vem em forma de escuta, palestras, apoio psicológico, médico e jurídico", conta.

Maria Raimunda divide experiências para suportar momento difícil - Arquivo pessoal

Sensação que a dor é igual

Maria Raimunda também faz parte da Associação. Ela perdeu a filha, Marina Lima Teixeira, aos 26 anos. "A importância de dividir o que estamos passando com outras mães dá a sensação que nossa dor é igual. Na minha opinião, dividir essa experiência, me dá mais força para continuar seguindo. Temos mães que já passaram pelo processo do luto e vejo nelas uma esperança de dias melhores. A dor nunca vai passar, mas deve amenizar com o tempo", considera. Para Maria Raimunda, a associação veio para consolar. 

"Sinto na Celina uma força que me estimula a levantar. Penso todos os dias: se ela é Fortaleza hoje, posso ser também amanhã! A Associação veio para somar. Estou tentando viver meu luto, de forma que eu possa ajudar meu próximo. Servir, mesmo que eu esteja em pedaços! A Associação nos ensina isso", finaliza.



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